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Saúde

Autismo: Fiocruz desenvolve diagnóstico da doença

Autismo: Fiocruz desenvolve diagnóstico da doença

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:30

Manifestado antes dos três anos de idade, autismo é um transtorno que compromete o desenvolvimento psiconeurológico, afetando a comunicação (fala e entendimento) e o convívio social, provocando, em muitos casos, retardo mental. Recentemente, o Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), desenvolveu uma metodologia para a elaboração de diagnóstico da síndrome de autismo por meio de exames laboratoriais com aparelhos de eletroencefalograma computadorizado.

O exame amplia e mede as correntes eletromagnéticas no cérebro em diversas frequências (de 3 a 27 hertz) e permite verificar as ligações entre os grupos de neurônios. As vantagens do exame são custo acessível e disponibilidade da tecnologia em vários hospitais e postos de saúde no Brasil.

De acordo com o coordenador da pesquisa, o neurologista infantil Adaílton Tadeu Alves de Ponte, a análise de dados já permitiu verificar que as respostas no hemisfério cerebral direito têm uma amplitude menor que no esquerdo, ou seja, "há uma deficiência de ativação do hemisfério direito em relação ao hemisfério esquerdo, quando se compara com as crianças que não apresentam o mesmo problema".

Segundo o médico, o hemisfério direito está associado às funções socioafetivas, emocionais, de empatia e de percepção do contexto e compreensão social, enquanto o hemisfério esquerdo é mais envolvido com o cálculo e o raciocínio.

A doença

Estimativas internacionais mostram que a ocorrência da síndrome pode ser de uma em cada 500 crianças a até uma em cada mil crianças. A doença tem uma incidência maior sobre meninos - 70% dos casos.

Dr. Adaílton Tadeu explica que a ciência ainda não sabe o porquê da ocorrência do autismo. O grupo de pesquisa trabalha com a hipótese de que é um fenômeno de causa genética, associada a mecanismos alérgicos não identificados e desenvolvidos ainda no útero, durante a gestação. Esses processos desencadeiam inflamação que altera o desenvolvimento do cérebro e as ligações no hemisfério direito.

Segundo o Ministério da Saúde, há grande variabilidade de sintomas autistas (espectro), sendo possível identificar desde pessoas muito comprometidas até aquelas com alto grau de desempenho e com habilidades especiais (os chamados asperger, em homenagem a um dos descobridores da síndrome). Há graus de autismo que não afetam a inteligência, podendo o portador da síndrome ser até especialista e graduado.

O autismo pode estar vinculado a outros problemas mentais que agravam a síndrome, mas isso não é regra. O psiquiatra infantil Walter Camargos Júnior ressalta que o autismo "não é uma ausência", como costuma ser taxado no senso comum, mas "comprometimentos" na capacidade da criança de se relacionar com outras pessoas.

Segundo ele, o autista olha pouco para as pessoas, não reconhece nome e tem dificuldade de interação pessoal. Atrasos na linguagem verbal e não-verbal (corporal e gestual), comportamentos restritos, repetitivos e sem sentidos também são características da síndrome.

Postado por: Felipe Pinheiro

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