'Berço de bandeirantes'. É assim que Santana de Parnaíba, com toda a razão, se proclama. Localizada a 40 quilômetros do centro de São Paulo, a cidade foi, nos séculos 16, 17 e 18, quando ainda era vila, ponto de partida dos sertanistas que se dirigiam ao interior do Brasil em busca de riquezas e escravos. A história todos sabem: eles desbravaram, enriqueceram e escravizaram - e seu ímpeto explorador é até hoje motivo de orgulho para esse município de 100 mil habitantes.
Santana de Parnaíba, talvez por sorte, não experimentou o crescimento desenfreado de São Paulo. Seu lado histórico, portanto, destaca-se como o seu grande cartão de visitas. A cidade se gaba de abrigar 209 edificações tombadas pelo Condephaat - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico. Algumas são da época das bandeiras e outras foram erguidas posteriormente, nos séculos 18, 19 e 20, período durante o qual Santana de Parnaíba experimentou momentos de depressão (a vila foi deixada de fora do sistema ferroviário paulista) e de progresso (com a construção, por exemplo, da usina hidrelétrica da Light, nas águas vizinhas do rio Tietê).
No presente, o município quer prosperar com o turismo, e atendeu em seus museus, em 2008, quase 20 mil visitantes (isso sem contar as centenas de milhares de pessoas atraídas por eventos de época, como o carnaval e a celebração de Corpus Christi). A cidade tem um centro histórico belo e acolhedor, e oferece ótimas opções de entretenimento e gastronomia - além de continuar sendo ponto de partida para explorações mata adentro: aqui, jipeiros se reúnem antes de começar trilhas nas colinas da região e peregrinos se encontram para suas caminhadas rumo ao interior do Estado.
A paisagem local é dominada pela Igreja Matriz, inaugurada no final do século 19. Em seu interior, um altar dourado exibe a imagem de Santa Ana, a avó de Jesus Cristo e padroeira da cidade. A construção chama a atenção por sua torre solitária e por completar a praça 14 de novembro, com seu coreto de ferro importado da Inglaterra. Números musicais e uma feira de artesanatos animam o espaço todos os domingos.
O casario antigo, erguido em sua maioria com taipa de pilão, rodeia a igreja e segue o ondular das ruas do centro histórico. Alguns desses edifícios estão abertos aos turistas. O Museu Casa do Anhanguera, por exemplo, é modelo de residência bandeirista na cidade e, nada mais justo, leva a alcunha de um dos mais famosos pioneiros do país (Anhanguera, ou diabo velho, foi o apelido dado ao bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva pelos índios). Erigida no começo do século 17, a casa expõe objetos usados no cotidiano de Santana de Parnaíba em tempos idos.
Há também a Casa da Cultura Monsenhor Paulo Florêncio da Silveira Camargo - sobrado construído no século 18 que hospeda a Secretaria de Cultura e Turismo da cidade - e o Cine Teatro Coronel Raymundo, uma belíssima edificação do final do século 19 que dá espaço a atividades culturais.
Mas ações simples, como dormir e comer, também tomam dimensão especial em Santana de Parnaíba. Muitos dos restaurantes do centro da cidade funcionam dentro de imponentes edifícios seculares e, no quesito hospedagem, a pousada 1896 é uma opção imbatível: trata-se de um casarão do século 18, grande e arejado, que, por preços módicos, transporta o viajante a tempos remotos da história de São Paulo.
Samba de bumbo
Cenários históricos, no Brasil, combinam com festas de rua, e em Santana de Parnaíba não poderia ser diferente. A cidade promove um dos carnavais mais tradicionais do Estado, com blocos enlouquecidos e apresentações de músicas folclóricas africanas, como o samba de bumbo.
Eventos como a encenação da paixão de Cristo e a celebração de Corpus Christi (que cobre as ruas do centro histórico com um tapete de serragem colorida de quase um quilômetro) são também atrações famosas e transformam o município em importante destino religioso.
E no segundo sábado de cada mês, um grupo de músicos sai à noite pelas ruas da cidade a entoar serenatas, cercados pelos antigos sobrados da velha Parnaíba.
Lugar de muitas trilhas
Se no passado Santana de Paranaíba foi ponto de largada das expedições dos bandeirantes, hoje o local atrai outro de tipo de exploradores: os jipeiros. Parnaíba, que em tupi significa lugar de muitas ilhas, devido ao sinuoso trecho do rio Tietê que a margeia, adquire outro sentido para os donos dos 4x4: o lugar é, para eles, o paraíso das muitas trilhas.
Mensalmente, jipeiros se reúnem ao lado da Igreja Matriz e partem rumo às colinas que circulam o município, onde podem se saciar com terrenos lamacentos e muito mato. De acordo com Edinilson da Silveira, presidente da Associação Amigos Jipeiros de Parnaíba (Aajipar), são seis as trilhas principais da região, cujas extensões variam entre 3 km e 9 km. Santana de Parnaíba é um dos melhores lugares para se fazer trilha em São Paulo. A topografia da região mistura todos os tipos de terreno, ótimos para trabalhar a suspensão do carro, afirma ele.
E para aqueles que preferem a boa e velha caminhada, há uma opção desafiadora: Santana de Parnaíba é o ponto de partida da peregrinação Caminho do Sol, um percurso de 241 quilômetros que termina em Águas de São Pedro. Sua inspiração são os caminhos a Santiago de Compostela e a empreitada dura nada menos que 11 dias (mas também pode ser feita com bicicleta, em três dias). Mas se a proposta soar muito espiritual, há a alternativa oferecida pelo Roteiro dos Bandeirantes, que leva os turistas a oito cidades nas margens do Tietê que fizeram parte da polêmica e significativa história de Anhanguera e companhia.
Como chegar
De carro - Entrar na rodovia Castelo Branco (SP 280), sentido interior, e seguir até a saída 26B, acesso a Barueri (após Alphaville). Seguir pela rodovia Estrada dos Romeiros por 14 km, até chegar a Santana de Parnaíba. De transporte público - Na estação Barra Funda, tomar o trem (CPTM) sentido Itapevi, e descer na estação Barueri. No terminal rodoviário em frente à estação de trem de Barueri, tomar o ônibus Pirapora, que passa ao lado centro histórico de Santana de Parnaíba.
Onde ficar
Newton Plaza Hotel. Avenida Tenente Marques, 5688 Fazendinha. Telefone. (11) 2808-6333 Pousada 1896. Rua Santa Cruz, 26 Centro. Telefone. (11) 4154-1680
Trilhas para veículos
A lista abaixo é da Associação Amigos Jipeiros de Parnaíba (Aajipar). Por motivos de segurança, a entidade recomenda que as trilhas sejam feitas por mais de um veículo, com equipamentos apropriados - como cintas-reboque, manilhas, pá e enxada. Para mais informações, ligue: (11) 9441-5712.
Trilha Roberta Close Região Jaguari/Alphaville
Dificuldade: média Entrada pelo bairro do Jaguari ou Alphaville / Saída pelo bairro da Cidade São Pedro Extensão: aproximadamente 6 km Trilha das Águas Região do bairro da Fazendinha.
Dificuldade: média Entrada pela Estrada Marica Marques / Saída pela estrada do bairro do 120. Está situada dentro de uma área de reflorestamento de eucaliptos. Extensão: de 7 a 8 km Trilha da Placa Localizada no município de Cajamar.
Dificuldade: alta Entrada próxima ao centro velho de Cajamar / Saída pela estrada de ligação entre Cajamar e o bairro de Ponunduva, no município de Pirapora. Extensão: de 8 a 9 km Trilha da Bica Localizada na região da Trilha das Águas.
Dificuldade: alta Entrada pela estrada de ligação do bairro do 120 ao centro velho de Cajamar / Saída pela estrada de ligação entre Cajamar e o bairro de Ponunduva, no município de Pirapora. Extensão: 3 km Trilha das Garças Localizada na região do centro e do bairro Chácara das Garças.
Dificuldade: média Entrada pelo bairro Chácara das Garças / Saindo pelo bairro Vila Poupança. Extensão: 5 km Trilha do Fundão Próxima ao condomínio New Ville.
Dificuldade: média Entrada pela estrada do Sitio de Baixo / Saída próxima ao condomínio de Aldeia da Serra. Extensão: 4 km Obs: Necessária autorização prévia dos proprietários
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