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Saúde

Queda brusca na temperatura eleva em 95% internações hospitalares

Queda brusca na temperatura eleva em 95% internações hospitalares

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:29

A mudança brusca na temperatura acarreta prejuízos diretos aos hospitais. Micheline Coelho, meteorologista e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), desenvolveu uma ferramenta capaz de mensurar esse estrago: quando, no intervalo de 24 horas, os termômetros despencam 15 graus – de 25ºC para 15ºC, por exemplo – há um aumento de 95% nas internações por asma em São Paulo e 99% no Rio de Janeiro.

Para chegar ao modelo matemático que contabiliza o aumento do número de pacientes com crises respiratórias graves, Micheline analisou por mais de dois anos os registros diários do banco do Ministério da Saúde, chamado de DATASUS, e cruzou-os com as informações sobre o clima. A fórmula hoje é utilizada no Laboratório de Estudos da Poluição da USP e serve de base para várias pesquisas sobre aquecimento global e poluentes.

Segundo a pesquisadora, o modelo da "meteorologia da saúde" abrange apenas uma pequena parte dos danos provocados. “Apesar do aumento importante registrado nos três dias seguintes à alteração climática, apenas os casos que exigem internação são contabilizados”, pondera.

 “Ficam de fora as pessoas que vão ao pronto-socorro, fazem inalação e voltam para casa, por exemplo. Também não há estatísticas de quem apenas passa pela consulta médica”, informa Micheline.

Além de São Paulo e Rio de Janeiro, as informações de saúde sobre queda brusca de temperatura foram calculadas para Brasília (aumento de 85% nas internações por asma), Porto Alegre (acréscimo de 86%) e Florianópolis (85%).

Adaptação

O patologista Paulo Saldiva, pesquisador de Harvard, diretor do Laboratório de Poluição da USP e um dos principais médicos mundiais na área de clima e saúde, afirma que as crianças e os idosos são as principais vítimas das reviravoltas no tempo.

“São os pacientes que mais sofrem para se adaptar às condições climáticas abruptas. O organismo de todas as pessoas é acostumado a ficar em uma zona de conforto de temperatura. Existe um centro termorregulador que faz os ajustes necessários quando há alterações”, explica Saldiva.

“As crianças não têm o sistema imunológico muito desenvolvido para lidar com estes extremos de calor e frio. Já os idosos, perderam um pouco da capacidade de adaptação às novas condições. Por isso, sofrem mais.”

As ondas repentinas de frio e calor são ainda mais nocivas quando acompanhadas de excesso de poluentes ou de baixa umidade relativa do ar, características das grandes cidades. Quando o registro meteorológico fica abaixo dos 17 graus e, atrelado a isso, há alta concentração de ozônio, as internações hospitalares dão um salto de 76%. Sem a presença do gás tóxico em excesso, a ampliação é de 33%.

Outras áreas da medicina também já colecionam evidências sobre os efeitos ruins da poluição. Infertilidade,infarto e depressão são só algumas doenças associadas ao fenômeno, agravadas ainda mais em dias frios.

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