Ouro Preto 40MG41 mistura brilho e cenário de destruição

Ouro Preto 40MG41 mistura brilho e cenário de destruição

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:28

Ouro Preto perturba. Ao mesmo tempo que tem debaixo dos olhos obras de gênios do barroco, como Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (c.1738-1814), e Manuel da Costa Athayde (1762 -1830), prédios e a praça que remetem ao ciclo da mineração e à Inconfidência, o turista é levado a observar um cenário de destruição e desmazelo.

Igrejas levantadas nos séculos 18 e 19 hoje estão repletas de infiltrações no teto e nas paredes e devastadas pela ação de cupins; ruínas de um casarão do século 18 (que veio abaixo após um incêndio em 2003) permanecem cobertas por tapumes. Como se isso não bastasse, é constante o tremor causado pelos ônibus que passam diariamente em terreno histórico.

Para o bem e para o mal, a cidade ainda brilha. Ao visitar o lugar reconhecido pela Unesco como patrimônio da humanidade, o melhor ponto de partida é a praça Tiradentes, onde numa ponta fica o Museu da Inconfidência e na outra o Museu de Mineralogia da Escola de Minas, e daí seguir para os templos barrocos.

De um lado da praça Tiradentes, fica a matriz Antônio Dias; do outro, a do Pilar. As famosas igrejas, como a da Ordem Terceira de São Francisco de Assis e a Nossa Senhora do Carmo, se submetem a essas duas importantes paróquias. É interessante ver que até hoje os moradores deixam claro a qual freguesia pertencem.

Isso é resquício dos tempos do ouro, quando a antiga Vila Rica tinha dois arraiais, Ouro Preto de um lado, com a matriz do Pilar, também chamada de Fundo de Ouro Preto, e Antônio Dias do outro, com a igreja Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, ambas no comando.

Pertencente à freguesia de Antônio Dias, a igreja São Francisco de Assis, que começou a ser levantada em 1766, é uma das obras mais lindas de Ouro Preto. É o máximo do rococó, e o forro de mestre Athayde com anjos que marcaram o estilo deixam o pescoço dolorido. Também rococó, a Nossa Senhora do Carmo, 1766 a 1772, encanta.

Um pouco fora do circuito turístico de templos ao redor da praça Tiradentes, duas igrejas no Morro da Queimada mostram uma parte onde a arquitetura colonial mistura-se à urbanização descontrolada, a sobrados e a puxadinhos de alvenaria.

Nesse bairro, visite a Santa Ifigênia e a capela do Padre Faria. Essas seriam igrejas de escravos. Naquela época, cada fiel tinha sua irmandade (brancos, mulatos e negros), e as igrejas eram levantadas por doações e para mostrar a devoção a determinado santo e o quanto de dinheiro seus fiéis podiam dispor para deixá-la mais rica. Ao ir ao outro lado dá para entender um pouco dessa lógica. A construção da primeira, de 1720 a 1785, é atribuída a Chico Rei, escravo que conquistou sua liberdade e comprou a de outros companheiros com dinheiro obtido na exploração de minas.

Quem não estiver disposto a caminhar e enfrentar subidas íngremes pode pegar um ônibus que vai a Padre Faria em frente à feira de artesanato no largo do Coimbra, diante da igreja São Francisco de Assis.

Por: Margarete Magalhães

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições