MENU

Saúde

Vitiligo: o mistério da dermatologia

Vitiligo: o mistério da dermatologia

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:06

Caracterizado pela despigmentação da pele, o vitiligo ainda apresenta um diagnóstico confuso. A doença, que foi amplamente divulgada por ter tido como ilustre portador o cantor Michael Jackson, não é contagiosa, mas suas causas e tratamentos permanecem ainda obscuros entre os estudiosos da área. Ainda assim, muitas teorias já foram elaboradas e, segundo especialistas, a cura é possível, como também a regressão natural do distúrbio.

As células que produzem a melanina, proteína responsável pela cor da pele, são chamadas de melanócitos. A perda da pigmentação natural causada pelo vitiligo, segundo o dermatologista Caio César de Castro, se dá pelo desaparecimento total ou parcial destas células. A dúvida permanece justamente no porquê da extinção dos melanócitos.

Uma das teorias, de acordo com Castro, é de que a doença seja ocasionada por um ataque autoimune. "As células de defesa reconheceriam o melanócito como estranho e atacariam", explica o médico, que faz parte da Sociedade Brasileira de Dermatologia. "Outra teoria é a de que um defeito de adesão do melanócito na pele daria início ao vitiligo. Esta teoria é levada em consideração porque os afetados apresentam a doença principalmente em áreas de traumatismos físicos como cortes e queimaduras", revela.

A hipótese neurogênica também é bastante difundida. "Nela, fatores neuroquímicos têm ação tóxica sobre os melanócitos, ou seja, um composto liberado pelo nervo periférico que termina na pele inibe o processo de fabricação da melanina", esclarece Sueli Carneiro, professora da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ e dermatologista do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE/UERJ).

A genética também é apontada pelos especialistas como possível contribuinte para o surgimento da doença, mas fatores psicológicos como estresse e traumas também são relevantes. "O estresse pode piorar o vitiligo, já que altera a resposta imune do corpo", justifica Castro. "Assim como em qualquer doença, traumas físicos ou emocionais podem desencadear o distúrbio quando a pessoa já é suscetível a ele", completa Carneiro.

O vitiligo também pode estar associado a outras doenças de caráter autoimune. "Tireoide, alopecia areata, psoríase, artrite reumatóide, lúpus e diabetes tipo 1 são as mais comuns. Isto porque estes pacientes herdam um grupo de alterações genéticas que estão em uma mesma área do cromossomo", diz Castro.

As manchas brancas, que podem atingir qualquer área da pele e até por completo, podem ser diferenciadas entre segmentar e vulgar. "O vitiligo segmentar tem início, em média, com 16 anos. Ele começa abruptamente e atinge só um lado do corpo em áreas de nervos. Pode atingir até a face, mas depois que se inicia não se espalha para outras regiões do corpo. O vulgar, que é o mais comum, pode atingir qualquer área do corpo e tem uma associação maior com doenças autoimunes", explica o dermatologista.

A falta de melanina nos pacientes com vitiligo, diz Carneiro, torna a pele mais sensível à exposição ao sol, necessitando, portanto, de maior proteção. "Quem tem vitiligo tem mais chance de desenvolver queimaduras, mas curiosamente não tem mais chance de desenvolver câncer de pele. Pesquisas mostraram que o vitiligo provoca um espessamento da pele e apresenta também a produção de substâncias anticancerigenas como um forma de compensação", revela Castro.

A regressão espontânea do distúrbio é possível. "Talvez haja um reestabelecimento da resposta imune", diz o dermatologista. "A regressão espontânea pode acontecer porque num dado momento os melanócitos podem voltar a povoar a área de acromia (ausência de pigmentação)", completa Carneiro.

Fototerapia, corticóides orais e tópicos e transplantes de melanócitos são opções para a repigmentação da pele.. "A repigmentação pode ser de 100%, mas ninguém pode provar que o vitiligo nunca mais retornará", alerta. A terapia psicológica também é apontada como uma possível solução para o problema. "A terapia faz parte do esquema terapêutico e a saúde da pele está profundamente ligada à paz interior", diz Carneiro. "Ela ajuda a equilibrar o sistema imune, mas a forma como isso ocorre ainda terá que ser desvendado", conclui o dermatologista.

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições