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Saúde

O que você sempre quis saber sobre pedras no rim

O que você sempre quis saber sobre pedras no rim

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:32

Uma das doenças mais comuns, a calculose urinária, mais conhecida como pedras no rim, tem prevalência em 10 a 12% da população mundial. A maioria, homens brancos, com idade entre 20 e 40 anos e habitantes de países tropicais - isso porque em países quentes as pessoas transpiram mais e, portanto, urinam menos, aumentando as chances de desenvolvimento de cálculos. Porém, a doença pode acometer qualquer pessoa, independente da idade, raça ou sexo.

A calculose do aparelho urinário é de alta morbidade - relação entre o número de casos de enfermidade e o número de habitantes em um determinado lugar e momento -, porém de baixa mortalidade. A chance de uma pessoa passar pelo segundo episódio de crise renal em um ano é de 15%, em cinco anos esse número aumenta para 30% e em 10 anos, as chances são de 40%. "Quanto maior a recorrência da crise renal, maior a importância de investigar sua causa", alerta dr. Pedro Renato Chocair, diretor clínico e nefrologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

O especialista ainda afirma que um dos fatores que mais ocasionam a alta prevalência da doença é a falta de investigação de sua causa. "Muitas pessoas têm cálculo, mas não sabem por que se formaram. É importante investigar as causas de seu desenvolvimento para poder agir com medidas preventivas", afirma dr. Chocair. "E os exames para isso não são complicados, basta um exame simples de urina, de sangue ou do cálculo descartado".

Os indivíduos mais propensos ao cálculo renal são os que já apresentam predisposição genética; que ingerem pouco líquido e conseqüentemente, urinam menos de um litro por dia - por isso, é importante a ingestão de líquido suficiente para urinar 2 litros de água por dia - e aqueles que já sofrem de doenças da paratireóide: o hiper e o hipoparatireoidismo. O hiperparatireoidismo causa aumento do nível de cálcio no sangue devido ao excesso de hormônio da glândula paratireóide, enquanto o hipoparatireoidismo atua opostamente, causando a diminuição do nível de cálcio no sangue em função da insuficiência de hormônio da glândula paratireóide. Porém, ao contrário do que muita gente pensa, o grande inimigo para a formação das pedras não é o cálcio e sim o oxalato.

Como as pedras se formam

De acordo com o dr. Chocair, a pedra é resultado de uma má ligação de dois componentes. Quando o cálcio é ingerido, fixa-se com o oxalato alimentar, formando outra molécula, eliminada pela urina. Se não ocorre a ingestão do cálcio, o oxalato (causador de 80% dos casos de cálculo) é eliminado na urina. Mas como são produzidos os oxalatos? O oxalato é produzido pelo organismo por diversas substâncias, sendo a mais representativa a vitamina C. Cada grama de vitamina C (além dos 500 mg/dia) representa um aumento de 10 mg da excreção do oxalato. Portanto, para quem tem cálculo, não é recomendado tomar mais de 500mg de vitamina C por dia, uma vez que para a urina estar normal, deve ter 200mg de cálcio para 40mg de oxalato, pois a molécula formada pela fixação dos dois e eliminada na urina é formada por ¼ de oxalato e ¾ de cálcio.

O cálculo é uma massa dura que se forma pela aglomeração de cristais de substâncias que normalmente existem na urina. Se os cristais formados permanecerem isolados, eles ficam dissolvidos na urina e são eliminados sem causar sintomas. Existem na urina sais que em excesso promovem a formação de cálculos, mas há também substâncias inibidoras da formação desses cristais e que previnem a formação do cálculo. Portanto, nós temos presentes na urina substâncias promotoras (que podem promover a formação do cálculo) e inibidoras.

Sintomas

Mas por que algumas pessoas têm cálculo e não sofrem das cólicas renais e outras sim? Dr. Chocair explica que o que causa a dor é a migração do cálculo, a pedra em si, do rim até a bexiga pelo canal ureter, que une esses dois órgãos. "Pedras localizadas nos rins, não acompanhadas de obstrução do fluxo de urina ou de infecção, não provocam dor, mas podem, dependendo de alguns fatores associados, danificarem silenciosa e progressivamente o rim ou os rins afetados. A dor gerada pela passagem de um cálculo pode ser o sinal de alerta para prevenção de danos mais graves gerados pela presença de outros cálculos 'estacionados' nos rins", conclui.

O que não pode ser esquecido é que a ausência de dor não significa que o problema esteja resolvido, mesmo porque, alguns casos de cálculo renal podem danificar os rins a ponto de o paciente ter que se submeter a procedimentos, como diálise e até mesmo transplante. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, a cada ano aproximadamente 21 mil brasileiros precisam iniciar tratamento por hemodiálise ou diálise peritoneal. Desses, poucos conseguem ter parte do funcionamento dos rins recuperado a ponto de deixarem de necessitar de diálise e, segundo dados da ABTO - Associação Brasileira de Transplante de Órgãos - apenas 3397 dos que precisam têm a sorte de receber um transplante renal. A cada ano, somente 2.700 brasileiros são submetidos a um transplante renal.

Como prevenir

Agora, com o processo de formação de cálculos esclarecido, é importante lembrar que a prevenção pode ser feita com a diminuição de alimentos que tenham oxalato, como espinafre, ruibarbo, chocolate amargo, batata doce, beterraba e grape fruit. Uma maneira de compensar o risco da ingestão excessiva desses alimentos é a combinação com alimentos que tenham cálcio para haver a fixação dos dois e eliminação da molécula na urina.

Alguns alimentos agem como substâncias protetoras que inibem a cristalização da urina, como o citrato - presente em frutas cítricas - chá, café e vinho.

Tratamento

O tratamento do cálculo renal é dividido em duas fases. Durante a crise dolorosa, o tratamento é feito por meio da administração de analgésicos e antiespasmódicos. Alguns cálculos são eliminados espontaneamente, em dias ou semanas. Outros se dissolvem com medicação, como, por exemplo, os de ácido úrico. Os cálculos de cálcio, que representam a maioria dos casos, não se dissolvem com remédios ou chás.

Se houver obstrução do fluxo urinário, procedimentos urológicos adicionais se fazem necessários. A associação de infecção e obstrução urinária exige intervenção médica imediata.

Após algumas semanas do episódio doloroso, quando o paciente já estiver sem medicação, deverão ser feitos os exames necessários para definir os possíveis problemas que levaram à formação dos cálculos. De modo geral, recomenda-se uma análise mais detalhada para os portadores de rim único, crianças, jovens, pacientes com mais de um episódio de cólica renal ou com história familiar de calculose urinária.

Postado por: Claudia Moraes

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