Tailândia - Viajar para lá é pura aventura

Tailândia - Viajar para lá é pura aventura

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:48

Depois de viajar dois dias seguidos, você finalmente chega à Tailândia, sonhando em esticar as pernas no quarto do hotel, certo? Errado! Antes, terá de enfrentar o congestionamento do aeroporto de Bangcoc até o centro da capital, o que pode levar mais de duas horas, para rodar míseros 30 quilômetros. Certamente, a pé, seria mais rápido. Mas é até interessante ver o malabarismo dos motoristas no trânsito pesado. Os mais afoitos são os condutores de tuk-tuks, uma espécie de triciclo motorizado. Muitas vezes, eu fechava os olhos e pensava: agora vai bater! Mas eles não batiam! No caminho, você também começa a descobrir como o país é barato aos estrangeiros, ainda que brasileiros: por mais de uma hora de percurso, num táxi confortável, e com ar-condicionado, você paga menos de US$ 5 – ou pouco mais R$ 15!

Você também leva um tempo para se acostumar com o jeito do tailandês falar inglês, porque trocam o “r” pelo “l”. “Right”, por exemplo, vira “light”! E você que entenda…

A Tailândia – ou Reino do Sião, como era chamada até 1939 – tem mais de 60 milhões de habitantes e todos parecem ter algo para vender! A primeira coisa que fiz foi observar o povo, para não entrar em conflito com os costumes. O cumprimento não é um aperto de mão, mas um gesto de reverência com as mãos, feito uma prece, na altura do rosto. Muito elegante.

O povo é sereno, atributo herdado dos ensinamentos de Buda, já que 85% da população são budistas praticantes. Parecem não perder a paciência com nada.

Existem várias maneiras de se visitar a Tailândia. Mas, como eu só tinha três semanas, resolvi dividir a viagem em três regiões: a central, onde fica Bangcoc; a região norte, com Chiang Mai, seus templos e passeios de elefante; e o litoral de Phuket, com praias que mais parecem do Caribe.

Comecei minha viagem pelo grande rio que corta Bangcoc. Tudo gira em torno dele. Serve, inclusive, de avenida para os barcos a motor, que são os verdadeiros ônibus da cidade. Tomei um barco em direção ao Grand Palace. Gigantescas figuras de deuses e demônios guardam a entrada dos santuários de Buda no palácio. O templo mais importante é o que abriga a imagem do Buda de Esmeralda (que, por sinal, é feito de jade), considerado um talismã do país. Não muito longe dali, fica o templo mais antigo da Tailândia, com – adivinhem! – outro Buda! Neste caso, deitado. Ele mede 46 metros de comprimento por 15 de altura, todo folheado a ouro. No final da tarde, massacrada pelos passeios, mal pude acreditar quando vi uma placa que anunciava: “tradicional massagem tailandesa”.

Era tudo de que eu mais precisava. Por apenas 3 dólares, entreguei-me por uma hora, de corpo e alma, aos toques de uma massagista profissional (no bom sentido, é claro), com poderosas mãos de aço. Ela me apertou, amassou, esticou, pisou, até subiu em cima de mim. Massageou até a ponta dos dedos.

No outro dia, fui passear pelo bairro chinês. Embrenhei-me pelos camelôs e barraquinhas de frutas e comidas, enquanto me deliciava com a mescla de cheiros e cores. Muitas vezes o odor é mais acre do que exótico, é verdade. Numa das ruelas, vi uma vendedora incomum. Ela vendia insetos! E para comer! Eram duas bacias: uma com larvas secas, outra com bichos da seda e gafanhotos caramelados. Perguntei, através de mímica, se poderia tirar uma foto.

Com um sorriso – sempre! – ela me estendeu, numa colher, um bichinho da seda. Pensei: se eu não comer ela não vai deixar tirar a foto. Então, comi. Na verdade era bem crocante, mas, felizmente, com gosto de nada. Fiz a foto. O tira-gosto abriu meu apetite e resolvi, então, almoçar numa das barraquinhas de comida da rua mesmo. Frutos do mar ficam expostos sobre um tabuleiro com gelo e o cliente vai indicando o que quer comer. A refeição é preparada na hora, por apenas US$ 2. Se quiser provar outras especialidades locais, peça sopa apimentada de camarão, macarrão frito ou carne no leite de coco. A cozinha tailandesa é variada, deliciosa e quase de graça.

Uma das principais atrações turísticas de Bangcoc é o seu mercado flutuante. Mulheres de chapéus cônicos circulam por estreitos canais, remando em canoas repletas de frutas, pimentas, artesanatos e até cozinhas flutuantes, com caldeirões de comida pronta, para ser vendida para as outras barqueiras. Canoas-táxis levam os turistas para passear entre elas. Fui numa delas e, no caminho, vi shows com cobras e até um sujeito que enfiava a cabeça dentro da boca de um crocodilo vivo!

Meu hotel era um bom três estrelas, que custava entre 10 e 20 dólares o casal, dependendo do tipo de quarto. Se quisesse ficar num quatro estrelas, pagaria, no máximo, o dobro – e ainda assim seria bem barato. Outra barbada da Tailândia são as passagens aéreas internas – embora daqui para lá saia um tanto caro. De Bangcoc a Chiang Mai, por exemplo, são 700 quilômetros mas a passagem sai por menos de US$ 50 – metade do que custaria, aqui, um bilhete São Paulo-Vitória, para a mesma distância.

Por sinal, iniciei a segunda etapa da viagem voando exatamente para Chiang Mai, no Norte do país. Nem o belo templo local, nem o atordoante mercado de artesanato de Chiang Mai ficaram gravados tanto na memória quanto meu primeiro passeio de elefante, que aconteceu lá. A cadeirinha, encaixada no lombo do paquiderme, ia gingando no ritmo dos seus desajeitados passos, dando a impressão de que tudo iria despencar a todo instante. Tirar fotos ou equilibrar-se? – eis a questão! Na dúvida, preferi a segunda opção.

De Chiang Mai saem voos para a região montanhosa de Mae Hong Son, 150 quilômetros adiante, quase na fronteira com Mianmar, a antiga Birmânia. É lá que vivem as karens, mulheres conhecidas como “long necks”, ou de pescoços compridos. A partir dos quatro anos de idade, elas passam a usar argolas de metal no pescoço. A cada ano, um novo anel é acrescentado. Esse procedimento faz com que o pescoço aumente exageradamente, sustentado apenas por cartilagens e não mais vértebras. Assim, jamais podem retirar as argolas, sob o risco de quebrarem o pescoço. Mas elas têm orgulho de sua aparência! Quanto maior for o pescoço, mais sucesso uma karen terá na hora de arrumar casamento, por exemplo. Visitei uma das tribos. E fiquei pensando seriamente em nunca mais usar um colar… Parti, então, para a última etapa da viagem: a região sul do país.

Em Bangcoc

De volta a Bangcoc, e em clima de fim de viagem, fui despedir-me de Fátima, uma brasileira que conheci na capital. Ela vive por lá e me perguntou se tinha visto algum show de pompoarismo – e eu nem sabia o que era aquilo… Pompoarismo – explicou – é uma técnica milenar surgida no oriente, onde as mulheres, por meio de muitos exercícios, alcançam controle total dos músculos genitais. Uau! Eu tinha de ver isso! Era minha última noite em Bangcoc.

A tal casa noturna ficava num beco. Dentro, havia um pequeno palco, com várias fileiras de cadeiras, lotadas de turistas. Algo me dizia que seria um show e tanto. E foi mesmo. As mulheres chegavam a atirar dardos e arremessar bolinhas com seus… digamos, “músculos internos”. E que músculos! Saí de lá com a certeza de que a Tailândia é mesmo uma terra curiosa. E que seus quatro “s”, usados informalmente para definir o país (“sol, seda, sexo e sorrisos”), deveriam, na verdade, ser cinco. Falta o de “surpreendente”.

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