Paraíso do ecoturismo, Aiuruoca preserva a natureza no sul de Minas

Paraíso do ecoturismo, Aiuruoca preserva a natureza no sul de Minas

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:27

No title Quando o sol raiou no tão esperado dia desta viagem, eu já ia longe. Acelerava meu fusquinha numa paisagem de cartão postal pelo Sul de Minas, um caminho muito especial. E também Real, para minha surpresa. É o que indicavam as placas: aqui e ali, Sua Majestade, a Estrada Real, ora atravessava o asfalto, ora se unia no traçado da rodovia moderna. Assim, sem antes planejar, acompanhei parte desse caminho construído para escoar o ouro de Vila Rica (Ouro Preto) ao porto de Paraty. E fui passando por diversas cidades que surgiram às suas margens na época colonial, até chegar ao meu destino, Aiuruoca, um antigo arraial minerador de 1706.

Antes mesmo de chegar, faltando poucos quilômetros para entrar na cidade, tive uma bela recepção; o Pico do Papagaio, uma imponente formação rochosa de 2100m, um dos pontos mais altos do município. Vem dele o nome da cidade, originalmente do tupi ajuru (papagaio) e oca (casa), pois viviam no local bandos de papagaios de peito roxo.

O maciço de pedra está protegido pelo Parque Estadual da Serra do Papagaio, uma área de 22.917 hectares com incontáveis atrativos e uma natureza singular. Parece brincadeira, mas logo na primeira caminhada encontrei Pau-Brasil, arbustos retorcidos como a Candeia e muitas Araucárias, respectivamente, vegetação típica de mata atlântica, cerrado e mata de altitude. A fauna, do mesmo modo, se espalha triplicada pelas montanhas. Tucanos, lobos-guará e até onças também podem ser vistas na região.

Essa biodiversidade toda se espalha ainda pela APA (Área de Preservação Ambiental) da Serra da Mantiqueira, que abrange cerca de 50% de Aiuruoca. Dentro dela, há o Vale do Matutu, a 17 km da cidade. Unidos, os moradores do Matutu se esforçam na conservação e manutenção das florestas nativas. E nos combates a incêndios - os próprios guias são brigadistas voluntários. O acesso, complicado nos dias de chuva, recompensa qualquer esforço. E aqui vai um conselho de amigo: se você não dispõe de veículo apropriado e/ou não tem experiência em dirigir em estrada de terra, deixe o carro na cidade e siga tranqüilo nos veículos próprios das agências, com guia incluso. Como o carismático Herbie 53, um fusquinha decorado à imagem e semelhança de seu primo hollywoodiano.

Em Aiuruoca quase todo o relevo é montanhoso e acidentado, com apenas 5% de terrenos planos. Por isso, o lugar conta com mais de 80 cachoeiras e ribeirões. Entre eles, o rio Aiuruoca, com a nascente mais alta (e provavelmente gelada) do país, a 2.450m, e a maravilhosa Cachoeira do Tombo, com acesso a pé a partir da cidade.

Um animado carnaval sacode a cidade uma semana antes do resto do Brasil. A tradição começou na década de 1930, na verdade, com a proibição da festa na data oficial, pois segundo o então pároco Monsenhor Nagel, o período deveria ser aproveitado para vivências, reflexões e orações. Generoso, porém, permitiu sua realização na semana anterior, criando um diferencial que atrai desde então cada vez mais foliões.

Seja para descanso, badalação ou caminhar pelas trilhas, planeje bem sua viagem. Os meses de novembro a fevereiro são os mais quentes e chuvosos (leve uma capa impermeável). Já entre abril e agosto o tempo fica mais firme; em compensação, os termômetros despencam durante a noite (não se esqueça dos agasalhos). E para garantir o sucesso do passeio acrescente na lista um bom par de botas para caminhar, cantil, protetor solar, boné e o mais importante, um reforçado café da manhã.

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