A Faculdade de Fisioterapia da PUC-Campinas realizou uma pesquisa com 45 crianças, de nove a 11 anos de idade, obesas, não obesas e obesas mórbidas a fim de identificar problemas precursores de doenças cardíacas.
Uma pesquisa realizada pelo professor da Faculdade de Fisioterapia da PUC-Campinas Mario Augusto Paschoal comprovou, dentre outras coisas, que as crianças obesas mórbidas têm grande limitação cardiorrespiratória quando submetidas ao esforço ao serem comparadas a crianças saudáveis da mesma idade. Essa limitação funcional traz uma série de transtornos, destacando-se a formação de um ciclo vicioso. Este começa com a desmotivação em fazer atividade física por não conseguirem ter o mesmo desempenho das crianças não obesas e se cansarem facilmente. Desta forma, deixam de lado as atividades físicas, e tendem a ganhar mais peso. "Esse aspecto faz com que as crianças obesas não pratiquem atividade física, devido a desmotivação, e isso as leva a engordar mais ainda e serem mais sedentárias, fechando o ciclo", reforçou o pesquisador.
O estudo revelou que as crianças obesas mórbidas atingiram 48,7% do valor de consumo do oxigênio obtido no momento do pico do esforço físico comparado ao atingido pelo grupo de crianças não obesas, enquanto que as obesas atingiram apenas 49,3%. Outro aspecto relevante obtido do teste de esforço é que as crianças obesas mórbidas suportaram apenas 11min e 31s de tempo de exposição ao protocolo de esforço, o que equivaleu a uma distância percorrida de 810 metros (67% da distância percorrida pelo grupo controle e 90% da distância percorrida pelo grupo obeso).
Paschoal ainda explicou que para a saúde do sistema cardiovascular a obesidade leva à hipertensão arterial, diabetes e o desenvolvimento de doenças vasculares com depósito de placas de gordura nos vasos, com risco futuro, muito maior, de infarto do miocárdio, por exemplo, e acidentes vasculares cerebrais, aumentando os índices de morbidade e mortalidade, com redução dos anos de vida e piora acentuada da qualidade de vida.
Além disso, a pesquisa constatou que as variáveis colesterol e triglicérides mostraram piorar progressivamente de acordo com o grau de obesidade. Os valores de colesterol bom do grupo de crianças não obesas foram 24% maiores do que o apresentado pelas crianças obesas mórbidas e 16,2% maiores do que o apresentado pelas crianças obesas.
Os valores de triglicérides apresentados pelas crianças não obesas foram 39,5% menores do que os valores do grupo de obesos mórbidos e 14,3% menores do que os de triglicérides do grupo de obesos. "A conclusão que se chega é que determinados precursores de doenças cardíacas já se mostram presentes nas crianças obesas e obesas mórbidas, mesmo na faixa estudada (9 a 11 anos) ainda pouco explorada pela literatura, o que nos deixa mais preocupados e cientes da necessidade premente de uma intervenção terapêutica, cada vez mais precoce, voltada a essas crianças", concluiu Paschoal.
A pesquisa ainda indicou que as crianças obesas mórbidas apresentam significativos maiores valores de freqüência cardíaca de repouso (94 bpm) do que o grupo de crianças não obesas (78bpm). Isso significa dizer que no final de apenas um dia (24 horas), se todas essas crianças estivessem em repouso, o coração das obesas mórbidas bateria 23.040 vezes mais do que o coração das não obesas, o que mostra a repercussão e a relevância dessa diferença entre os dados.
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