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Internações por fratura de fêmur crescem 8% em quatro anos

Internações por fratura de fêmur crescem 8% em quatro anos

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:30

Levantamento do Ministério da Saúde revela que, em quatro anos (2005 a 2008), aumentou em 8% o número de internações por fratura de fêmur. Em 2008, esse tipo de fratura foi responsável 32.908 internações hospitalares na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) – a um custo total de R$ 58,6 milhões. Em 2005, foram 30.273 e um gasto de R$ 48,8 milhões. Os investimentos também cresceram por conta das internações. Em 2006, foram investidos R$ 49,9 milhões em 31.535 internações. Em 2007, 51,8 milhões em 32.657 internações.  

A cada ano, o Ministério da Saúde tem gastos crescentes com tratamentos de fraturas em pessoas idosas. Com o Programa de Medicamentos de Dispensação Excepcional, criado em 1982, são disponibilizados medicamentos para o tratamento de doenças específicas cujos pacientes necessitam de medicamentos de custo unitário geralmente elevado. A osteoporose é uma delas. Em 2007, foram investidos mais de R$ 37 milhões com medicamentos para tratamento da osteoporose. Atualmente, são oferecidos sete medicamentos com 14 apresentações diferentes, conhecidos como reguladores da homeostase do cálcio e a projeção de gastos. Em  2008, foram investidos em torno de R$ 39 milhões.

A fratura de fêmur está também entre as causas relevantes de morbidade e mortalidade dos idosos. Entre as causas externas, as quedas são responsáveis por 24% das mortes em idosos, enquanto correspondem a 6% no restante da população. Cerca de 30% das pessoas idosas sofrem quedas a cada ano. Essa taxa aumenta para 40% entre os idosos com mais de 80 anos. As mulheres tendem a cair mais que os homens até os 75 anos de idade, a partir dessa idade as freqüências se igualam. Dos que caem, cerca de 2,5% requerem hospitalização.

Pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), instituição vinculada ao Ministério da Saúde, revelou que, em média, 20% dos homens na faixa de 50 a 80 anos de idade têm perda de massa óssea, que deixa o indivíduo mais propenso a fraturas, a chamada osteoporose. O dado é considerado alto pelos especialistas na área. O estudo mostrou um percentual crescente de homens com a doença a partir dos 60 anos. No grupo com 60 a 69 anos, o índice chega a 20,6%. Nos homens com 70 a 79 anos, vai a 23,2% e, naqueles com 80 anos ou mais, a prevalência atinge 36,6%. Em todos os casos, foram observadas as regiões do fêmur e da coluna lombar. Ao todo, 712 homens voluntários do município do Rio de Janeiro participaram do levantamento.

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia reconhece que não há dados exatos sobre a incidência da osteoporose no Brasil. Mas estima que 10 milhões de pessoas sofram da doença. A grande maioria seria de pessoas acima de 60 anos. A instituição prevê que a realidade brasileira é semelhante à norte-americana. Segundo a National Osteoporosis Foundation (NOF), nos Estados Unidos, na faixa etária dos 50 anos ou mais, a osteoporose atinge 40% das mulheres negras; 72% das mulheres brancas, 23% dos homens negros e 42% dos homens brancos com idade igual ou acima de 50 anos.

No Brasil, há apenas estudos localizados sobre a prevalência da osteoporose. A doença, no entanto, está, ao lado da Diabetes Miellitus (DM) e da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), no rol das daquelas crônico-degenerativas com maior incidência na população idosa. Durante quatro anos, especialistas da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia da Regional de Pernambuco acompanharam 630 mulheres. O estudo mostrou que 28,8% apresentaram osteoporose na coluna lombar e 18,8% no colo do fêmur.

Silenciosa e indolor

De acordo com o geriatra Salo Buksman, do INTO, a osteoporose é uma doença silenciosa. "Não acarreta sintoma nenhum, nem dor, exceto quanto o indivíduo sofre uma fratura", explica. O médico diz que talvez o único sintoma da osteoporose, tanto em homens quanto em mulheres, são as pequenas fraturas das vértebras. "E o que a gente chama de fratura por achatamento, quando a vértebra dá uma achatadinha, e a pessoa perde um pouco da sua altura", explica. Quando isso acontece, é possível desconfiar que o indivíduo esteja tendo microfraturas vertebrais por conta da osteoporose. "É um dos pouquíssimos sintomas que a doença provoca", acrescenta.

A osteoporose não apresenta diferenças entre homens e mulheres. Mas é no universo feminino que é mais prevalente. "Porém, os homens têm uma prevalência muito importante que justifica um investimento na pesquisa, na prevenção e no tratamento da doença", ressalva Salo Buksman.  

A outra diferença é a resistência masculina aos serviços médicos e aos profissionais de saúde. "A mulher, por natureza, cuida mais da própria saúde e da dos familiares também. O homem, normalmente, é muito desleixado na área da saúde e tem muita dificuldade de se conscientizar da importância de fazer prevenção e tratamento dessas doenças", acrescenta o especialista.  

Para os homens com 70 anos ou mais, o médico Salo Buksman recomenda que procurem um especialista, façam um exame de densitometria óssea para verificar se têm osteoporose. Caso tenham a doença, a saída é procurar, o quanto antes, o tratamento adequado. "No caso de não ter a doença, é melhor prevenir por meio de exercícios físicos, exposição ao sol por 15 minutos diários, evitar o fumo e ingerir quantidade adequada de cálcio que seria alguns copos de leite ou de laticínios também todos os dias".

Para os homens com menos de 70 anos, que sofreram alguma fratura de baixo impacto ou têm um histórico familiar e fazem uso de cortisona ou remédios para epilepsia, o geriatra sugere que procurem um médico para saber se se enquadram na população de maior risco.

Buksman recomenda que a prevenção da osteoporose comece cedo. De acordo com ele, a ingestão de cálcio ao longo da vida também é importante. O cálcio está presente no leite e seus derivados. Mas não basta acrescentar os laticínios ao cardápio diário. O especialista diz que é preciso tomar sol, ao menos 15 minutos por dia, o suficiente para a produção de vida D, também necessária à prevenção da osteoporose.

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