Galápagos, 2ª maior Reserva Marinha do planeta, é destino certo para quem busca um verdadeiro contato com a natureza

Galápagos, 2ª maior Reserva Marinha do planeta, é destino certo para quem busca um verdadeiro contato com a natureza

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:28

Assim que o banhista deixa as águas furiosas da praia Brava, uma imensa iguana negra, despreocupada, volta do almoço e ainda posa, imóvel, para as câmeras de alguns raros visitantes. Da rocha ao lado, um pelicano mergulha afobado, pela centésima vez, para tentar pescar algum peixe aprisionado nas piscinas naturais formadas pela maré baixa. No calçadão da ilha vizinha, em pleno porto de San Cristóbal, imensos leões marinhos mal percebem o desembarque confuso de malas e turistas estrangeiros.

O arquipélago de Galápagos, conjunto de ilhas vulcânicas a 1.000 km do continente, tem paisagens naturais para viajante (e cientista) nenhum botar defeito: areias brancas banhadas pelo Pacífico, vulcões ainda em atividade, extensas áreas verdes com flora endêmica e uma exclusiva área marinha com 133 mil km², considerada a segunda maior Reserva Marinha do mundo.

No entanto, nesse selvagem cenário equatoriano, considerado um dos arquipélagos oceânicos mais complexos do planeta, o maior e melhor atrativo da região ainda é a vida animal e seu sensível ecossistema.

Embora tenha sido descoberta em 1532, essa região formada por mais de 50 ilhas e ilhotes só começou de fato a ser colonizada três séculos mais tarde, o que garantiu a seus ilustres e exclusivos habitantes (os animais, claro) a preservação de uma biodiversidade original e intocável durante anos.

O resultado é uma maior tolerância à aproximação humana que, associada à formação vulcânica das ilhas e ao encontro de correntes de águas quentes e frias vindas dos extremos do planeta, é responsável por um emocionante espetáculo da natureza que inclui espécies raras como as tartarugas gigantes centenárias da Ilha Santa Cruz, iguanas marinhas únicas em todo o mundo, simpáticos gansos patolas de patas azuis e desengonçados leões marinhos que cruzam, sem pressa, o caminho de visitantes.

São tantos estímulos para os sentidos que o mais ilustre dos visitantes (esse, sim, humano) não poderia deixar passar em branco sua visita a esse gigantesco laboratório ao ar livre com 8 mil km² de terra firme. Quando Charles Darwin partiu daquele território inóspito, em 1835, levava na bagagem experiências suficientes para sustentar a mais polêmica das teorias científicas dos séculos seguintes, a Teoria da Evolução, cujos 150 anos de sua publicação são comemorados em 2009.

Os dias naquelas ilhas quase desabitadas e desconhecidas foram de intensos trabalhos de coleta de dados e, cinco semanas mais tarde, o jovem cientista inglês trazia nas malas argumentos suficientes para fazer o mundo refletir sobre a ideia de que a raça humana não é superior e que todos os animais são resultado de adaptações ao meio ambiente e mudanças genéticas passadas de geração em geração.

Declarado Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera, pela Unesco, o arquipélago de Galápagos é formado por 13 ilhas maiores, seis pequenas e outras dezenas de ilhotes e rochas que abrigam, cada uma, um habitat com características únicas, cujas espécies animais são encontradas apenas naquele pedaço de terra.

Ainda assim, apenas 3% de seu território são habitados. Santa Cruz, principal ilha de Galápagos, São Cristóbal, Isabela, Floreana e Baltra são as únicas com desembarque e permanência permitidos para visitantes, cenários suficientes para compreender por que Darwin e todos os outros investigadores da expedição HMS Beagle deixaram aquele terreno vulcânico carregados de questionamentos.

Por isso, se a sua estadia for inferior a uma semana, é melhor rever a programação. Ou você acredita que um arquipélago com mais de cinco milhões de anos com sete mil animais catalogados merece uma visitinha rápida?

Aliás, se a ideia for lagartear sob sol forte em praias de areia branca, o destino também deve ser repensado. Que nos perdoem os simpáticos e receptivos ilhéus, mas a vida animal e o entorno exclusivo de Galápagos, em que o endemismo faz parte de 75% das plantas e 25% dos organismos marinhos, ainda são o principal motivo que atrai os 170 mil turistas que, anualmente, visitam a região.

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