Cirurgia plástica deve ser aliada inseparável das candidatas a miss?

Cirurgia plástica deve ser aliada inseparável das candidatas a miss?

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:30

  Dietas, massagens, exercícios diários, tratamentos estéticos e maratonas de aulas de etiqueta, oratória, dança e passarela são atividades que fazem parte da rotina das candidatas a miss. Além disso, a maioria delas ainda recorre às intervenções cirúrgicas para ressaltar a beleza e aumentar as chances na competição. A Miss   Brasil   2011, por exemplo, confessou que fez uma “minilipo”, uma rinoplastia e colocou silicone nos seios. A Miss Tocantins, Jaqueline Verrel, foi a que mais fez plásticas entre as 27 candidatas: são 285 ml de silicone, lipoescultura, bioplastia no maxilar, rinoplastia e o uso de botox para levantar as sobrancelhas. Em um concurso onde a beleza é julgada, a cirurgia plástica pode ser aliada inseparável das candidatas?

Para o cirurgião plástico Rodrigo Mangaravite, autor do livro “O que a cirurgia plástica pode fazer por você”, uma candidata a miss não precisa mudar todo o rosto e corpo. “Geralmente, elas já são muito bonitas e, quando precisam melhorar algo, é apenas um detalhe. Acho a cirurgia plástica importante para valorizar a beleza, mas deve ser usada com critérios. O exagero pode causar danos terríveis e, em muitos casos, irreversíveis”, comentou.  

Nelson Heller – cirurgião plástico conhecido por atender misses de graça – conta que a colocação de silicone nos seios, rinoplastia e a lipoescultura são as cirurgias mais solicitadas pelas candidatas. Mas, segundo o médico, a miss ideal deve ter mais do que beleza. “Ela deve saber representar bem o seu estado, conhecer a cultura e costumes de onde vem, precisa ser simpática, acessível e de fácil trato”, diz Heller. “O cirurgião deve orientar a paciente. Mas, nada melhor do que uma prótese mamária em uma mulher que tem seios pequenos para elevar a auto-estima”, acrescenta o cirurgião, que preparou Natália Anderle (Miss Brasil 2008) e Bruna Jaroceski (Miss RS 2010).

Resultados inesperados

Muitas vezes o pós-cirurgia plástica pode se transformar num verdadeiro pesadelo. O caso de Bruna Felisberto exemplifica essa triste realidade. A gaúcha participou do Miss Brasil 2009 e ficou em 6º lugar. A morena, que tinha uma beleza bem brasileira, alegou que as rinoplastias que fez antes do programa prejudicaram sua auto-estima.

A miss foi aconselhada pelo coordenador do concurso a realizar a modificação e em um intervalo de três meses fez duas cirurgias no nariz. A primeira foi feita para tentar obter o resultado que o coordenador havia sugerido. Não satisfeita, Bruna partiu para a segunda cirurgia que, segundo ela, seria apenas para levantar a pontinha do nariz. Porém, nada saiu como o combinado: Bruna ficou com o nariz imperfeito, a voz anasalada e sofria com falta de ar constantemente. Traumatizada, ela chegou a processar o médico Nelson Heller por danos físicos e morais. Por telefone, o cirurgião não quis comentar o caso. “Prefiro deixar esse assunto no passado. O caso da Bruna é uma coisa do passado (2009), prefiro deixar onde está”, pediu o médico.  

Atualmente, Bruna corrigiu o nariz e parece estar feliz. Apresentadora do programa Studio Pampa, do RS, parece que o arrependimento foi compensado por uma plástica que, diferente da outra, lhe trouxe de volta a confiança.       Mangaravite acredita que pode ter ocorrido foi uma falta de diálogo entre o médico e a paciente. “Na consulta a paciente deve ser clara quanto às suas expectativas, e o cirurgião deve explicar como ficará o resultado da cirurgia. Conheço o trabalho do doutor Nelson Heller. Acredito que ele pudesse resolver o problema dessa paciente”, declarou o médico, que assegura que nenhum cirurgião tem 100% dos pacientes satisfeitos. Ele diz que em alguns casos a cicatrização não ocorre da maneira que se espera e o resultado pode ficar diferente do planejado. “Nesses casos, existe a necessidade de fazer um pequeno retoque, o que provavelmente poderia ser feito pelo próprio cirurgião”, completou.

Brasil é um dos países campeões em plástica

O elevado número de cirurgias plásticas é refletido também na sociedade em geral. O Brasil é um dos países que mais realizam cirurgias plásticas no mundo. A última pesquisa, realizada em 2009 pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), aponta 1252 intervenções desse tipo registradas por dia entre setembro de 2007 a agosto de 2008. Foram 547 mil neste período, somente para procedimentos estéticos.  

Quanto maior a procura, maiores são as chances de algo errado acontecer. É importante que a paciente se informe a respeito do profissional que irá operá-la e cheque se ele é membro da SBPC.  

Outro ponto importante é deixar que o médico delimite o que realmente a paciente precisa. “Já precisei recusar pacientes que queriam fazer lipoaspiração em locais que não havia necessidade, pacientes que queriam modificações no nariz que tinha certeza que não ficaria bem para o rosto. Acho que quem deve indicar a cirurgia é o cirurgião, ele não deve deixar que a paciente informe o que deve ser feito. Ele deve sim ouvir as queixas do paciente. Mas, quem sabe o que pode ser feito e quais os limites de determinadas cirurgias é o cirurgião plástico”, ressaltou Mangaravite.

Miss Plástica

Se a cirurgia plástica é motivo de discussão nos concursos tradicionais, o Miss Plástica – concurso realizado na China e também na   Hungria   – a beleza “artificial” é quesito obrigatório. Apenas mulheres que fizeram alguma correção no corpo podem se inscrever. As candidatas ainda precisam apresentar documentos que comprovem os procedimentos. Vale tudo: cirurgias plásticas nos seios, nariz, barriga, bumbum...  

Nesse concurso, os médicos responsáveis pelas cirurgias também são julgados.  

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