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Saúde

Testosterona em mulheres: entenda os riscos

Testosterona em mulheres: entenda os riscos

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:32

A promessa é tentadora: menos gordura corporal, músculos mais volumosos e definidos, celulite praticamente inexistente, estrias atenuadas e libido nas alturas. Para isso, segundo os simpatizantes do hormônio masculino testosterona, basta tomar algumas injeções, engolir um punhado de pílulas, colocar um implante sob a pele, passar um gel ou colar um adesivo sobre ela.

Apesar dos "benefícios", os médicos discordam em peso dessa prática. A razão? "Há vários e perigosos efeitos colaterais", responde o endocrinologista Filippo Pedrinola, de São Paulo. "E eles, sem dúvida, são muito mais intensos do que os possíveis resultados benéficos", acrescenta o endocrinologista catarinense Alexandre Hohl, presidente do departamento de endocrinologia feminina e andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Visual andrógino A lista de reações adversas provocadas no corpo feminino pelo uso sem indicação da testosterona é de meter medo. "Entre elas está o aparecimento de acne, o crescimento do clitóris, a queda de cabelo, a retenção hídrica, que provoca inchaço, e as alterações no comportamento, o que costuma deixar a pessoa mais agressiva", conta o endocrinologista Marcio Mancini, do Hospital das Clínicas de São Paulo. "O pomo de adão, conhecido como gogó, também cresce, e há realmente o aumento de pelos e o engrossamento da voz", descreve o médico baiano Jomar Souza, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.

Se a dose for muito elevada ou o tempo de uso prolongado, o quadro fica ainda mais complicado. "Pode ocorrer o aumento da formação dos glóbulos vermelhos e de fatores de coagulação do sangue, o que eleva o risco de trombose, hepatite, aparecimento de cistos e tumores malignos no fígado, a redução do bom colesterol (HDL) e o aumento do mau (LDL)", enumera Mancini. Jomar Souza lembra que também há efeitos relacionados à parte ortopédica. "A substância deixa os músculos maiores e mais fortes, mas não tem a mesma ação sobre os tendões, que podem não aguentar o tranco", conta.

Por isso, os médicos alertam as usuárias que, quanto antes o organismo parar de receber a testosterona, melhor. "Se o tempo de ingestão for curto, há mais chance de os efeitos colaterais regredirem", afirma a endocrinologista Nathalia Ferreira, de São Paulo. Porém quem demora a se dar conta do estrago fica suscetível a outros tipos de problema. "Ele não provoca a dependência química, mas a psicológica, o que pode estar ligado à vigorexia", diz Alexandre Hohl. Vigorexia é o nome dado para a síndrome em que a pessoa tem uma preocupação exagerada com o corpo ideal, distorcendo sua autoimagem e se enxergando sempre muito magra e fraca mesmo quando está musculosa.

Não restam dúvidas de que lançar mão do hormônio sem orientação médica é uma furada. Mas será que existe uma maneira correta de usá-lo? Se for com objetivos estéticos, não. "Não há a aprovação da Anvisa para a aplicação da testosterona com esse fim", afirma o nutrólogo com especialização em modulação hormonal Thiago Volpi, de São Paulo.

Um profissional pode, sim, receitar o hormônio, mas só para o tratamento de doenças. "Ela é indicada para mulheres na menopausa. Nessa fase, a reposição da testosterona é bem-vinda para restabelecer a libido e combater a perda de massa muscular, desde que com total controle médico", esclarece Filippo Pedrinola. "Também é indicada em alguns casos de câncer e para anemias muito severas", acrescenta Jomar Souza. "Ainda pode ser aplicada no combate à endometriose", complementa Marcio Mancini.

Raio X da testosterona Trata-se de um hormônio masculino produzido nos testículos e nas glândulas suprarrenais. Ele é responsável por todas as características sexuais dos homens - aparecimento dos pelos, aumento dos músculos, engrossamento da voz e utilização da gordura do corpo. Também está ligado à libido, à agressividade e à disposição. A substância também é produzida nas mulheres, nas glândulas suprarrenais e no ovário, mas em uma quantidade 30 vezes menor.    

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