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Saúde incomoda mais o brasileiro do que trabalho e educação

Saúde incomoda mais o brasileiro do que trabalho e educação

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:17

Os brasileiros vivem mais situações desagradáveis quando precisam de atendimento de saúde do que quando estão em seus locais de trabalho ou em instituição de ensino. Essa é uma das conclusões do IVH (índice de valores humanos), um relatório apresentado nesta terça-feira, dia 10, pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e que mede as experiências vividas pelos brasileiros em três grandes áreas: saúde, educação e trabalho.

Do mesmo modo que o IDH (índice de desenvolvimento humano), ranking que mede a riqueza, a expectativa de vida e a educação em um determinado local, o IVH vai de zero (escala mais baixa) a 1 (nível mais alto). Assim, quanto maior o IVH, melhor o conjunto de valores que as pessoas têm: isso quer dizer que elas passam por situações de vida mais confortáveis nesse quesito.

Em todo o Brasil, enquanto o IVH do trabalho foi medido em 0,79 e o IVH de educação ficou em 0,54, o IVH de Saúde foi de 0,45 – sendo que a região Norte registrou o índice mais baixo, de 0,31, e o Sudeste o valor mais alto para a saúde, de 0,51. Nesse caso, ter um IVH maior significa que o cidadão se sente melhor atendido e mais respeitado pelos serviços médicos.

Para determinar o índice de valores da saúde, o Pnud avaliou três questões: o tempo de espera para atendimento, a facilidade ou não para entender a linguagem usada pelos profissionais de saúde, e, por último, o interesse da equipe médica percebido pelo paciente. De acordo com o Pnud, essas piores vivências são um indicativo de baixos níveis de respeito nos processos de busca por saúde".

O relatório, produzido a partir de 2.002 entrevistas em 23 Estados e o Distrito Federal, foi questionado pelo Ministério da Saúde. O governo afirmou que o novo índice não avalia políticas públicas, já que não levou em conta se o atendimento era feito dentro do sistema público ou privado.

Para o economista-chefe do Pnud Brasil e coordenador do Relatório de Desenvolvimento Humano Brasileiro 2009/2010, Flávio Comim, o relatório reafirma a existência de problemas no atendimento à saúde no país.

- [No Brasil], a expectativa de vida é cada vez maior. Mas será que as pessoas vivem saudáveis ou será que vivem doentes?

Para o médico pneumologista José Antonio Cordero, membro do Cremepa (Conselho Regional de Medicina do Pará, Estado da região Norte, onde o índice de saúde teve o resultado mais baixo), o fato de os serviços de saúde causarem mais insatisfação nos brasileiros do que a educação e o trabalho mostra que a população está cada vez mais preocupada em ter uma vida saudável.

- A sociedade brasileira já verificou que ter saúde é investimento, é sinônimo de qualidade de vida. Com saúde, as pessoas podem adquirir mais educação e desenvolver melhor o trabalho.

Apesar disso, Cordero critica o fato de existir mais um índice que indica problemas que já são conhecidos tanto pela população quanto pelo governo.

- O Brasil é cheio de índices, o diagnóstico já está dado. [Sabemos que] é um país de grandes desigualdades. Mas onde estão as políticas pra mudar esse quadro?

Segundo Comim, o IVH deve servir, futuramente, para o desenvolvimento de políticas públicas, já que ele pode dar um retrato detalhado das queixas cotidianas dos brasileiros.

- O relatório é um retrato para saber o que precisa mudar de verdade no Brasil.

Profissionais de saúde também estão insatisfeitos

Cordero afirma que não são apenas os pacientes que estão insatisfeitos com os serviços de saúde. Os profissionais que atendem as pessoas também vivem experiências desagradáveis no dia a dia no trabalho.

Segundo o médico, que é membro do Conselho de Medicina do Pará, é comum encontrar, no interior dos Estados, médicos que atendam sozinhos em postos de saúde para um público de mais de dez mil pessoas.

- Não é só salário, [o que buscam os profissionais]. É ser valorizado, é ter educação continuada: são as condições de trabalho. O médico fica distante dos grandes centros e não tem acesso a informações atualizadas. Ele esbarra em um serviço burocratizado, onde faltam leitos nos hospitais, vagas, entre outras coisas.

Por: Diego Junqueira

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