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Saúde

Cerca de 26% dos paulistanos desenvolveram estresse pós-traumático alguma vez na vida

Cerca de 26% dos paulistanos desenvolveram estresse pós-traumático alguma vez na vida

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:32

O índice de 26% de estresse pós-traumático dos paulistanos, ajustado aos critérios usados em estudos internacionais, chega próximo ao de regiões que viveram conflito armado como Etiópia (África) e Faixa de Gaza (Oriente Médio). O estudo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) também revelou que aproximadamente 86% dos paulistanos já sofreram algum tipo de trauma e que, ao contrário do que se acreditava, não são os traumas mais graves como seqüestros e assaltos que favorecem mais o desenvolvimento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), mas a violência doméstica e o abuso sexual.

Durante o I Simpósio Internacional de Violência e Saúde Mental, realizado em junho, na Unifesp, pesquisadores apontaram dados preocupantes sobre a saúde mental do paulistano.

Um levantamento feito na cidade de São Paulo, no qual foram entrevistados cerca de 2,5 mil moradores, mostra que 63% deles já sofreram durante a vida algum tipo de violência urbana direta ? caracterizada por assaltos, balas perdidas, seqüestros, agressões físicas, tortura, entre outros ? e, 56%, da considerada violência indireta (presenciar alguém sofrer agressão, ver cadáveres e testemunhar atrocidades).

Os dados colhidos no estudo apontam que 26% dos moradores da maior metrópole do país já sofreram de TEPT em algum momento de suas vidas e que 9,7% tiveram o transtorno no último ano. Em números absolutos, considerando que 10,8 milhões de pessoas moram na cidade, são nada menos que 2,8 milhões e 1,1 milhão de vítimas, respectivamente.

De acordo com o psiquiatra Sergio B. Andreoli, professor do Departamento de Psiquiatria da Unifesp, responsável pelos dados epidemiológicos do estudo na cidade de São Paulo e de outro que está sendo conduzido também no Rio de Janeiro, não são os traumas considerados os mais graves que favorecem o desenvolvimento do TEPT, mas a violência vivida dentro de casa, como as agressões sofridas ou presenciadas entre cônjuges ou familiares, e a violência sexual. "A possível explicação para este fato é que a vivência subjetiva do trauma é mais importante do que a gravidade do trauma para o desenvolvimento da doença", afirma. "Mas isso ainda está sendo objeto de estudos de pesquisadores da Unifesp".

Apesar de os homens serem as maiores vítimas da violência urbana, no último ano foram as mulheres que adoeceram mais, numa proporção duas vezes maior: 12,8% contra 5,3%.

Marcas no cérebro

Marcelo Feijó de Mello, responsável pelos dados clínicos da pesquisa e coordenador do Programa de Atendimento a Vitimas de Violência e Estresse (Prove) da Unifesp, explica que, mais que um transtorno psicológico, o TEPT traz conseqüências consideráveis à saúde física das pessoas. "Além das queixas de dores incapacitantes, também verificamos que nesses pacientes há alterações hormonais significativas e morte celular no cérebro", afirma o psiquiatra.

Imagens de ressonância magnética mostraram que pacientes com TEPT apresentam danos cerebrais, com redução de 5% a 10% do hipocampo, principal sede da memória e importante componente do sistema límbico, responsável pelas emoções.

Confira os principais dados do estudo na cidade de São Paulo

63% dos moradores da cidade já sofreram algum tipo de violência urbana direta (assalto, seqüestro, agressão física, tortura, terrorismo, ameaça de morte, vítima de bala perdida); 56% sofreram violência indireta (presenciaram agressões, roubos ou atrocidades a terceiros, cadáveres em ruas, entre outros); 3,2% já sofreram violência sexual; 6,8%, violência conjugal e, 22,3%, foram vítimas de acidentes ou desastres; 26% já sofreram de Estresse Pós-Traumático alguma vez na vida e, 9,7%, só no último ano; No último ano, 12,8% das mulheres adoeceram em decorrência da violência urbana, contra 5,3% dos homens; Em pessoas que sofreram TEPT, exames de imagem mostram que há uma redução de 5% a 10% do hipocampo.

Postado por: Claudia Moraes

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