Há muitas coisas que a gente não entende num primeiro momento e precisa de tempo, de reflexão, de pesquisa, para poder ter uma luz sobre o que se trata. Durante muito tempo estive intrigado com uma pergunta de Jesus feita a um homem.
- Que queres que eu te faça? (Lucas 18:41)
Me perguntava muitas vezes, por que razão Jesus precisou perguntar ao um homem cego, o que ele queria que Jesus fizesse a ele? Não parecia óbvio que um homem cego desejasse enxergar? Confesso que na minha ignorância, muitas vezes, até achei a pergunta sem sentido, porém o que mais me intrigava, era saber exatamente isto: Jesus jamais falaria ou perguntaria algo sem sentido para quem quer que fosse.
Então qual o valor daquela intrigante pergunta? Bem vamos analisar algo.
O homem se chamava Bartimeu e era cego, essa era a única informação que temos sobre ele, além de saber também que seu pai tinha um nome quase parecido. Chamava-se Timeu.
Outra coisa que sabemos, é, que era freqüentador assíduo de uma praça na cidade de Jericó.
Ele sabia do movimento das pessoas ali no dia-a-dia, mas num determinado dia percebeu um movimento bem maior do que o rotineiro a que estava acostumado, sentindo o tumulto das pessoas, e provavelmente ouvindo conversas mais acirradas e até gritos, perguntou a alguém :
- O que está acontecendo nesta praça hoje? Ouço um barulho e correria de pessoas.
Alguém lhe respondeu:
- Jesus está passando por aqui.
Quando o cego ouviu isto teve uma mudança de comportamento e começou a gritar na praça de forma desesperada.
- Jesus tenha misericórdia de mim, repetia insistentemente.
Ele parecia uma pessoa sem a menor importância para os demais que estavam ali, tanto que alguém o repreendeu dizendo: - fica quieto, não incomode o mestre, deixa Ele em paz!
Mas o cego era alguém que tinha sonhos, tinhas projetos, era um homem que já ouvira falar de Jesus e de seus feitos, e sabia que em Jesus estava sua grande oportunidade da vida,então, gritou ainda mais insistentemente: Filho de Davi, tem misericórdia de mim!
Estava alheio aos apelos dos seus co-cidadãos para que se calasse, ninguém podia tirar dele aquela chance.
De repente, Jesus parou no meio do caminho, como que aturdido pelos gritos daquele homem, e disse aos que estavam ali:
- Tragam-me este homem!
Alguém vai até o cego e dize-lhe: - tem bom ânimo, o mestre te chama.
Não precisava esta preocupação com o ânimo do cego, pois isto ele tinha de sobra.
Ele largou uma capa que estava sobre seus ombros e correu na direção de Jesus.
Que capa era aquela que ele atirou para longe? Era uma espécie de credencial oferecida pelos serviços sociais da época. Quase uma identidade de mendigo. Quando alguém era visto com uma capa daquela, sabia-se que era mendigo e logo estendiam a mão e lhe davam esmolas.
Aquela capa trazia benefícios àquele cego, pois com ela, ele podia esmolar legalmente em Jericó, mas, na cabeça dele, aquela capa era um símbolo de maldição. Ele odiava a miséria em que vivia, quando largou a capa, já havia determinado no seu coração que naquele dia mudaria de vida, que jamais voltaria a usá-la, sabia que se Jesus era de fato quem ele pensava , faria com certeza algo pela sua vida. Pensamento correto. Não adianta saber apenas que Jesus fez algo aqui ou ali, nesta ou naquela pessoa; sou eu que preciso dele, é em mim que ele tem que fazer.
Este cego era incrível, conhecia os caminhos da vida, da vitória...
Quando chegou diante de Jesus, veio a pergunta bombástica: - Que queres que te faça?
Veja que Jesus pergunta ao cego o que ele quer, e não o que ele precisa.
Amigo leitor, isso é tremendo, só Deus para poder diferenciar estas coisas.
Qual a diferença entre querer e precisar?
É simples: as coisas que precisamos estão nas mãos de alguém, ou dos pais, dos amigos, do advogado, do médico, às vezes estão no banco financeiro, às vezes na mão de um político, etc. tudo que precisamos, alguém pode nos dar.
Mas, as coisas que queremos, ah! Isso só depende de nós. Nossos sonhos e os nossos projetos são impossíveis para os outros, são absolutamente nossos.
Eu descobri outra coisa: Deus não nos abençoa pelo que precisamos, mas sim pelo que queremos.
Veja: quando a pessoa PRECISA de algo, ela simplesmente pede, ou pelo telefone, ou pessoalmente, quando não consegue, ainda tenta outras fontes, mas se não tiver sucesso, desiste e chama aquilo de impossível.
Quando a gente QUER algo de verdade, a gente não espera pelos outros, a gente faz brotar de dentro de nós, batalha, rala, briga, mas uma hora desfruta do que sonhou.
Se Deus abençoasse as pessoas pelas necessidades, não haveria gente necessitada, não haveria pobres, nem doentes nem aflitos, não é verdade?
Jesus estava mostrando isto às pessoas que estavam ali. Eles enxergavam, não eram mendigos, mas quase ninguém estava desfrutando da presença de Jesus de verdade, no entanto, o cego estava se degustando daquele maravilhoso encontro.
- Senhor! EU QUERO VER, respondeu o cego
- VÊ, disse Jesus, a tua fé te salvou. Onde estava a fé daquele homem? Dentro dele.
Para que serve a fé? A fé só serve para quem quer as coisas e não para quem apenas precisa das coisas.
As coisas que a gente precisa qualquer pessoa pode nos dar, as coisas que queremos, ninguém pode nos dar, pois elas estão dentro de nós, é só liberá-las.
Façamos como aquele cego, vamos querer, vamos buscar se você estiver afim, Deus estará também.
Rafi Dias é pastor e escritor.
Contato: [email protected]
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