La Nuit de L'Homme , a mais nova fragrância masculina criada pelos perfumistas Anne Flipo, Dominique Ropion e Pierre Wargyne para a Yves Saint Laurent, mostra os dois papéis que pode assumir um "flanker" (produto que dá continuidade a uma série)
As maisons criam "marcas" (termo pelo qual os perfumes são conhecidos individualmente nesse meio) e gastam milhões de dólares para ancorá-las em águas comerciais extremamente populosas. Em 2006, a maison Yves Saint Laurent introduziu com agressividade no mercado o L'Homme , a partir de uma poderosa plataforma de marketing, enérgica e onipresente. Em outdoors e revistas, um homem, que precisava de um bom corte de cabelo, nos olhava fixamente. No YouTube, em filmes publicitários nos quais uma câmera girava ao redor dele, textos trágicos surgiam: "Qual o nome deste homem?... Qual o telefone dele?" As respostas variavam entre a decepção ("É o ator francês Olivier Martinez, mas eu não tenho o telefone dele") e a admiração ("Este é um HOMEM").
Em termos olfativos, L'Homme foi uma atualização bem feita para o século 21 da fragrância masculina tradicional: menos aromas herbais, mais luz sobre a água cítrica, com uma estrutura de madeira escura e uma masculinidade polida até gerar o brilho sem graça de um clube de golfe. A YSL criou um poderoso sucesso comercial - a empresa de pesquisas de mercado NPD relata que nas vendas do segundo trimestre de 2009, L'Homme ficou em 11º lugar - mas esse sucesso foi um pouco genérico e perigosamente substituível.
Entra em cena o flanker de L'Homme , e é agora que as coisas começam a ficar interessantes.
Traduzindo: continuações de produtos, conhecidas como "flankers", são comuns na indústria cinematográfica. Por exemplo: "Homem Aranha" é um grande sucesso, e "Homem Aranha 2" é seu flanker. Sim, La Nuit de L'Homme continua a marca, como sempre acontece com um flanker, justificando os milhões investidos pelo marketing. Mesmo a tampa hexagonal de seu frasco foi repetida. E do mesmo modo que Christian Bale herdou as chaves de Gotham City que já haviam sido de George Clooney, o ator Vincent Cassel assumiu o lugar de Martinez (e desta vez a YSL abasteceu, generosamente, o YouTube com a imagem de ambos, além de making of). Esta função de marketing é o primeiro papel do flanker.
Mas o segundo papel do flanker é - no final, infinitamente mais importante - o papel olfativo. Ele pode seguir dois caminhos: pode imitar as mesmas características do original ou reinterpretar essas características. Felizmente, La Nuit de L'Homme é uma reinterpretação muito bem-sucedida. YSL colocou no mercado um produto muito bom.
Flipo, Ropion e Wargyne construíram um perfume masculino gourmand definitivo, apesar de apropriadamente suavizado - notas de fumaça por conta do chá preto do Himalaia, o odorífico cardamomo indiano, a condimentada canela - para envolver o centro conservador da fragrância. Isso não só salva o Nuit de ser apenas mais uma fragrância no meio da multidão, como também a deixa mais atraente, visceralmente falando, porque é literalmente mais gostosa.
Mas não muito mais. O caráter gourmand é sutil o bastante para que pouco mais de uma hora depois do Nuit ser borrifado, as características do flanker se dissipem. O que permanece na pele é o L'Homme original, e isso acaba sendo uma pena. Se a YSL tivesse deixado os perfumistas levar o Nuit mais além, rompendo barreiras, ele poderia ter ganho 4 frascos com louvor.
La Nuit de L'Homme
Yves Saint Laurent
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