Uma queixa muito comum nas clínicas ginecológicas é o Sangramento Uterino Anormal. Essa síndrome significa anormalidades menstruais e sangramentos devidos a outras causas, muitas vezes relacionadas ao aumento do volume e/ou da duração da menstruação. Há também o sangramento fora do período de menstruação e, por ser fora do ciclo, também é considerado anormal.
"O excesso de menstruação, além de causar incômodo, pode levar a um quadro de anemia crônica, que por sua vez pode causar cansaço, fadiga e desânimo", alerta o ginecologista do Centro de Estudos e Pesquisas da Mulher (Cepem) Marco Aurélio Pinho de Oliveira.
Já o assessor da diretoria da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Luciano de Melo Pompei, explica que nem sempre o problema é caracterizado por grandes sangramentos. "Aliás, em grande parte das vezes o volume de sangramento é pequeno, mas com duração muito grande ou fora do período de menstruação", revela.
O Sangramento Uterino Anormal pode ter diversas causas: alterações hormonais, miomas uterinos, pólipos endometriais, DIUs (dispositivos intra-uterinos - usados, em geral, para anticoncepção), tumores, inflamações ou tumores do colo uterino, menopausa e até a própria gravidez.
Segundo o Dr. Pompei, quando não se encontra uma causa orgânica e o sangramento foge aos padrões normais da menstruação, ele é também conhecido como hemorragia uterina disfuncional.
Tratamento
O médico Marco Aurélio esclarece que, até alguns anos atrás, o diagnóstico da causa do sangramento uterino era feito de forma indireta, pois não havia a possibilidade de se investigar com visão direta a cavidade uterina. "Ainda hoje, alguns utilizam a curetagem uterina, procedimento que necessita de anestesia em centro cirúrgico para ser realizado. Existe ainda o inconveniente de ser feita às cegas, sendo que algumas pequenas lesões (inclusive o câncer) podem passar despercebidas", diz.
Um método avançado para o diagnóstico é a videohisteroscopia, que pode ser feita no próprio consultório, sem a necessidade, de uma forma geral, de anestesia local. "É um método avançado e bastante aprimorado que serve para investigação e tratamento de lesões do útero. O exame é realizado por via vaginal e possibilita a visualização de toda a cavidade uterina à procura de lesões nas fases iniciais. O tratamento aumenta a possibilidade de cura", informa.
"Recentemente, surgiu o ressectoscópio bipolar, que permite fazer a cirurgia usando soro fisiológico. Com isso, a cirurgia, que tem baixa taxa de complicações, ficou ainda mais segura", completa o médico.
Para saber se o sangramento uterino é normal, é preciso que se tenha o conhecimento de que o único sangramento uterino normal é a menstruação, que deve ocorrer periodicamente, em geral a cada 28-30 dias, mas com variação normal entre 25 e 35 dias.
"A duração menstrual normal é de 3 a 5 dias, mas pode chegar a 8. O volume normal médio é da ordem de 30 ml por menstruação, mas pode chegar a 80 ml. É muito difícil medir o volume de sangue na menstruação, por isso, valorizam-se muito as variações notadas pela própria paciente", explica Pompei.
Os períodos da puberdade e da proximidade da menopausa (a perimenopausa) são os de maior ocorrência, principalmente quando se fala da hemorragia uterina disfuncional (HUD), ou seja, aquela sem causa orgânica conhecida. Segundo o médico, estima-se que 20% das mulheres terão uma das causas de HUD em algum momento de suas vidas. Calcula-se também que 5% dos casos novos atendidos ambulatorialmente sejam por este motivo.
Postado por: Claudia Moraes
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