CPI das Bets: "Se realmente faz tão mal, proíbe tudo, acaba com tudo"

Declaração de influenciadora na CPI gerou grande repercussão, pois colocou a responsabilidade da regulamentação em quem faz as leis.

Fonte: Guiame, Adriana BernardoAtualizado: quinta-feira, 15 de maio de 2025 às 18:21
(Reprodução/Fortune Tiger)
(Reprodução/Fortune Tiger)

Instaurada pelo Senado Federal em novembro de 2024, a CPI das Bets investiga a influência dos jogos de apostas online no Brasil. O principal objetivo da comissão é apurar possíveis irregularidades, como lavagem de dinheiro e o envolvimento de influenciadores digitais na promoção dessas plataformas.

Nas audiências em andamento, estão sendo ouvidos influenciadores digitais que possuem milhões de seguidores e foram contratados para promover jogos online.

Chamada como testemunha e convocada para esclarecer sua participação na divulgação de casas de apostas online, Virginia Fonseca compareceu à CPI na terça-feira, 13 de maio.

Em seu depoimento, Virginia negou a existência da "cláusula da desgraça", que funciona assim: quanto mais os seguidores perdem dinheiro apostando, maior é o lucro do influenciador.

Em sua fala, ela fez a seguinte declaração, que merece destaque: "Se realmente faz tão mal, proíbe tudo, acaba com tudo."

A declaração gerou grande repercussão, ao transferir a responsabilidade da regulamentação diretamente para os parlamentares, que são os responsáveis pela criação das leis.

As apostas esportivas online foram legalizadas no Brasil em 2018, mas a regulamentação só foi consolidada em 2023. Desde então, elas se espalharam rapidamente! Eu mesma recebo dezenas de SMS por dia incentivando apostas – um verdadeiro absurdo, além de incômodo de ter que ficar deletando e denunciando SPAM. Felizmente, não sou atraída por esse tipo de coisa… Mas, e quem não tem autocontrole?

Em outubro passado, entrevistei o psicólogo e teólogo Eliézer Caroliv aqui para o Guiame. Durante a conversa, ele trouxe alertas importantes sobre os riscos das apostas online, destacando, inclusive, que podem se tornar um ídolo, ocupando o lugar de Deus na vida das pessoas.

Aqui estão os principais pontos mencionados por Caroliv, que também é mestre em ciências da religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie:

- Arquitetura viciante: As plataformas de apostas utilizam sistemas de recompensa mental, explorando diferenças socioeconômicas e a paixão pelo futebol para atrair jogadores.

- Impacto financeiro e emocional: O vício em apostas pode levar à instabilidade econômica e emocional, resultando em prejuízos a longo prazo.

- Influência sobre famílias: As famílias de baixa renda são as mais afetadas, enfrentando dificuldades financeiras significativas devido ao dinheiro gasto em apostas.

- Orientação cristã: Caroliv enfatiza que os cristãos devem se afastar dessas práticas, baseando-se em princípios bíblicos que alertam contra a busca desenfreada por riquezas.

- Educação dos filhos: Ele destaca a importância de os pais orientarem seus filhos sobre o uso saudável da tecnologia e dos jogos online, evitando que essas atividades interfiram no crescimento espiritual e bem-estar das crianças.

- Papel da igreja: Pastores e líderes religiosos são incentivados a abordar esse tema de forma aberta e direta, promovendo conscientização sobre os impactos negativos do vício em apostas.

Como podemos ver, os problemas causados pelos jogos são inúmeros e preocupantes. Diante disso, voltando à declaração da influenciadora Virginia Fonseca: Não seria melhor proibir tudo?

Esse é um tema que merece reflexão, inclusive da Igreja.

 

Adriana Bernardo (@adrianammbernardo) é jornalista, escritora e idealizadora do grupo feminino cristão “Amigas de Deus”.

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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