"Não me julgue porque os meus pecados são diferentes dos seus."
Para começar essa reflexão, acho que vale citar aqui uma frase atribuída a Voltaire: “Não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-lo”.
O "legal" da vida é que nem todo mundo gosta das mesmas coisas e isso é salutar. Porém eu não gostar das mesmas coisas que você não me faz nem melhor e nem pior, me faz apenas diferente.
Dizem que futebol, religião e política não se discutem, e concordo em partes. Porque discutir significa (defender pontos de vista contrários sobre (algo); debater.)
Minhas opções religiosas, futebolísticas ou políticas talvez não sejam iguais as suas, mas isso não quer dizer que sou burro, ignorante ou iletrado, isso apenas mostra que talvez eu esteja usando um "óculos" diferente do seu, e posso te afirmar que se você se assusta com que eu escrevo, imagina o que penso e não escrevo, isso te assustaria muito mais, e isso cabe a cada um de nós.
Acredito que não seja errado defendermos pontos de vista diferentes, isso é saudável, o errado é invadirmos o espaço um do outro (Facebook, Instagram, WhatsApp) para "impor" uma visão, desrespeitando a outra, isso é invasão do espaço democrático. E pode ter certeza que há uma grande chance que eu esteja errado na maneira que eu enxergo tal situação, e esse errado talvez foi construído por meio de decepções, influências e contexto cultural.
Por isso precisamos ter humildade e reconhecer que as nossas opiniões são resultado do pouco que conhecemos e da interpretação que fazemos desse pouco, tendo como base, nossa bagagem interior.
Certa vez o dono de uma grande loja de sapatos enviou seu vendedor mais experiente a uma pequena cidade para ser seu representante de vendas naquele lugar. Chegando lá o vendedor liga bravo para o chefe e diz: “Você não gosta de mim? Me enviou a uma cidade que ninguém usa sapato, 100% da população anda de pés descalços”. Então aquele empresário traz de volta este vendedor e envia outro vendedor ao mesmo local. Chegando lá o novo vendedor liga para ele e diz: “Chefe muito obrigado, pois nesta cidade ninguém usa sapatos, tenho um campo enorme de vendas.”
Entenda algo, pontos de vista diferentes fazem toda a diferença.
Veja bem, sou são-paulino, mas meus melhores amigos são corintianos. Sou pastor, mas uma das pessoas que mais amo na vida é católica (minha avó), e talvez você me julgue pelas minhas escolhas, mas nenhuma delas me faz nem melhor e nem pior do que você, me faz apenas diferente.
Estamos vivendo um momento muito crítico no mundo (Pandemia Coronavírus), que usemos desse momento para nos aproximar, nos solidarizar com os menos favorecidos (financeiramente, emocionalmente), e não nos atacarmos a ponte de nos matarmos, o vírus já está fazendo isso.
Se usássemos com mais eficácia o conflito de ideias, com certeza iríamos vencer com muito mais facilidade os desafios que enfrentamos nos dias atuais.
Vamos verdadeiramente amar uns aos outros independente das diferenças. Pois são as diferenças que nos manteve vivos até o dia de hoje.
Deus abençoe!
Alexandre Grego é Pastor, Bacharel em Teologia, Life Coaching, e escritor dos livros “Somos Flechas”, “E Urias?” e “Não existe família perfeita, existe família feliz”. Também é conferencista nas áreas de liderança e casais. Exerce sua atividade pastoral no Ministério Apostólico Koinonia, na cidade de Mogi das Cruzes/SP, é casado com a Pra. Marines Grego.
* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: O poder da contemplação
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