MENU

Saúde

Estudo diz que tratar depressão por telefone pode ser tão eficiente quanto no consultório

Estudo diz que tratar depressão por telefone pode ser tão eficiente quanto no consultório

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:25

Um estudo conduzido pela Universidade Brigham Young (BYU), nos Estados Unidos, mostrou que tratar a depressão por telefone é quase tão eficiente quanto o tratamento presencial. O estudo será publicado na edição de junho da revista Behavior Therapy. O resultado do estudo divide os médicos consultados pelo R7. O CFM (Conselho Federal de Medicina) não reconhece a prática.

Os pesquisadores analisaram o tratamento de 30 pessoas, todas diagnosticadas com depressão profunda. Em vez de realizarem oito visitas às clínicas, os pacientes receberam o mesmo tratamento por telefone, com ligações que duraram entre 21 e 52 minutos. Nenhum deles foi medicado com antidepressivos.

Em seis meses de tratamento, 42% dos pacientes tinham se recuperado da depressão. Como comparação, a terapia presencial tem uma taxa de 50% de recuperação, segundo os pesquisadores. Contudo, a terapia por telefone foi rejeitada por um terço dos participantes, que preferiram o tratamento na sala do psiquiatra.

De acordo com a professora de Psicologia da BYU, Diane Spangler, uma das autoras do estudo, o tratamento por telefone é mais amigável, tem mais flexibilidade de tempo e de lugar e não apresenta efeitos colaterais.

- Oferecer um telefone ou uma webcam para o terapeuta é justificado do ponto de vista da eficácia.

Médico tem de ver o paciente

Não é o que pensa o psiquiatra Táki Cordás, do Departamento de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo), que diz não acreditar ser possível recuperar pacientes com depressão profunda por telefone e acha que o método é antiético.

- Precisamos saber qual tipo de depressão estamos falando. Os melhores modelos de tratamento atuais não prescindem do tratamento farmacológico. Tratar a depressão sem o tratamento farmacológico é antiético.

Ainda segundo Cordás, a discussão atual está em um outro momento, focada em como o tratamento presencial, associado à medicação, pode ter uma resposta mais rápida.

- É bastante temerário comparar os dois tratamentos, presencial e por telefone, quando nem se tem certeza de que o tratamento presencial é eficaz.

Avanço ou falta de ética?

Já o também psiquiatra Daniel Martins de Barros, do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo), vê a pesquisa com polêmica, mas também como um possível avanço da medicina, desde que seja testada por outros centros de pesquisa e comprovada sua validade.

- Não dá para dizer que quando estiver com depressão não é para ir ao médico. Mas o uso do telefone na medicina, assim como o da internet, causa estranheza. Se o teste for replicado e testado em outras culturas, a medicina não pode ignorar o resultado. Não é porque é polêmico que deve ser desprezado.

O novo Código de Ética Médica, lançado recentemente pelo CFM, evidencia a questão. Seu artigo 37 diz: "É vedado ao médico prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos de urgência ou emergência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente após cessar o impedimento".

Por: Camila Neumam e Diego Junqueira

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições