Cuidado ao fazer tatuagem, pode haver vírus da Hepatite na tinta

A maioria se preocupa com os instrumentos esterilizados, o que é extremamente importante, mas o perigo também pode estar na tinta.  

Alguns cuidados simples na colocação de piercings e na produção de tatuagens podem evitar a infecção pelo vírus da hepatite. O alerta vem sendo feito pela Organização Não Governamental (ONG) Saúde em Vida - Associação de Assistência a Portadores de Hepatites e Transplantados Hepáticos do Estado de São Paulo - preocupada com a falta de informação da maioria das pessoas, principalmente dos jovens, quanto aos riscos da doença. Para informar a população, a ONG realiza palestras, testes rápidos e gratuitos para a detecção precoce da doença, além da distribuição de folhetos explicativos sobre a existência dos diversos tipos de vírus das hepatites.

"No diagnóstico da hepatite não é possível como saber qual foi a forma de contaminação do paciente. Por isso não temos como contabilizar quantas pessoas foram infectadas pelo vírus da hepatite C por meio da colocação de piercings ou tatuagens. No entanto, essas são formas de transmissão da doença e com as quais existe pouco cuidado e quase nenhuma preocupação. Daí a necessidade da conscientização", explica Donizetti Campos, diretor da ONG Saúde em Vida.

A orientação, para quem deseja ornamentar o corpo com tatuagens e piercings é a verificação da limpeza e da higiene do ambiente, além da exigência do uso de materiais descartáveis e esterilizados, embora nem mesmo esses cuidados sejam suficientes para evitar a doença. De acordo com Christian Joseph Souza Carvalho, diretor da ONG Saúde em Vida, o vírus da hepatite sobrevive por até 72 horas na tinta utilizada em tatuagens, o que, muitas vezes, torna a esterilização dos instrumentos insuficiente para garantir a segurança do procedimento.

Verificação do estabelecimento

Também é importante observar se o estabelecimento no qual será colocado o piercing ou feita a tatuagem possui autorização de funcionamento expedida pela Secretaria Municipal ou Estadual de Saúde e pela Vigilância Sanitária. Além disso, a empresa deve ter alvará de funcionamento da Prefeitura, manual operacional com as normas de funcionamento do estabelecimento, nome do responsável habilitado para o trabalho, cadastro de clientes, livro de registro de acidentes, pia com água corrente acionados por sistema de pedal, revestimento cerâmico e piso lavável, estufas e/ou autoclave para a esterilização dos equipamentos não descartáveis. É preciso, além disso, exigir que o profissional sempre utilize luvas ou material descartável e de uso único.

"A hepatite é uma doença que muitos desconhecem e a falta de informação faz com que o número de pessoas infectadas aumente. Por isso, a nossa grande preocupação em alertar a população sobre como as formas de prevenção e de contágio", explica Christian.

Três milhões de infectados

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente no Brasil existem cerca de três milhões de pessoas infectadas pelo o vírus da hepatite tipo C. A doença é silenciosa e, na maioria das vezes, não apresenta sintomas. No entanto, pode fazer com que o paciente desenvolva o câncer de fígado.

A hepatite é transmitida por meio de transfusão de sangue, contato do sangue de pessoas infectadas durante as sessões de tatuagens ou na colocação de piercing devido a possibilidade da transmissão do vírus por meio dos pequenos sangramentos provocados pela perfuração da pele.

Sobre a hepatite

A hepatite é uma doença considerada silenciosa e muitos portadores dos vírus que a transmitem só descobrem que estão doentes após 20 anos de infecção, o que dificulta o tratamento e, muitas vezes, pode levar ao óbito. A doença pode ser aguda ou crônica e tem diferentes origens: virais, auto-imunes (quando o sistema imunológico reconhece seus próprios tecidos como estranhos, atacando-os para destruí-los) ou, ainda, ser causada pela reação ao álcool, drogas e medicamentos. A hepatite causa inflamação no fígado.

A hepatite viral é uma patologia considerada relativamente comum e leva à destruição das células hepáticas. Ela é causada por cinco tipos de vírus hepáticos diferentes (hepatite A, B, C, D, E e G), sendo alguns de maneira isolada e, outros, em combinação. Atualmente, existem vacinas apenas para as hepatites A e B e, apesar dos programas de vacinação e da triagem do sangue usado em transfusões, os vírus hepáticos diferentes (hepatite A, B e C) continuam a ameaçar a saúde de milhões de pessoas. Existem tratamentos que fazem com que o vírus seja negativado, o que alguns profissionais definem como a cura. Mas nem todos os organismos têm as mesmas respostas às medicações e o vírus pode continuar atuando.