África do Sul - Um roteiro pelos safaris

África do Sul - Um roteiro pelos safaris

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:48

Uma viagem para a África do Sul é sempre associada à vida selvagem. Não por acaso: fazer um safári e ver bem de perto leões, elefantes, rinocerontes e outros grandes animais das savanas é uma experiência marcante, única, que se deve ter uma vez na vida. O melhor é que o país tem muito mais a oferecer.

Uma vez na África do Sul, você vai ficar maravilhado com a beleza e a modernidade de suas cidades e a variedade étnica e cultural. Da riqueza e diversidade da cultura zulu à exuberância da natureza na Rota Jardim, que liga o Oceano Atlântico ao Índico; ou a belísima Cidade do Cabo e os vinhedos nos arredores – sim, o vinho sul-africano é dos melhores do mundo. Tudo começa com o desembarque em Johannesburgo, a maior cidade. De lá, é só traçar o rumo e se surpreender a cada dia.

A maior atração da África do Sul é mesmo o safári. É o melhor motivo que você tem para fazer as malas. Eles são oferecidos por parques e reservas privadas de animais que estão espalhadas por praticamente todo o país. São caros, é verdade: uma diária numa dessas reservas não sai por menos de US$ 400 e pode passar dos US$ 1.500 por pessoa. Mas, se servir de consolo, o preço inclui, além dos safáris, todas as refeições, inclusive os ótimos vinhos sul-africanos. Vale a pena: emoções assim são como poucas.

A ideia dos safáris é a de participar de um jogo cujo objetivo, tempos atrás, era o de caçar os chamados big five, ou os cinco grandes animais da savana: leão, leopardo, rinoceronte, elefante e búfalo. Por isso, animais selvagens são chamados genericamente de game (a mesma palavra para jogo, em inglês), e as reservas de animais, de game reserve. Em tempos de preservação da fauna, o jogo continua, mas os disparos agora são feitos por câmeras fotográficas. Melhor assim.

A maioria das reservas têm pousadas luxuosíssimas (os lodges) para acomodar os hóspedes e oferece dois game drives, as saídas com veículos 4×4 para observação, um antes do sol nascer e outro à tarde, que avança pela noite – já que os felinos, por exemplo, têm hábitos noturnos e são melhor observados nesse horário. Algumas saídas terminam a noite com um boma, que é a refeição ao ar livre, em volta da fogueira, e onde normalmente são servidas carnes de caça regadas a muito vinho.

As reservas mais famosas estão dentro da área do Kruger Park, o maior parque nacional da África do Sul. São reservas privadas, que recebem concessão de uso da área em troca da preservação. Lá estão, por exemplo, o Sabi Sabi Game Reserve, um dos melhores, e que abriga quatro lodges em sua área. O Mala Mala Game Reserve, na mesma região, também é recomendado. Se você viaja por conta própria, pode agendar transfers aéreos e rodoviários de várias cidades da África do Sul até esses parques. Vale lembrar ainda que, como o Kruger Park está localizado numa área onde há ocorrência do mosquito da malária, é recomendável consultar um médico sobre medicações preventivas.

Há também reservas na região sudeste do país, nas proximidades da cidade de Port Elizabeth. Não são tão tradicionais como as do Kruger Park, mas têm a vantagem de se localizar numa área onde não há malária. Uma das mais famosas é a Shamwari Game Reserve, visitada pelo repórter de Viaje Mais (veja quadro) que, a exemplo das outras, oferece pensão completa e dois safáris, um pela manhã e outro no final da tarde. O Shamwari conta com seis luxuosíssimos lodges nas suas dependências. Quem viaja por conta própria também pode agendar transfers para lá a partir de Port Elizabeth.

Como a maioria dos safáris acontece em reservas privadas, os animais são monitorados constantemente pelos rangers, que trocam informações pelo rádio sobre a localização dos grupos. E alguns deles, como os leões, são avistados mais facilmente, pois marcam território e permanecem nele. O Sabi Sabi conta ainda com um tracker, um rastreador profissional, que vai sentado numa cadeirinha no capô do carro para seguir as trilhas dos animais. Ou seja, é quase impossível não topar com pelo menos três dos cinco grandes. Vale ainda lembrar que é importante consultar a idade mínima permitida nas reservas. Como na África do Sul os game drives são proibidos para menores de seis anos, muitos hotéis não aceitam crianças.

O nome já diz tudo. A Rota Jardim é um dos roteiros mais interessantes e belos da África do Sul. Trata-se de uma região de parques, montanhas e pequenos balneários do litoral meridional do país com inúmeras atrações pitorescas no percurso, feito por rodovias em excelente estado de conservação. A partir da Cidade do Cabo, no litoral do Oceano Atlântico, são cerca de 250 km até a pequena cidade de Heidelberg, onde a Rota Jardim começa oficialmente. Daí até o Parque Nacional Tsitsikamma, o final, são cerca de 350 km pela Rodovia N2.

Se quiser continuar viagem até Port Elizabeth, no litoral do Oceano Índico, são mais 180 km. O único senão é que você terá de dirigir em mão inglesa, do lado direito do carro.

Mossel Bay é, talvez, a mais pitoresca das cidades da Rota. Fica exatamente na metade do caminho entre a Cidade do Cabo e Port Elizabeth, já no litoral do Índico. Tem bons hotéis e restaurantes, praias a esportes radicais. É, portanto, um ótimo lugar para ficar por uns dias antes de seguir viagem.

Trata-se de um simpático balneário que, entre outras coisas, serviu de porto seguro ao navegante português Bartolomeu Dias em 1488, assim que sua esquadra venceu o Cabo das Tormentas, rebatizado para Cabo da Boa Esperança. Um dos melhores programas é visitar o Dias Museum Complex, onde, entre outras atrações, é possível subir a bordo de uma réplica da caravela do intrépido navegante.

Mossel Bay é também um dos melhores pontos do litoral para a observação de baleias de várias espécies durante o segundo semestre, especialmente na primavera – a baleia franca do sul é a mais comum – e golfinhos nariz-de-garrafa. Não deixe de ir à praia sem os binóculos usados no safári.

Vale também subir ao Cabo de São Brás, onde fica o farol construído em 1864. Além de uma das mais belas vistas da cidade, também é um bom local para observação. De quebra, você conhece uma caverna que teria sido habitada pelos bushmen, os ancestrais africanos, há cerca de 70.000 anos.

Os mais radicais podem ainda encarar um tubarão branco mergulhando em gaiolas – com acompanhamento de pessoal especializado, lógico. Mesmo assim, haja adrenalina…

Seguindo adiante pela rodovia N2, há vários pequenos balneários dignos de visita. Como George, a capital da Rota Jardim, onde fica o melhor campo de golfe do país.

Em Knysa, comércio, restaurantes e passeios

Depois de rodar uns 100 km, você chega em Knysna (pronuncia-se “naisna”), outra cidade em que vale a pena uma parada mais prolongada. Fica às margens da lagoa formada pelo estuário do rio que dá nome à cidade, que se estende até misturar suas águas com as do mar em uma garganta estreitada por dois promontórios, um de cada lado, conhecidos como The Heads (as cabeças).

Knysna é famosa pelo seu Waterfront, um centro comercial no cais que concentra lojas, cafés e restaurantes; também pelas suas ostras – há até um festival anual dos moluscos que acontece em julho. Há também bons passeios.

Um deles percorre a lagoa até as Heads, em um grande e luxuoso barco movido por duas rodas de pás laterais. São operados pela Featherbed Company e saem do próprio Waterfront. Se tiver tempo, vale fazer uma viagem no Outeniqua Choo-Tjöe (pronuncia-se “uteníqua tchu tchu”), um trem a vapor muito charmoso. Ele leva cerca de duas horas para chegar em George, sempre pela costa, muito perto do mar, revelando paisagens estonteantes.

Se você gosta de aventura, vale a pena ainda seguir viagem até o Parque Nacional Tsitsikamma, cerca de 70 km adiante. Mais especificamente, na Bloukrans Bridge, a ponte sobre o rio Bloukrans, onde a Face Adrenalin oferece um cardápio variado de aventuras. A mais radical é o bungee jumping – o maior do mundo, com 216 m de altura, segundo o Guiness Book. São cerca de 30 segundos de muita adrenalina ponte abaixo. Se você não é tão radical assim, pode optar pelo Flying Fox, uma tirolesa que desliza sob os arcos da mesma ponte por 200 m. Para terminar a Rota Jardim com fortes emoções.

Poucas cidades no mundo são tão encantadoras como a Cidade do Cabo, na província de Western Cape. A exemplo do Rio de Janeiro – a comparação é inevitável –, é uma grande cidade que se esparrama por um litoral de rara beleza, já quase no ponto onde o Atlântico se encontra com o Índico. A Table Mountain (montanha da mesa) domina o horizonte. É a assinatura da cidade, assim como o Pão de Açúcar é um dos símbolos do Rio. Até bondinho eles têm.

Graças à sua localização geográfica privilegiada, foi lá que, em 1652, o holandês Jan van Riebeeck, da Cia. das Índias Holandesas Orientais, fundou um posto estratégico para os navios que seguiam para a Índia. Muitos empregados ficaram e acabaram virando fazendeiros, começando o processo de colonização. Hoje, a Cidade do Cabo, capital legislativa da África do Sul, é uma metrópole ao mesmo tempo cosmopolita e descontraída, com população na sua maioria dividida entre negros da etnia xhosa, africânderes (descendentes dos colonizadores holandeses do século 17) e ingleses.

Há muito o que fazer por lá, desde passear no bairro malaio, com suas casinhas coloridas e mesquitas, até a visita ao Victoria & Alfred Waterfront, um sofisticado centro comercial construído na área do porto mais chique do mundo. Lá funcionam lojas de roupas de grife, joalherias, arte e artesanato, além de excelentes restaurantes. O melhor é que os preços são muito parecidos com os brasileiros.

Graças à latitude e influência de dois oceanos, a região no entorno da Cidade do Cabo possui clima temperado e uma vocação invejável para a viticultura. Conta-se que, pouco depois de criar o posto, van Riebeeck mandou trazer algumas cepas da Europa, acreditando que o vinho pudesse atenuar o escorbuto dos marinheiros. E, auxiliado por imigrantes huguenotes franceses, conseguiu a primeira safra em 1659, apenas sete anos depois.

Hoje a África do Sul é um dos maiores produtores mundiais de vinho. Que, aliás, fazem bonito nas melhores cartas no mundo.

Conheça a região do vinho

Um dos grandes passeios é justamente visitar as vinícolas tradicionais, muitas delas com casas no estilo cape dutch, de influência holandesa, e degustar vinhos e outras iguarias. A vindima é feita em março e abril.

Saindo da cidade pela Rodovia N1, não é preciso rodar mais de 50 km para se chegar aos primeiros produtores, nas cidades de Paarl e Wellington. Mas o passeio está só começando: siga pela N1 até Worcester e pegue a R60, a chamada Rota do Vinho, em direção a Robertson e Montagu, e você estará na maior extensão vinícola do mundo.

Outro passeio obrigatório é o Cabo da Boa Esperança, a cerca de 90 minutos da cidade por uma estrada costeira e muito pitoresca, a Chapman’s Peak Drive. A região da península abriga vários pequenos balneáreos, como Simon’s Town. Perto, vale a pena conhecer o Boulder’s Penguin Colony, uma área que abriga uma colônia de mais de 3.000 pinguins africanos – sim, há pingüins nativos da África do Sul, graças à fria corrente marítima de Benguela. A entrada principal fica na Praia de Seaforth.

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