Seguir uma alimentação equilibrada e rica em cálcio é essencial para prevenir a osteoporose. Porém, uma pesquisa orientada pela nutricionista Lígia L. Martini, membro da comissão científica da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO), apontou que o cuidado com a dieta pode ajudar a controlar o avanço da doença no organismo. “Ao realizar esse trabalho, constatamos que as mulheres que consomem carne, frituras, doces, chá ou café em grande quantidade tendem a apresentar densidade óssea mais baixa. Já as que costumam comer frutas, verduras, legumes e laticínios, mais do que todos estes outros alimentos, têm ossos mais próximos de sua condição original, apesar da osteoporose”, diz Lígia que também é docente do Departamento de Nutrição da Universidade de São Paulo.
Metodologia – Para chegar a essa conclusão, o estudo, realizado pela nutricionista Natasha G. França na Faculdade de Saúde Pública da USP, monitorou os hábitos alimentares de 156 mulheres com osteoporose na pós-menopausa – período de maior ocorrência da doença – durante três meses. Primeiramente, a pesquisa recolheu, além de exames de densitometria óssea, dados como peso e altura das participantes. “Todas elas residiam na cidade de São Paulo e foram atendidas, entre 2009 e 2012, no Ambulatório de Doenças Ósteo-Metabólicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)”, acrescenta Lígia que, na orientação deste trabalho, contou com a colaboração das endocrinologistas Dra Marília B. R. Camargo e da Profa Dra Marise Lazaretti-Castro, docente da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) e coordenadora deste mesmo ambulatório médico.
Monitoramento – Em seguida, a pesquisa passou a registrar tudo o que as participantes ingeriam durante três dias por semana (dois dias úteis e um no fim de semana) pelo período em que foi realizado. O próximo passo foi inserir todos os dados recolhidos em um software especialmente desenvolvido para trabalhos na área de nutrição. “O programa que utilizamos dividiu todos os alimentos catalogados em grupos que, posteriormente, foram inter-relacionados por meio de análises estatísticas realizadas em parceria com o Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP”, explica a nutricionista da ABRASSO. “Como resultado, descobrimos quais eram os principais tipos de dieta adotados pelas participantes da pesquisa”, revela.
Padrões de Dieta – A partir dos dados fornecidos pelo do IME, cinco padrões de alimentação foram encontrados: o padrão “saudável”, composto por verduras, legumes, frutas e tubérculos; o padrão de “carne vermelha e cereais refinados”; o padrão de “leite e derivados magros”, como queijos magros, leite e iogurtes desnatados; o padrão de “doces, café e chás”, que também inclui açúcar refinado e mel; e o padrão “ocidental”, caracterizado pelo consumo frequente de refrigerantes e fastfood. “Cada padrão foi caracterizado conforme a quantidade de alimentos benéficos ou prejudiciais aos ossos que apresentava. Isso porque, no dia-a-dia, não consumimos os nutrientes que precisamos isoladamente. Para obtê-los, precisamos ingerir alimentos, cuja composição nem sempre é saudável em sua totalidade”, explica Dra Lígia. “Portanto, identificar todos estes diferentes tipos de dieta foi fundamental para descobrirmos exatamente quais substâncias – boas ou ruins – estavam sendo ingeridas pelas mulheres recrutadas pelo estudo e em que quantidade”, afirma.
Constatações – Essas últimas informações foram então submetidas a uma análise de regressão linear com o objetivo de avaliar como cada padrão de dieta encontrado podia, de fato, influenciar na densidade óssea das candidatas. O resultado foi que dietas compostas por maiores quantidades de laticínios, frutas e vegetais exercem uma função protetora em relação aos ossos. Por outro lado, uma alimentação composta por grandes quantidades de chá, café, refrigerantes, carne, frituras e alimentos industrializados provocam reações que contribuem com a desmineralização óssea. “Essas informações nos ofereceram parâmetros para a elaboração de dietas que podem ajudar a combater o avanço da osteoporose no organismo e, consequentemente, prevenir efeitos mais graves da doença, como fraturas por baixo impacto, por exemplo”, revela a Lígia. “Ou seja, com esse estudo, descobrimos que é possível utilizar a alimentação não só como uma medida preventiva, mas também como um importante aliado no tratamento da osteoporose que, atualmente, é feito apenas por meio de medicamentos”, conclui a nutricionista da Abrasso.
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