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Vacinação contra febre amarela cai mais de 40% no país em dois anos

Vacinação contra febre amarela cai mais de 40% no país em dois anos

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:23

A aplicação de vacinas contra a febre amarela vem caindo nos últimos anos no Brasil. Entre 2008, quando 17 milhões de doses foram distribuídas, e 2009, quando o número foi de 10 milhões, a queda foi de 41%. Até maio deste ano, menos de 1 milhão de vacinas foram aplicadas na população, o que correspondente a 10% do total contabilizado em 2009. Em 2007, foram administradas um pouco mais de 3 milhões de vacinas em todo o território nacional.

A febre amarela é uma doença infecciosa transmitida pelo mosquito do Aedes aegypti (o mesmo transmissor da dengue), que aparece em áreas silvestres e urbanas e pode matar. A doença é encontrada em regiões tropicais da América do Sul e da África e considerada endêmica em 34 países, incluindo o Brasil.

A única forma efetiva de prevenção contra a doença é a vacina, que é aplicada no país há pelo menos três décadas e deve ser tomada a cada dez anos. A vacina é oferecida gratuitamente em postos de saúde. Ela é indicada a todos que moram ou vão se dirigir para regiões de mata do Centro-Oeste, da Amazônia, Minas Gerais, do interior de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

O número de casos da doença vinha diminuindo a cada ano no Brasil, chegando a dois em 2006 e 13 em 2007, mas cresceu em 2008 e 2009 e chegou a 46 infecções, o que aumentou a procura pela vacina. Em 2010, o ministério registrou um caso de febre amarela no país, que levou a pessoa à morte no Mato Grosso do Sul.

Queda não causa problema de saúde pública

Os especialistas consultados pelo R7 perceberam a queda como uma possível mudança de foco do brasileiro que, sem notícias de propagação de casos, deixou de procurar a vacina. Para o infectologista Gustavo Johanson, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a exposição de casos na mídia, ou a falta deles, interfere na escolha da população pela vacina.

- Há três anos houve uma grande exposição da doença na mídia, o que levou muitas pessoas a se vacinar por medo. Quando esse número permanece no nível endêmico, o governo não lança mais campanha em nível nacional e isso faz com que o número de doses acabe decaindo.

Mesmo com o número baixo de casos, deixar de tomar a vacina e se dirigir para áreas endêmicas pode significar um risco maior de contrair a doença, segundo o epidemiologista Pedro Tauil, do Núcleo de Medicina Tropical da UnB (Universidade de Brasília).

- A doença tem uma sazonalidade, aparece principalmente em dias mais quentes e chuvosos, entre novembro e maio. As pessoas que se dirigem a essas áreas têm que se vacinar dez dias antes período para fazer efeito.

O epidemiologista afirma que a vacina é considerada segura e, de acordo com alguns estudos internacionais, sua proteção pode ultrapassar os dez anos. No entanto, ela não é indicada para gestantes, alérgicos a ovo, pessoas imunodeprimidas (como portadores de Aids), crianças com menos de seis meses e pessoas que estejam tomando imunossupressores em tratamentos de câncer ou transplante. A estas pessoas vale como recomendação usar repelente e roupas que cubram o corpo, caso precisem estar em áreas de risco.

Já para Johanson, a queda no número de doses não significa um problema de saúde pública.

- Toda campanha gera uma preocupação maior, mas não acredito que isso tenha que ser uma preocupação de saúde pública, porque não se vacina totalmente a população. Se não há uma razão concreta não tem porque se vacinar.

Outro lado

O Ministério da Saúde afirma que a diferença no número de doses aplicadas de um ano para o outro tem origem na validade da vacina, que deve ser administrada somente a cada dez anos. Nos anos de 2008 e 2009, segundo o ministério, “houve um crescimento exagerado da demanda por vacinas contra a doença, devido a um aumento de casos em áreas onde a febre amarela não era registrada há décadas (São Paulo e Rio Grande do Sul), extrapolando as áreas até então consideradas endêmicas".

A ampla divulgação dos casos na época de surto teria ocasionado “uma busca maior pela vacina em quase todo o país, inclusive em locais sem a recomendação da vacina”, segundo o órgão.

Por: Camila Neumam

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