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A nova E. Coli foi uma surpresa para os estudiosos

A nova E. Coli foi uma surpresa para os estudiosos

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:37

A bactéria Escherichia Coli também está presente no Brasil. Só que o tipo que aterroriza a Europa é diferente da que temos por aqui.

O primeiro surto causado por essa bactéria foi registrado em 1982, nos Estados Unidos. “Nesse episódio, foi descoberto que a E. Coli produz a toxina de shiga, causadora da síndrome urêmica hemolítica (quando alterações no sangue fazem os rins pararem de funcionar), principalmente em crianças.

"Durante muito tempo, essa bactéria esteve presente nas carnes. Mas, depois, passou a ser encontrada também em vegetais”, afirma a microbiologista Mariza Landgraf.

Para tirar dúvidas sobre o assunto, o iG Saúde conversou com a professora do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP e presidente da Associação Brasileira para a Proteção dos Alimentos (Abrappa).

Desde 2008, Mariza é coordenadora de uma pesquisa específica sobre a E. Coli presente em cortes de carne bovina e de frango. Confira a entrevista:

iG: A Escherichia coli é um tipo de bactéria presente nos intestinos de humanos e de outros animais. Em que casos ela é prejudicial ao ser humano?

Mariza Landgraf: A maioria das bactérias convive conosco pacificamente, só que algumas delas contêm um gene que as torna patogênicas. Essas bactérias produzem a toxina de shiga, que causa a síndrome urêmica hemolítica. Durante muito tempo, os casos eram provenientes da carne. Em 2007, a E. Coli passou a ser encontrada também em vegetais. Nessa época, houve um grande surto nos Estados Unidos e o alimento envolvido na contaminação foi o espinafre.

iG: Qual a diferença entre a bactéria conhecida anteriormente e a que tem causado os surtos na Europa?

Mariza Landgraf: A bactéria encontrada na Europa também produz a toxina de shiga, só que ela tem outro tipo de gene, não conhecido até então, e que também causa doenças. Ao contrário das outras, que atacam mais crianças, essa ataca também adultos. E tem causado um grande número de óbitos.

i G: É uma evolução da outra bactéria? Já era esperado?

Mariza Landgraf: Não é uma evolução, a palavra correta é "diferente". Como se fosse a união do primeiro tipo com o segundo. E foi uma surpresa entre todo mundo que trabalha na área por conta dessas novas características.

iG: No Brasil, temos casos de E. Coli?

Mariza Landgraf: Aqui, a bactéria foi encontrada em fezes de animais e em carcaça bovina. O brasileiro, em geral, prefere comer carne bem passada e o cozimento é a melhor prevenção nesse caso. Os surtos que aconteceram em outros países foram registrados em carne moída e hambúrguer, não temos conhecimento de nenhum surto em pedaços de carne. Fizemos um estudo analisando filés e não detectamos E.Coli em nenhuma amostra.

iG: Além do pepino e dos brotos de feijão, suspeitos de serem os focos da contaminação , que outros alimentos podem conter a bactéria?

Mariza Landgraf: Qualquer alimento que seja ingerido cru e tenha tido contato com fezes de animais contaminados.

iG: Os alimentos orgânicos também têm sido apontados como potenciais fontes de contaminação. Por não utilizarem agrotóxicos, eles realmente estão mais suscetíveis às bactérias?

Mariza Landgraf: Estão, por causa do tipo de adubo, orgânico, feito basicamente de fezes tratadas de animais. Esse procedimento precisa ser muito bem feito, se tiver qualquer resquício de contaminação, vai passar para o alimento.

iG: Falta de higiene pode causar contaminação de alimentos?

Mariza Landgraf: Pode sim. É preciso fazer tudo dentro das normas de higiene e em toda a cadeia de produção, desde a fazenda até o prato.

iG: O que deve ser feito para garantir a higiene dos alimentos?

Mariza Landgraf: O cozimento é a melhor higienização. Mas ninguém vai comer só alimento cozido. É preciso tomar cuidado com o que está sendo ingerido, tudo deve ser bem limpo. Os vegetais, por exemplo, devem ser bem lavados, deixados sob um jato d´água da torneiro. Utilizar hipoclorito também ajuda.    

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