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Os perigos da bioplastia

Os perigos da bioplastia

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:27

No title A mineira T.A., 47 anos, sempre foi vaidosa. Acostumada a fazer tratamentos estéticos em uma clínica de dermatologia em Uberlândia, há cinco anos ela se animou com a proposta de sua médica para que se submetesse a um novo método de preenchimento para modelar o seu zigomático – região do rosto onde as mulheres costumam passar blush, perto das têmporas. Na primeira aplicação, tudo correu bem. O calvário de T. começou um mês depois, no dia seguinte à segunda etapa da aplicação. Ela acordou com o rosto deformado.

- Eu parecia um monstro. Meu rosto estava inchado, duro e doía muito. Meu marido tomou um susto, porque eu nem havia lhe falado sobre o procedimento. Achei que fosse apenas mais um daqueles aos quais eu estava acostumada a fazer. Nunca mais tive uma vida normal.

T. é uma vítima da bioplastia realizada com o polimetilmetacrilato, ou PMMA, uma substância sintética muito parecida com o plástico, em forma de microesferas, que é introduzida no organismo do paciente com uma seringa. Muito difundida e aclamada por boa parcela de dermatologistas e cirurgiões plásticos, ela é vendida como uma solução mágica para corrigir imperfeições na face e no corpo sem cortes e com muito mais vantagens do que os métodos cirúrgicos.  

O PMMA é mais fácil de aplicar, o médico consegue moldá-lo com mais facilidade dentro do corpo e a técnica não exige anestesia geral, apenas uma parecida com aquela usada por dentistas. Além disso, o fato de não haver cortes, sangramento, hematomas, torna desnecessário o pós-operatório. A pessoa recebe a aplicação e em seguida vai para casa e volta às suas atividades normais. E o preço também é acessível, custa em média R$ 200 por ml aplicado.

O material já existe na área médica há muitos anos e é usado em dentaduras e lentes de contato. De forma líquida, ele foi aprovada pelo Ministério da Saúde para uso em pessoas com Aids, que costumam sofrer com lipodistrofia na face (perda de gordura). Como esses pacientes são imune-depressivos, o organismo deles não encara o material como um corpo estranho, por isso, não há rejeição. E mesmo assim, recomenda-se o uso de no máximo 2 ml por área.

Tal benefício pode não acontecer com pessoas saudáveis, já que o sistema imunológico entra em ação e “luta” ferozmente contra o invasor. E é isso o que causa uma inflamação crônica na área afetada, a principal queixa entre os pacientes que apresentam reações ao PMMA. O problema é que nem sempre essas possíveis reações são informadas pelos médicos. Para o cirurgião plástico gaúcho Almir Nácul, precursor da técnica no Brasil, “com a bioplastia é possível deixar uma pessoa feia bonita e uma bonita, mas bonita ainda”.

- O procedimento deve ser realizado por profissionais capacitados e com produto de qualidade. Quando bem feita, o risco é de 0%. Já fiz em várias misses e artistas e nunca tive problemas.

Mas não é isso que afirmam algumas mulheres que, em busca de um retoque na beleza, enfrentam verdadeiros pesadelos desde que fizeram a bioplastia. Muitas vítimas se submeteram a tratamentos com médicos renomados e em clínicas conceituadas, inclusive com o próprio Nácul. É o caso de Cláudia Aguiar, 32 anos, vendedora. Há dois anos ela colocou cerca de 100 ml de PMMA em cada nádega, ao valor de R$ 10 mil. O resultado ficou bonito, mas a um custo muito alto.

- Minhas nádegas estão cheias de nódulos e quando inflamam ficam quentes e vermelhas. Não posso ficar muito tempo sentada, não posso fazer ginástica nem usar salto alto. A dor é horrível. Hoje, sou obrigada a me tratar com corticóide. Como pode um médico fazer isso com a gente?

Ela lembra que ao reclamar com o médico, “ele disse que aquela reação era normal e que não havia nada de errado com o meu bumbum. Decidi sustar os cheques pré-datados que havia dado como pagamento”. Para Nácul, no entanto, não houve complicação nenhuma, “ela queria barganhar com a clínica, fazer chantagem, queria colocar mais produto sem ter de pagar. Não foi constatado nada de anormal, o bumbum dela ficou lindo”.

Por Cláudia Pinho

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