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Especialistas criticam a dieta da embriaguez de Lady Gaga

Especialistas criticam a dieta da embriaguez de Lady Gaga

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:54

As recentes declarações da cantora Lady Gaga contrariam todos os princípios básicos do que seria uma dieta saudável. Em uma recente entrevista ela afirmou consumir bebidas alcoólicas regularmente para perder peso.

“Estou na dieta da embriaguez. Vivo minha vida do jeito que quero e de forma criativa. Gosto de beber uísque e outras coisas enquanto estou trabalhando. A questão é: tenho que malhar todos os dias e, se estou de ressaca, malho de ressaca”, disse a cantora uma rádio norte-americana.

O método nada convencional estaria sendo desenvolvido pelo namorado da cantora, o ex-bartender Luc Carl, que perdeu 18 quilos na base de muitas festas e bebidas. Agora, acredita ou não, ele pretende escrever um livro sobre isso.

“Todos querem uma fórmula mágica para emagrecer”, afirma o nutricionista Daniel Bandoni, professor do departamento de nutrição da USP. “As pessoas têm a falsa ideia de que uma dieta saudável é monótona, quando ela é justamente o contrário disso”, diz. A dieta das musas são perigosas e não devem ser seguidas.

A base de uma boa alimentação, para os especialistas, está na diversificação. “Diferentes alimentos, prato colorido, alimentação fracionada ao longo do dia”, enumera o nutricionista.

Patrícia Ramos, coordenadora do serviço de gastronomia e nutrição do Hospital Bandeirantes, detalha que as refeições devem conter todos os grupos alimentares: energéticos (carboidratos), construtores (proteínas) e reguladores (fibras, vitaminas, minerais).

É importante manter a ingestão regular destes alimentos, de forma equilibrada, para suprir as necessidades nutricionais do organismo. O fato da pessoa não sentir fome não significa que o corpo dela realmente tenha tudo o que precisa. “Existe a fome oculta. É quando a má alimentação gera carência de nutrientes”, alerta Bandoni.

Em outras palavras, a pessoa está satisfeita, mas seu corpo tem fome. As consequência disso não são imediatas. “Os sinais de anemia só vão surgir quando a carência de ferro no organismo for grande”, exemplifica o nutricionista. Em mulheres, especialmente, a falta de cálcio pode favorecer o surgimento de osteopenia e de osteoporose.

“Não pule refeições”, recomenda Patrícia. Ela explica que cada pessoa tem sua necessidade calórica e nutricional. Trata-se de um cálculo que considera fatores como metabolismo, atividade física, idade, estado de saúde, altura e hábitos alimentares. A cantora nortea-americana, por exemplo, afirma que pratica ginástica constantemente, além de muita ioga.

Com estes indicadores, um especialista pode elaborar sugestões de alimentação e fracioná-las em cinco refeições diárias. “A pessoa não vai sentir fome, porque estará se alimentando várias vezes ao dia”, afirma. “Mas não vale comer qualquer coisa. As pessoas costumam usar as refeições intermediárias (entre café da manhã, almoço e jantar) para comer alimentos industrializados, ricos em gordura e calorias”, alerta Bandoni.

Patrícia recomenda evitar frituras, as substituindo por grelhados. “É melhor ingerir alimentos ricos em fibras solúveis, pois eles agem como uma espécie de esponja de gordura, eliminando parte delas do organismo”, explica a nutricionista. Além disso, as fibras retardam o esvaziamento gástrico. Isso prolonga a sensação de saciedade e mantém um ritmo mais apropriado ao sistema digestivo, sendo considerada até uma forma de prevenção ao diabetes. “Também ajuda a reduzir o colesterol”, acrescenta.

Álcool demais

O consumo regular de bebidas alcoólicas, pressuposto pela dieta de Lady Gaga, seria inviável para alguém que não tenha dependência química. “Mesmo uma pessoa habituada a beber não se sentiria bem bebendo todo dia”, afirma a psiquiatra Analice Gigliotti, consultora da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas.

Ela explica que o consumo diário de bebidas alcoólicas, especialmente se feito no lugar das refeições indicaria que a pessoa é ou está se tornando uma alcoólatra. “Isso é um problema que se constrói com muito tempo. Pode levar anos para aumentar a tolerância ao álcool e tornar a ingestão regular uma doença”, descreve.

Assim, a substituição de comida por álcool, mesmo quando não for feita com o objetivo de perder peso, pode ser indicador de dependência química.

E se a pessoa pretende mesmo emagrecer, pode acabar obtendo justamente o resultado contrário. “Uma lata de cerveja é calórica. Na ressaca, algumas pessoas tendem a comer mais”, conta a médica. Além disso, o hábito de beber muitas vezes é acompanhado pela ingestão de alimentos calóricos. Tudo favorece o ganho de peso, em vez do emagrecimento.

“As bebidas alcoólicas geram riscos para muitas doenças. Elas reduzem dias de vida. O consumo excessivo é um problema. Não dá para substituir alimentos por álcool”, afirma Bandoni.

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