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Saúde

Washington promove camisinha feminina para combater HIV

Washington promove camisinha feminina para combater HIV

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:18

Charlene Cotton conversa com qualquer pessoa sobre sexo. Durante a semana, ela senta atrás de uma mesa decorada com uma tigela de preservativos aromatizados e panfletos de sexo seguro, atraindo mulheres que passam pela rua. "Venha até minha mesa. Não tenha medo."

Ela pergunta: "Você já ouviu falar do preservativo feminino?" Então, para mostrar como ele funciona, ela pega seu kit de demonstração --um preservativo e modelos anatômicos.

É uma conversa aparentemente estranha para ter no meio da rua, mas Cotton não tem vergonha. Ela faz parte de um esforço municipal para promover os preservativos femininos, na esperança de que eles possam ajudar a conter a propagação do vírus HIV em Washington, que tem uma das maiores taxas de infecção dos Estados Unidos.

Os grupos comunitários estão distribuindo 500 mil preservativos femininos, flexíveis e mais amplos do que os masculinos, mas semelhantes em tamanho, durante sessões educativas em salões de beleza, igrejas e restaurantes.

As camisinhas estão disponíveis em todas as drogarias da capital americana --apesar de as vendas estarem estagnadas-- tornando Washington o único lugar onde as pessoas podem encontrá-las nos EUA fora de uma clínica de saúde. Além disso, os funcionários municipais estão começando outra campanha: um site e cartazes espalhados por 460 ônibus, cerca de um terço da frota da cidade.

Os anúncios, que apresentam um casal, uma embalagem do preservativo feminino e a frase "Se ligue nela", terão a duração de três meses. "A camisinha feminina, com pontos de prazer para ela e para ele, provoca, satisfaz, e protege. Dê uma chance", convida o anúncio.

"Todo mundo está apoiando a iniciativa", disse Mary Ann Leeper, que lidera a iniciativa nos EUA pela Female Health Co. de Chicago, a única fabricante.

A questão é verificar se o melhor acesso significa que as mulheres vão usar o preservativo. É uma questão crucial em Washington, onde um estudo de 2009 levantou que cerca de 3% da população da cidade acima de 12 anos de idade tem Aids. Isso é uma epidemia grave, de acordo com o Centro Federal de Controle de Doenças e Prevenção, porque mais de 1% dos moradores são afetados.

Após a liberação do estudo, o departamento de saúde da cidade surgiu com o plano de divulgação de preservativos femininos, e o fundo The Mac Aids doou US$ 500 mil para dar início ao projeto.

Washington não é a primeira cidade a distribuir preservativos femininos, mas sua campanha é a mais ampla. Nova York oferece camisinhas femininas desde 1998, e ONGs doaram cerca de US$ 930 mil à causa no ano passado. Mas apenas uma versão mais antiga do preservativo é vendida em algumas lojas fora de Washington.

O FDA (órgão que fiscaliza alimentos e medicamentos nos EUA, similar à Anvisa) aprovou os preservativos femininos em 1993, embora eles nunca tenham sido amplamente disponíveis nos EUA. Leeper estima que apenas 1% ou 2% da população já experimentou.

Isso acontece em parte porque a versão original não era popular. Usuários reclamaram do preço, cerca de US$ 3,60 por um único preservativo. Outros disseram que o material de poliuretano lembrou-lhes de uma luva de exame médico e soou como um saco de plástico sendo amassado, quando usado.

Cerca de um ano atrás, no entanto, o FDA aprovou uma nova versão do preservativo chamada FC2. Feito de um material sintético chamado nitrilo, é mais barato --custa cerca de US$ 2 cada um-- e não faz ruídos.

Ainda assim, é mais caro do que um preservativo masculino tradicional, e muitas mulheres que os veem pela primeira vez são intimidadas por seu tamanho ou desconforto com a possibilidade de inseri-lo. Os defensores estão tentando ajudar as mulheres a superar o obstáculo do "Você quer que eu ponha o quê, onde?".

Eles defendem que a camisinha feminina é tão eficaz quanto o preservativo masculino na prevenção da gravidez, do HIV e de doenças sexualmente transmissíveis --e como o preservativo feminino abrange uma área maior, pode fornecer ampla proteção. Ele pode ser inserido até oito horas antes da relação sexual. E, mais importante, permite que a mulher esteja no controle de qual proteção será usada.

Theresa Exner, uma pesquisadora que já desenvolveu trabalhos sobre o preservativo feminino, disse que os funcionários da campanha têm uma tarefa difícil, mas não impossível. Usar a camisinha feminina pode ser complicado, mas estudos sugerem que a promoção do feminino ao lado do preservativo masculino aumenta a utilização global.

"Hámuitos pontos positivos do uso do preservativo feminino. O truque é educar as pessoas para que possam se sentir confiantes de que podem usá-lo", disse Exner, que trabalha no Centro de HIV para Estudos Clínicos e Comportamentais no Psychiatric Institute da Universidade de Columbia do Estado de Nova York.

A demonstradora Charlene Cotton disse que o primeiro passo é ajudar as pessoas a se familiarizarem com os preservativos. Ela demonstra como inseri-lo e faz as pessoas sentirem e segurá-lo. Ela dá três camisinhas a cada mulher e também faz sua demonstração para os homens.

Nikita Fletcher, 39, que assistiu à apresentação de Cotton recentemente, disse que estaria aberto para experimentar o preservativo com sua parceira, mas não tem certeza sobre seus amigos.

"Os homens se sentem intimidados para tentar coisas novas, principalmente coisas sobre as quais não temos controle", disse.

Jamika Roundtree, 24, que também assistiu à apresentação e saiu com três preservativos, disse que estava disposta a experimentar. Poucos dias depois, ela relatou que o preservativo feminino não irritou seu corpo como os preservativos de látex e que foi fácil de usar.

"É melhor do que qualquer outro preservativo que já usei", disse ela.

Postado por: Felipe Pinheiro

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