Fragrância feminina Daisy, de Marc Jacobs, é impossível de ser definida

Fragrância feminina Daisy, de Marc Jacobs, é impossível de ser definida

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:39

Qual pode ser o objetivo de   Daisy ? Raramente sinto o cheiro de um perfume com uma personalidade tão difícil de definir. Quimérico.

Comecemos com a questão mais básica: é bom ou ruim? Difícil dizer. O que você considera bom? Um perfume de natureza clara? Então não.

Daisy , um lançamento de 2007 que o perfumista Alberto Morillas fez sob a direção criativa de Marc Jacobs e do vice-presidente de marketing da Coty, Michael D'Arminio, é quase fascinante em sua veemente resistência em ser fascinante.

Um perfume criado para desempenhar um papel específico? Então, enfaticamente sim. Floral sem flores, doce sem açúcar, de certo modo um rostinho bonito sem permitir que qualquer traço daquele rosto jamais entre em foco (o único aspecto inconfundível aqui é seu apelo demográfico: o perfume se destina aos jovens).

Parece haver uma engenharia peculiar que permite que ele se mescle a qualquer pano de fundo, que ele fale com a voz feminina que vem de caixas de som invisíveis localizadas em algum lugar sobre sua cabeça, que ele passe por baixo de qualquer porta feito fumaça e ocupe, confortável ou espectralmente, qualquer espaço.

Depois de alguns dias usando   Daisy , lembrei onde eu tive sensação parecida. No lúgubre filme de ficção científica "Sunshine - Alerta Solar", o diretor Danny Boyle enfrentou o problema de encontrar uma atriz para a voz de uma nave espacial que viajava no futuro, em direção a um sol agonizante.

Ele acabou por escolher a atriz afro-britânica formada no Royal Academy of Dramatic Art, Chipo Chung, e o filme é carregado de brilhantismo e tranqüilidade nesta voz que emana das paredes da nave, com um sotaque tão elegante quanto insensível (o sotaque natural da atriz parece ser, levemente, do Zimbábue).

A nave fala com uma entonação agradável, feminina, misteriosa, porém clara, palpável, mas diáfana, sempre presente só que nunca vista. Serve como um contraponto cristalino, calmo e levemente sinistro aos acontecimentos do filme, e eu suspeito que   Daisy   terá esse papel para aqueles que o usarem.

As pessoas que o sentirem na pele vão hesitar e parar, tentando classificar sua fragrância, mas será impossível definir.

Daisy

Marc Jacobs

www.marcjacobs.com  

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