Tahiti e Bora Bora: luxo e conforto em um cenário de encher os olhos

Tahiti e Bora Bora: luxo e conforto em um cenário de encher os olhos

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:30

Quem não ouviu já falar do Tahiti ou de Bora Bora? São destinos que fazem parte do imaginário do comum dos mortais e para onde qualquer um gostaria de ir rumo a umas férias inesquecíveis. Escolhidos por casais em lua-de-mel ou como alternativa muito romântica ao casamento tradicional, estes pedaços de terra perdidos no Pacífico Sul são, sobretudo, incontornáveis. Pelo menos, uma vez na vida.

É claro que para  europeus - à exceção dos franceses - deslocar-se até à Polinésia Francesa não é exactamente o que se pode apelidar de ''pechincha'', mas o esforço financeiro é amplamente compensado pela sua beleza extasiante. Os cinco arquipélagos que a constituem - Sociedade, Tuamotu, Marquesas, Gambier e Austrais - , estendem-se ao longo de 4,5 milhões de quilómetros quadrados de oceano e são formados por ilhas e atóis de origem vulcânica ou coralígena (formadas pela acumulação de corais).

A história conta que foram as ilhas Marquesas as primeiras a serem povoadas através de vagas migratórias vindas do sudoeste asiático e compostas por marinheiros em piroga, há cerca de 30 mil anos. Mas a verdade é que. hoje e desde a chegada dos primeiros europeus em 1767, a ilha do Tahiti, no arquipélago da Sociedade, é a mais populosa. Naturalmente, foi aqui que se construiu o primeiro aeroporto e é também aqui que a maioria dos turistas aterra.

À primeira vista, a ilha não parece corresponder às expectativas e a todas as fotografias e postais que se vêem nas revistas ou nos panfletos das agências de viagens. Logo à saída do aeroporto não fora a humidade, a temperatura amena e o sol a brilhar, não parece que se chega a um destino tropical. Com a confusão e o burburinho do trânsito pode-se até questionar se o piloto não se terá enganado na rota. Apenas os traços característicos dos rostos e a tonalidade castanha dourada da pele dos polinésios denuncia o local. Depois no percurso que se faz para chegar à capital, Papeete, a barafunda adensa-se com veículos de todos os tipos, mas semelhantes em provecta idade, a cruzarem-se a um número que vai crescendo à medida da proximidade do centro da cidade e, sobretudo, com a completa anarquia das construções. Nesta altura já se torna difícil relembrar a vegetação luxuriante que se vislumbrou do ar.

Há, no entanto, uma forma de se entrar logo no ritmo e ambiente do Tahiti e privar com o dia-a-dia dos seus habitantes. Esqueça os táxis que esperam os clientes mesmo à porta do terminal, até porque são dispendiosos. Atravesse os parques de estacionamento até chegar à estrada e apanhe o autocarro local, apelidado de ''Le Truck'', francamente mais barato e divertido. É verdade que são carripanas a cair de podres, com bancos corridos em madeira que não ajudam ao conforto, se considerarmos que os amortecedores deixaram de funcionar em pleno há muito, mas o condutor tem a amabilidade de só arrancar quando o passageiro está sentado e os sorrisos hospitaleiros dos restantes ocupantes compensam a experiência. O perigo de se ver envolvido num acidente parece também bastante reduzido, pela educação com que se conduz, sem buzinas, gritarias ou insultos. Aliás, é com frequência que os restantes condutores dão passagem ao autocarro, mesmo quando este encostou fora dos locais assinalados como paragens, o que acontece regularmente sempre que alguém levanta o braço na berma da estrada.

Alguma harmonia no caos

Percorridos os seis quilómetros que separam o aeroporto do centro de Papeete, chega-se a uma cidade caótica, de edifícios baixos, degradados e incaracterísticos. Nada de aliciante parece sobressair do conjunto. Só num passeio a pé, sem grandes dificuldades para percorrer as principais ruas, começa a surgir alguma harmonia no meio do caos. E por harmonia não se quer dizer beleza, tranquilidade ou equilíbrio arquitectónico. Quer apenas significar interesse, cores, energia do ambiente e diversidade cultural. Estas são as grandes características que fazem da capital do Tahiti um lugar a visitar, apesar dos defeitos já referidos.

Começar pelo mercado central de Papeete, no ''Quartier du Commerce'', é uma excelente opção. Já sem contar com a profusão de cores própria da variedade de vegetais, frutas e outros produtos alimentícios, o espaço contém ainda, no primeiro andar, um sem número de bancas e lojas de artesanato. Conchas trabalhadas, esculturas em madeira de tikis (guerreiros com ar feroz), pareos usados como peças de vestuário tanto pelas mulheres como pelos homens - pedaços de tecidos decorados com motivos tradicionais especialmente flores -, chapéus feitos a partir de fibras de plantas decorados por elaboradas flores e óleo de Monoï, constituem as peças mais frequentes e mais típicas. Outra alternativa para as compras é a Vila dos Artesãos situada junto ao mar em Tipaerui, perto da Casa da Cultura.

E como Papeete significa ''cesto de água'', se estiver no ''Quartier du Commerce'' siga até à beira de água e percorra a avenida Pomare, começando no cais ''D'honneur'', passando pela doca dos ferries e pela praça ''To'Ata''. Ao longo de todo o passeio vislumbram-se enormes cargueiros que testemunham a importância do porto local.

O Museu da Pérola (cultura de grande importância neste canto do Planeta e sobejamente conhecida mundialmente), o templo protestante (religião maioritária em toda a Polinésia) Paofai, o Parque Bougainville e a catedral Notre Dame são outros atractivos da cidade.

Existem inúmeros cafés, snacks e restaurantes, mas à noite procure a praça Vaiete (situada entre o cais D'honneur e o cais dos ferries) se gostar de um ambiente mais descontraído com comida tradicional e um sem número de variedade de pratos, que vão da gastronomia chinesa à italiana. Aqui, dezenas de roulottes instalam-se a partir do pôr-do-sol para servir pratos a preços muito acessíveis (cerca de 8 euros). A comodidade oferecida limita-se a mesas e cadeiras de plástico, no entanto, a delícia de um peixe cru, marinado em leite de coco ou de um bife de atum, com pimenta e molho roquefort, são exemplos da cozinha tradicional polinésia que pode degustar. O ambiente festivo das luzes de néon e das cores garridas das roulottes, bem como as dezenas de frequentadores destes restaurantes ambulantes dão-lhe um ar animado de feira popular.

Antes de sair de Tahiti para seguir rumo à ilha de Bora Bora ou a outra qualquer, saiba que se tiver alguns dias a ilha possui uma beleza natural incontornável, com as suas montanhas, vales onde cascatas se precipitam, grutas, vegetação e praias de areia branca e negra.

A ilha de todos os sonhos

Todas as expressões expressões de elogio são reveladoras da grandiosidade que se vê e, sobretudo, se sente em Bora Bora. O verde-esmeralda das águas tranquilas do Pacífico confunde-se com o azul intenso do céu, com os matizados da vegetação e com o branco da areia, numa conjugação verdadeiramente excepcional de tirar a respiração.

Chega-se de avião e aterra-se na ilhota de Motu Ute. Aqui, os coqueiros e palmeiras ficam à beira da pista de aterragem. Uma pequena construção em madeira faz as vezes de terminal e um passadiço de madeira acolhe as embarcações dos hotéis de luxo que vêm buscar os turistas que, com colares de flores colocados ao pescoço, mal contêm os sorrisos de encantamento.

A duração da viagem de barco até ao alojamento escolhido varia consoante a distância, mas já ninguém pensa em relógios, tempo ou outras considerações mais comezinhas. Apenas o mar transparente e a visão dos picos montanhosos de Pahia e Otemanu, que dominam a paisagem da ilha de Bora Bora, concentram a atenção de todos. Hipnotizados, os felizardos preparam-se para algo com que sempre sonharam. Umas férias inesquecíveis num dos mais belos lugares do mundo.

Dentro da barreira de coral e à volta da magnífica lagoa e da ilha principal, de origem vulcânica, situam-se todos os alojamentos mais caros. Uma estadia num faré - noutros tempos a tradicional cabana polinésia construída sobre estacas, hoje quartos de luxo dispostos ao longo de compridos passadiços de madeira -, custa cerca de 500 euros por noite, quantia francamente elevada, apenas compensada pelo ideal de dormir e namorar com toda a tranquilidade e privacidade que estes aposentos proporcionam. Ah! Não esquecer o mais importante, a espectacular janela para o mar, colocada no chão, para melhor apreciar a vida aquática e a varanda sobre o mar com acesso directo e privativo às águas da lagoa.

Seja qual for o seu destino, uma ida a Bora Bora é indispensável. Com nove quilómetros de comprimento e quatro de largura, esta ilha é fácil de percorrer. A estrada que bordeja o litoral é quase sempre plana, o que torna muito fácil alugar uma bicicleta para usufruir com calma a paisagem tropical, com a esfusiante variedade de flores a serem as verdadeiras protagonistas. Existem, no entanto, veículos a motor para quem não queira ou não possa fazer o percurso a pedalar.

Faça coincidir a sua visita com um domingo e, logo de manhã, assista à missa da igreja protestante da capital Vaitape. Se a fé não lhe é familiar, aqui o sentido da palavra ganha um significado mais compreensível, nem que seja pelo entusiasmo com que a população entoa os belos cânticos no dialecto local. Vestidos a rigor, eles e elas, os vestidos brancos, cremes, com rendas ou em seda e, sobretudo, os magníficos e originais chapéus compõem o ''espectáculo'' soberbo que tem lugar num edifício em madeira de uma simplicidade desarmante. Os bancos de madeira corrida e as ventoinhas são as únicas comodidades do templo.

No interior da ilha procure as plantações de ananases, os vestígios de maraés - locais de culto dos antepassados polinésios - e o contínuo de vegetação tropical.

Depois volte para o seu paraíso privativo, pelo menos por esta vez na vida, e dedique-se aos prazeres do corpo e da alma, porque este é o lugar ideal para o esquecimento, uma das grandes proezas que se retira de umas grandes férias.

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