Doenças psicosomáticas também afetam os cabelos

Doenças psicosomáticas também afetam os cabelos

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:33

As chamadas doenças psicossomáticas - distúrbios com origem emocional pelos quais a pessoa pode desenvolver problemas físicos - podem afetar cabelos, pele e unhas. Segundo a terapeuta capilar Patricia Maciel - pioneira entre os ocidentais com formação específica em terapia capilar em universidade no Japão - o estresse é um dos principais males que se encontram nessa condição. Mas existem outros.

"Sem dúvida, o estresse é o distúrbio mais comum de fundo emocional. Ele pode ocasionar queda capilar, aumento da secreção sebácea e dermatites. Porém problemas emocionais como depressão e baixa autoestima podem se refletir da mesma maneira nos cabelos, na pele e nas unhas, que se constituem em nosso revestimento. Traumas vividos são outra fonte do problema: há casos em que uma perda leva à queda total dos cabelos, ao encanecimento (branqueamento dos fios) ou a uma queda acentuada", explica Patricia.

A terapeuta lembra que há semelhanças entre as disfunções, independentemente da doença. Ela menciona um distúrbio cada vez mais comum e que surge de forma brusca: a tricotilomania (ato de arrancar os cabelos): "Ela pode desaparecer com a mesma rapidez com que aparece. Porém, sempre tem origem emocional, seja uma perda importante ou uma grande mudança na vida da pessoa".

Patricia cita e explica outras doenças de fundo emocional:

Alopecia areata (vulgo pelada) - perda de pelos em todo o corpo, causada por estresse e baixa imunidade. Pode ter também correlação hereditária ou decorrer de traumas emocionais.

Alopecia androgenética - perda de cabelos e pelos causada basicamente por hereditariedade e agravada por estresse; descontrole hormonal (alta produção de DHT - diidrotestosterona); descontrole sebáceo tópico; e hábitos como exposição solar sem proteção, alimentação inadequada e até falta de atividade física.

Psoríase - lesões na pele, unhas e couro cabeludo, que surgem principalmente em mulheres com histórico familiar e é causada predominantemente por estresse, baixa imunidade, deficiência vitamínica e sensibilidade dérmica.

Eflúvio telógeno - queda capilar grave, causada por estresse, insônia, depressão pós-parto e pós-cirurgia e uso de medicamentos agressivos sem controle médico. Também são fatores importantes: alterações hormonais, problemas endócrinos e disfunções na tiroide, causadas por regimes alimentares sem acompanhamento médico; alimentação inadequada; ovário policístico e endometriose. De acordo com a terapeuta Patricia Maciel, o inverno é um período de mudanças de comportamento, desencadeando importantes alterações na pele e nos cabelos: "Recolhimento em ambientes fechados e aquecidos, uso de casacos e gorros, banhos muito quentes e a redução dos movimentos provocam menor oxigenação e diminuem a liberação de endorfina (hormônio responsável pelo rejuvenescimento). Tudo isso, somado à alimentação mais calórica e gordurosa, é fator desencadeante de dermatite seborreica".

Segundo Patrícia, a água quente - que dá uma sensação aconchegante - potencializa o cloro, que prejudica os cabelos. Além disso, provoca o 'efeito rebote', pois o óleo, ao ser tirado bruscamente, se reproduz ainda mais, pois as glândulas sebáceas aceleram sua produção. "Já os alimentos mais calóricos aumentam a produção sebácea, formando mais óleo no couro cabeludo, inibindo a oxigenação e obstruindo o poro piloso", aponta.

A terapeuta capilar conta que, por estatísticas baseadas em dez anos de atendimento no Brasil, atualmente seu público mudou muito: "Antes meus clientes eram principalmente homens a partir da faixa dos 50 anos, constituindo 85%. Hoje, a faixa etária caiu para apenas 14 a 40 anos e tenho clientela bem dividida (50% de cada) entre homens e mulheres, o que pode ser surpreendente e comprovar que as causas dos problemas capilares são fundamentalmente emocionais e comportamentais".

Tratar problemas capilares que tenham fundo psicológico requer a ação simultânea de vários profissionais. "Paralelamente ao tratamento tópico, devem entrar em campo um psicólogo, terapeuta capilar e até um neurologista e/ou psiquiatra, pois podem ser necessários medicamentos antidepressivos, entre outros. É necessário tratar a causa e o efeito do problema", esclarece Patricia.

Na opinião dela, a melhor atitude é a prevenção, também de maneira multidisciplinar: apoio psicológico; atividade física com orientação adequada; reeducação alimentar com acompanhamento de nutricionista; e cuidados de assepsia corretos com a pele e os cabelos.

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