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Prisão de ventre: Tire suas dúvidas sobre esse problema que atormenta muita gente

Prisão de ventre: Tire suas dúvidas sobre esse problema que atormenta muita gente

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:27

No title 1. Pode comer maçã e banana se o intestino está preso?

Pode, mas há senões. Para alguns especialistas, a casca da maçã contribui para prender ainda mais o intestino. Segundo eles, comer maçã descascada e, melhor ainda, cozida está liberado. Outros acham que não há nenhum problema em ingeri-la com casca e tudo numa situação dessas. Até porque a casca seria uma fonte de fibra, que libera o tráfego intestinal. Em relação à banana, não existe nenhuma restrição. Ela não piora o quadro, mas também não ajuda, ou seja, não está entre os alimentos famosos por dar um chega-pra-lá no desconforto. A banana-maçã, no caso, é a menos indicada devido à sua composição.

2. Pode tomar laxante, natural ou não?

Não pode, a não ser em situações emergenciais, quando o indivíduo está há mais de cinco dias sem ir ao banheiro. Existem alguns tipos de laxantes. Os chamados osmóticos hidratam as fezes ressecadas, típicas de um quadro de prisão de ventre. Já os laxantes denominados catárticos provocam uma espécie de irritação nas mucosas do intestino, o que deflagra as contrações musculares responsáveis por expulsar o bolo fecal empacado no meio do caminho. Quando usada de maneira contínua, os laxantes catárticos podem lesionar o intestino, prejudicando a absorção de nutrientes. Por fim, existem remédios com a mesma função que são rotulados de naturais porque se valem de extratos de fibras. Eles aumentam o volume do bolo fecal, mas o uso crônico também acarreta males para o intestino. Afinal, apesar de naturais, eles irritam a parede do órgão.

3. Pode aumentar o consumo de óleo nas refeições para ajudar?

Pode. Os óleos ajudam a lubrificar as vias intestinais, facilitando a expulsão das fezes. Basta ingerir uma colher de chá de azeite de oliva, por exemplo. Mas nada de exageros. Óleo em demasia pode deflagrar, entre outras encrencas, uma diarréia daquelas! Os extremos nunca são bons.

4. Pode comer mais vegetais para ajudar?

Pode, sobretudo os verdes, como alface, rúcula e agrião. Eles são (quase) fibra pura. Essa substância não é absorvida pelo intestino. Daí, no final das contas, serve de matéria-prima para o bolo fecal. E um bolo fecal bem formado e volumonoso estimula as contrações intestinais.

5. Pode comer cereais integrais porque eles resolvem a questão?

Pode. Eles ajudam mesmo. Não à toa. Os cereais integrais são ricos em fibras, que dão aquele empurrão para o intestino regularizar seu funcionamento. Mas de nada adiantará se empanturrar deles caso não haja um consumo adequado de água ao longo do dia – pelo menos 3 litros. A ingestão de líquidos hidrata as fezes, que, assim, ficam pastosas e são expelidas sem maiores dramas. Cereal integral sem líquido, por outro lado, vira sinônimo de fezes duras e ressecadas, que dificilmente são expulsas.

6. Pode comer mais mamão para ajudar?

Pode. O mamão é uma ótima pedida quando a prisão de ventre dá as caras justamente por ser outra excelente fonte de fibras. Os especialistas só não recomendam a ingestão de suas sementes, porque elas estão associadas a algumas complicações. Lá dentro do intestino com predisposição a encrenca elas se tornam o estopim de diverticulites, por exemplo.

7. Pode tomar mais de uma porção daqueles iogurtes que prometem resolver o problema?

Pode. Mas o ideal é começar com uma porção diária desses iogurtes, ricos em bactérias que colocam o trabalho do intestino nos eixos. Limitar-se a uma única porção no início é a maneira de habituar o órgão a essa novidade. Mas, no final das contas, o número de porções recomendadas vai variar de indivíduo para indivíduo.

8. Pode tomar qualquer iogurte já que todos fazem bem?

Pode. Os iogurtes em geral, assim como a velha e boa coalhada, têm bactérias benéficas para o trato intestinal, mas, sem sombra de dúvida, os mais recomendados são os probióticos, que contêm boas doses de cepas específicas desses micróbios do bem. Sem falar que muitos vêm com um bônus: cereais, que também auxiliam no ajuste do ritmo do intestino.

9. Pode pedir ajuda médica?

Pode. Aliás, quem padece com a prisão de ventre crônica deveria recorrer a um especialista. Além de a maioria dos pacientes não conseguir dar um fim ao tormento sozinha, o intestino preso pode ser sintoma de algo mais sério.

10. Pode esperar sentado no banheiro para induzir a vontade?

Pode. Por meio dessa estratégia, o intestino desenvolve uma memória. Assim, como um relógio, ele vai ajustar seis ponteiros e, no horário habitual, tende a trabalhar a contento. Trata-se, portanto, de treino. Só não fique muito tempo por lá, forçando a barra. Fazer força, para alguns, é induzir hemorróidas, entre outros problemas.

11. Pode tomar remédio para gases?

Pode. Como eles provocam o rompimento das bolhas, melhorando a eliminação de gases, a desconforto associada à prisão de ventre diminui. Mas o uso em excesso desse tipo de medicamento pode levar a uma inibição das contrações do intestino. Portanto, só é para tomar remédio para gases quando eles estiverem realmente incomodando.

12. Pode parar de tomar estatina para diminuir o colesterol, se ela parece ser a causadora da encrenca?

Não pode parar de tomar estatina, principalmente se o indivíduo tem níveis elevados dessa gordura no sangue. Em outras palavras, é preciso dosar bem o custo e benefício do tratamento com essa medicação por meio de uma boa avaliação médica. São raras as vezes em que a estatina é suspensa devido a um problema intestinal como a prisão de ventre. Em geral, os especialistas preferem cuidar desse efeito colateral sem retirar a droga que reduz as taxas de colesterol.

13. Pode fazer massagem na barriga ou não adianta nada?

Pode. A massagem nesse caso adianta, sim. Isso porque é um estímulo mecânico que auxilia a dar um fim ao engarrafamento no trânsito intestinal.

14. Pode esperar cinco dias para só aí tomar uma atitude?

Não pode. Ficar sem evacuar durante três dias ou mais dias talvez indique que algo não vai bem no organismo, sinalizando a possibilidade de algo mais sério. Mas nada de pânico. Uma mudança na alimentação ou uma situação estressante também podem ter sido a causa da chateação.

15. Pode ser sinal de verminose?

Pode, especialmente em crianças. Bichos estranhos que caem de pára-quedas no intestino acabam perturbando o ecossistema de bactérias que habitam essa porção do corpo. E, afinal, elas têm um papel de destaque na manutenção de um bom processo digestivo. Assim, diante de um caso de verminose, a função intestinal fica desregulada, abrindo alas para a prisão de ventre.

16. Pode ser sinal de outra doença?

Pode. Além de problemas no próprio intestino, como um câncer, a prisão de ventre crônica muitas vezes indica males como o hipotireoidismo, quando a glândula tireóide não produz níveis satisfatórios de hormônios.

17. Pode ser conseqüência de uma operação, como parto cesariano?

Pode. A cesariana e todo procedimento cirúrgico que envolva manipulação dos órgãos internos do abdômen geralmente causam alterações intestinais como a prisão de ventre. Há quem diga, nos meios médicos, que o intestino não gosta de ser tocado numa operação. Sensível, faz greve até se recuperar. E há ainda a possibilidade de aderências internas depois de uma cirurgia, risco que os médicos descartam esperando o paciente ir ao banheiro normalmente para só aí dar alta.Até o próprio processo de cicatrização local pode ter culpa no cartório, acabando com a pontualidade do intestino. A prisão de ventre, se não houver complicações como as tais aderências pode durar até uns três dias.

18. Pode ter origem psicológica?

Pode. Momentos de tensão são capazes de desencadear toda sorte de desarranjo intestinal. A prisão de ventre, inclusive. Sem falar na depressão profunda, no medo e até mesmo no prosaico constrangimento de usar um sanitário público. De acordo com os especialistas, o intestino tem um marca-passo próprio, a célula de Cajal. Ela é a responsável por gerar as contrações no órgão. Esse instrumento natural recebe estímulos de nervos e de substâncias químicas, como a endorfina, que está por trás das sensações de bem-estar, e adrenalina, sempre relacionada ao nervosismo. Ou seja, não chega a causar espanto o fato de o intestino ser pra lá de sensível às mudanças de humor.

19. Pode causar doenças e até tumores?

Pode, se a prisão de ventre é crônica. As fezes são um depositório de toxinas e bactérias, inclusive nocivas. Dessa forma, quando ficam em contato contínuo e direto com a parede do intestino, sem sair de lá, há um favorecimento de processos infecciosos e até mesmo de tumores.

20. Pode provocar irritabilidade?

Pode - e como! Daí, não é de estranhar que o adjetivo enfezado seja sinônimo de irritado. Curiosidades lingüísticas à parte, o intestino é o saco de pancadas para muita gente quando as emoções estão à flor da pele. Dessa forma, devido a um transtorno psicológico, por exemplo, tudo empaca no órgão. Na contramão, se tudo empaca, é bem plausível que deixe de produzir substâncias que regulam o humor. Você sabia que o seu intestino produz serotonina, a mesma molécula que, no cérebro, gera a sensação de alto astral?

Por Fábio Oliveira

Fontes: Jacques Matone, gastroenterologista do Hospital Israelita Albert Einstein , e Alfredo Salim Helito, clínico-geral do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

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