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Saúde

Contracepção continuada reduz risco da endometriose

Contracepção continuada reduz risco da endometriose

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:32

Devido aos freqüentes incômodos causados pela menstruação, muitas mulheres têm optado pela indução da amenorréia, ou seja, a suspensão do sangramento mensal. Assim, passam a fazer uso da contracepção continuada, que consiste em se tomar a pílula anticoncepcional sem intervalos entre uma cartela e outra.

Esses medicamentos evitam a ocorrência da endometriose, doença que pode causar infertilidade e dor pélvica. A endometriose acomete mulheres em idade reprodutiva, ocorrendo muitas vezes antes dos 25 anos. A doença caracteriza-se pelo desenvolvimento de um tecido similar ao que reveste internamente o útero em outros locais do organismo, causando fortes cólicas menstruais, dores pélvicas e aparecimento de cistos no ovário.

Estudos brasileiros sobre tratamento da endometriose e de sangramentos provocados por miomas foram recentemente apresentados no XIII World Congress of Gynecological Endocrinology, em Florença, na Itália (março/2008), pelo ginecologista e especialista em reprodução humana Hugo Maia Filho, médico professor do Departamento de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia -UFBA e Diretor de Pesquisas do Centro de Pesquisa e Assistência em Reprodução Humana - CEPARH, em Salvador (BA). Nas pesquisas, que duraram aproximadamente quatro anos, cerca de 100 pacientes em idade reprodutiva, com quadros de endometriose e miomas, utilizaram de maneira contínua um contraceptivo oral contendo gestodeno75mcg/etinilestradiol 30 mcg com a finalidade de controlar as dores e os sangramentos anormais associados a estas patologias. Nestes estudos procurou-se investigar os mecanismos de ação do contraceptivo oral, provando assim sua eficácia terapêutica.

Segundo Maia, a pílula anticoncepcional contendo o princípio ativo gestodeno agiu bloqueando, no endométrio, a formação da aromatase, enzima que, quando estava ativa no útero, estimulava a formação dos estrogênios - hormônios que podem favorecer o aparecimento da endometriose e do sangramento aumentado dos miomas. Ao inibir a enzima, os contraceptivos orais contendo gestodeno impedem o aparecimento dessas patologias além de controlar sintomas como hemorragias e dores pélvicas. "Ao receber os hormônios presentes na pílula, o organismo feminino pára de fabricar os estrogênios tanto no ovário como no útero e, como a quantidade ingerida é bem inferior à produzida pelo corpo da mulher, cria-se um ambiente de baixo teor hormonal - menos propenso a essas doenças", conclui o ginecologista. Os estudos foram publicados na revista internacional Gynecological Endocrinology.

Benefícios

Embora muitas mulheres associem a menstruação à eliminação de toxinas do organismo feminino e à comprovação da ausência de gravidez, Maia ressalta que o anticoncepcional contínuo melhora sintomas como a tensão pré-menstrual e as cólicas menstruais, prevenindo também a ocorrência de ovários policísticos e a anemia. "Existem evidências de que o regime estendido se torne ainda mais seguro devido à eliminação da pausa, quando durante sete dias as pacientes deixam de usar os hormônios, permitindo o crescimento de folículos no ovário."

Ressalte-se que o gestodeno suspende a menstruação sem provocar alterações metabólicas e ainda traz benefícios que vão além da contracepção, como a prevenção da endometriose. Ao interromper o seu uso, a fertilidade retorna em curto espaço de tempo. Sempre com acompanhamento de um ginecologista, a contracepção contínua pode ser adotada por mulheres de qualquer idade, desde que não tenham fatores que contra-indiquem o seu uso.

Postado por: Claudia Moraes

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