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Saúde

O médico por trás da saúde dos pilotos na Fórmula 1 no Brasil

O médico por trás da saúde dos pilotos na Fórmula 1 no Brasil

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:20

Responsável médico do Grande Prêmio Brasil e cirurgião do Hospital São Luiz, de São Paulo, Dino Altmann trabalha na Fórmula 1 há 22 anos.

“Minha especialidade é cirurgia oncológica, mas tive treinamento intensivo em pronto socorro (PS). Comecei no internato na faculdade de medicina. Depois de formado, ainda trabalhei por 12 anos em PS. Vivemos em um país violento, fazemos muitos atendimentos de trauma. Isso dá uma grande experiência para lidarmos com emergências em um evento como a F1”, diz.

É básico, portanto, que os profissionais médicos da F1 tenham preparação para atender traumas. “Outras características os qualificam para o trabalho: eles são bastante ativos, gostam de desafios, têm respostas rápidas diante de situações inusitadas e são ágeis nos pensamentos e nas ações”, afirma Altmann.

Para quem vê glamour no trabalho na pista de Interlagos, o especialista avisa: “É um trabalho como outro qualquer. Parece bonito, diferente, mas é muito parecido com o que a gente faz no dia a dia. Não tenho tempo para ficar vendo a corrida”.

Sempre de prontidão, a equipe está apta para chegar à pista segundos após o acidente. “Toda atenção é pouca. Olhando a magnitude do impacto, já temos ideia do que vamos encontrar no local. Podemos achar um piloto em coma que depois de cinco minutos acorda como se nada tivesse acontecido ou um piloto que está falando normalmente e de repente apaga. Nossa missão não é só socorrer as lesões aparentes, mas prever o que pode acontecer após o impacto e prevenir maiores danos”, explica o responsável médico pelo GP Brasil.

Sobre ocorrências marcantes, ele destaca o atendimento feito ao piloto espanhol Fernando Alonso, em 2003. Chovia torrencialmente naquele dia. O australiano Mark Webber bateu na reta dos boxes, espalhando detritos pela pista.

“O Alonso encontrou um pneu voando em sua direção e não conseguiu desviar, chocando-se violentamente contra o muro de proteção. Foi um fato que marcou devido a magnitude do acidente”, lembra Altmann. Após a batida, a direção da prova deu bandeira vermelha e a corrida foi interrompida. Nenhum dos pilotos sofreu sequelas graves.

Apesar da dedicação e do profissionalismo, o médico não deixa de ter sua preferência. “Torço pelos brasileiros. E tenho especial predileção pelo Felipe Massa. Sua vez ainda vai chegar”.

Números

Para o Grande Prêmio Brasil, o Hospital São Luiz – hospital oficial do GP há 11 anos – conta com 173 profissionais no autódromo, além de 40 outros divididos por suas três unidades, formando equipes de plantão exclusivas para o evento. “São profissionais altamente qualificados, que passam por reciclagens anuais e participam de simulações realísticas para agir com precisão em caso de necessidade”, reforça Altmann. 

No autódromo, é montado um autêntico centro médico, equipado com tecnologia hospitalar e apto a receber os mais complexos procedimentos. Estão à disposição leitos para atendimento ambulatorial; para queimados e politraumatizados; salas de emergência e de observação; UTI; centro cirúrgico; sala de raios-X e ultrassom; laboratório de análises clínicas; farmácia; heliponto; entre outras dependências.

Em relação à frota, são seis veículos distribuídos por todo o traçado, sete ambulâncias e dois helicópteros, sem contar duas equipes médicas que ficam nos boxes. Veja quantos são e como estão equipados os veículos:

1 medical car:   com um motorista, um médico da FIA e um cirurgião com especialização em trauma. Possui mala de ressuscitação com kit para cricofaringostomia (procedimento de urgência em que é feita uma incisão no pescoço para desobstruir a via aérea pela traquéia, quando o piloto não consegue respirar), torpedo de oxigênio com aspirador e nebulizador, monitor e desfibrilador cardíaco, colar cervical, colchão de imobilização a vácuo, material para imobilização de membros.

3 carros de intervenção rápida:   com um motorista, dois médicos, um bombeiro. São equipados com mala de ressuscitação, kit para cricofaringostomia, torpedo de oxigênio com nebulizador e aspirador, monitor e desfibrilador cardíaco.

2 carros de extração de pilotos:   com um motorista, dois médicos, quatro socorristas, dois bombeiros especialistas em desencarceramento. São equipados com colar cervical, ferramentas e cintas para retirada do assento removível, ferramentas para desencarceramento, prancha de imobilização, colchão de imobilização a vácuo.

7 ambulâncias:   com um motorista, um enfermeiro, um médico. São equipadas com mala de ressuscitação com kit para cricofaringostomia, monitor e desfibrilador cardíaco, aspirador de secreções, oxímetro digital, duas bombas de infusão de drogas, colar cervical, material para imobilização de membros.

2 helicópteros:   com um comandante, um médico e um enfermeiro. São equipados com mala de ressuscitação, monitor e desfibrilador cardíaco, torpedo de oxigênio, respirador, aspirador de secreções, oxímetro digital.

Foto: Getty Images

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