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Assalto é a violência que mais leva vítimas ao tratamento médico

Assalto é a violência que mais leva vítimas ao tratamento médico

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:39

Levantamento mostra que assassinato de familiares e agressão física aparecem em seguida no ranking Um levantamento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), feito a pedido do iG Saúde , mostra que o assalto é o trauma mais recorrente entre as pessoas que procuram tratamento para as sequelas físicas e mentais da violência.

Este tipo de crime foi responsável por 30% dos 110 novos pacientes recebidos no Programa de Atendimento às Vítimas de Violência (Prove) da Unifesp em 2010. Em seguida, com 12% dos registros, estão os assassinatos de familiares. Agressão física (10%) e abuso sexual (9%) também figuraram no ranking dos principais desencadeadores de doenças pós-violência. As mulheres representam 70% dos atendimentos.

Segundo o psiquiatra do Prove, Jair B. Neto, nem todas as pessoas que enfrentam um trauma adoecem, mas a violência pode ser gatilho de problemas psíquicos, como depressão , ansiedade e síndrome do pânico . As manifestações também podem ser físicas, como hipertensão , dores recorrentes e até mesmo compulsões, como o uso abusivo de drogas .

“Sempre que um novo paciente chega à unidade, é feito um acolhimento inicial para que o melhor tratamento seja direcionado. Por vezes, apenas a piscoterapia ajuda, mas em alguns casos é necessário tomar medicamentos.”

Leia também: Como tratar os sobreviventes da violência?

O ranking

Ainda que o ranking de traumas acolhidos pela Unifesp indique que o assalto é o mais numeroso, isso não significa que é o tipo mais traumático de violência.

Uma das explicações dos especialistas no tema é: ele é mais recorrente e, por isso, afeta mais a população. As estatísticas da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, por exemplo, mostram que no primeiro semestre de 2011, 56.194 boletins de ocorrência do tipo foram registrados. No mesmo período, 18 extorsões por sequestro foram notificadas e 998 homicídios.

Outro aspecto que pode interferir nos dados sobre as violências mais traumáticas é que uma parte importante das vítimas fica invisível para as estatísticas de saúde, até por desconhecer que existe tratamento, avalia o psicólogo neurocomportamental especializado em violência, Julio Peres. Em contrapartida, afirma o especialista, os traumas têm se intensificado e as pessoas estão mais suscetíveis aos sintomas.

“As estatísticas indicam um crescente número de fatores violentos causados pelo homem, que, somados aos altos níveis de estresse e solidão nas metrópoles, tendem a gerar respostas de sofrimento mais exacerbadas e a evoluir ao trauma psicológico”, explica.

Ampliar a rede que trata as vítimas de violência é uma das metas do Conselho dos Secretários de Saúde (Conass) e, além disso, a entidade também acredita que é preciso adotar políticas que evitem e previnam a formação de pessoas violentas.

Prevenção

Para Nereu Mansano e Alessandra Schneider, assessores técnicos do Conass, já a gravidez deve ser o ponto de partida na rede de saúde para evitar que a violência se manifeste no futuro da criança.

“Estudos realizados no Canadá demonstram que, ao contrário do senso comum de que o comportamento violento tem seu ponto máximo e se inicia na adolescência, a agressão física, na verdade, já está presente em crianças menores 6 anos”, disseram os técnicos. “Assim, pesquisas atuais demonstram a importância do acompanhamento desde a gestação, sobretudo para mães jovens e em vulnerabilidade social.”

O neurologista Saul Cypel, consultor da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (que acolher crianças vítimas de violência) acredita que no pré-natal é possível trabalhar com os futuros pais que a agressão não é ferramenta educativa e que isso pode trazer aos filhos sequelas definitivas.    

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