“Ézer Kenegdo”: Conheça o Verdadeiro Papel da Mulher Segundo a Bíblia

A essência da nossa natureza “Ézer Kenegdo” subsistirá, não permitindo que ninguém destrua nossos homens tampouco nossos filhos.

Fonte: Guiame, Andreia Pinheiro Pereira Atualizado: terça-feira, 23 de janeiro de 2024 às 17:51
Cena da novela Gênesis: Adão e Eva. (Captutra de tela/YouTube/Record Cabo Verde)
Cena da novela Gênesis: Adão e Eva. (Captutra de tela/YouTube/Record Cabo Verde)

A Bíblia fala que a mulher foi retirada da costela de Adão, pesquisando a fundo a respeito deste termo “costela”, encontrei o termo “Tselá” em hebraico e “Pleurá” em grego que significa precisamente -lado, flanco, pedaço e também costela. O termo tem alguns significados que se concluem a partir do contexto e ocorre outras 40 vezes na Bíblia hebraica e é comumente utilizado para fazer referência ao lado de alguma coisa, seja edifício ou determinado altar.

Ou seja, não é um equívoco a tradução da palavra “Tselá” como costela, mas compromete em parte o significado pois o torna raso, portanto incompleto. Uma coisa é dizer a mulher foi retirada da costela e outra é dizer a mulher foi retirada de um dos seus lados. A costela é um osso, no entanto, quando eu digo que ela foi retirada de um lado significa mais, amplia a compreensão de que um lado do homem foi retirado para que a mulher fosse criada.

A mulher foi retirada da “pleura” de Adão, do seu material genético, uma porção que ele tinha dentro de si. Sendo retirada do seu lado. Simbolicamente, fazendo-nos refletir que ninguém é completo sozinho, ninguém é tudo sozinho, carregamos em nós apenas uma parte e daí a importância dos relacionamentos para o desenvolvimento humano.

Outro ponto interessante é que esse mesmo termo “pleurá” é utilizado quando Cristo é ferido em sua lateral com uma lança, após a sua crucificação episódio descrito em (João 19:34). Estudiosos dizem que este é um símbolo que remete a história da criação; da abertura feita pelo soldado saem água e sangue, símbolos do batismo e da Santa Ceia e consequentemente da remissão dos pecados humanos, onde a igreja passa a ser a noiva de Cristo. Eva nasce da “Pleurá” de Adão e a Igreja nasce por meio da crucificação, no batismo e na comunhão da Santa Ceia, da “Pleurá” de Cristo.

E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele. Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome. E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea. Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. (Gênesis 2:18-23)

“Não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma ajudadora idônea.”

O imaginário das pessoas do século 21 entendem que uma pessoa criada para ajudar, com certeza é um subordinado ou inferior. Mas já que chegamos até aqui vamos dar uma olhada na etimologia dessas palavras.  A raiz etimológica da palavra “Ajuda” é composta por outras duas palavras em latim ad (“perto”, junto”) e Juvare (ser útil, socorrer trazer alívio e alegria) e Idôneo remete ao sentido de algo bom útil e em perfeito estado.

Não me dando por satisfeita com essas terminologias e consultando a tradução transliterada em hebraico da Bíblia para ver qual o termo utilizado para designar a criação feminina me deparei com os seguintes termos:

“Ezer Kenêgdo”

E ao buscar as traduções e etimologias, verificando a construção dessas palavras e os significados correspondentes a elas me deparei com informações bem mais precisas a respeito do tema. Pra início de conversa o termo “Ezer” é utilizado na Bíblia outras 21 vezes. Duas delas em Gênesis, e outras num contexto militar de guerra, sabe por quê?

Porque Ezer representa alguém que você pode contar. E como é importante para nós termos alguém assim, puxa aí na sua memória, quais são os nomes das pessoas que te vem a mente que são da sua extrema confiança, pessoas que você pode contar independente da situação. 

É interessante refletir sobre isso, porque Adão tinha supostamente tudo, não havia falta de nada, mas Deus olhou para toda a criação e não encontrou alguém a altura do homem, não havia “Ezer” alguém com que ele pudesse contar. São atributos do “Ezer”: alívio, lealdade, abrigo, alento, conforto, esse é o verdadeiro sentido de Ezer. Esse termo volta a ser utilizado em (Josué 1.14 ou Crônicas 12.1-22) onde é feito uma referência aos soldados que se aliam a Israel como combatentes de Guerra, lado a lado. Pasmem ao encontrar ainda o termo “Ezer” na figura do próprio Deus, Ezer de Israel. (Veja Gênesis 49.25; 2Crônicas 32.8; Salmos 10.14; Isaías 41.10-14.).

Mas e o termo Kenêgdo?

Essa palavra se divide em três partes e todas elas possuem um significado, o prefixo dela “Ke” significa “como” no sentido de a mulher ser criada semelhante ao homem, uma mulher que correspondesse ao homem, à sua altura, do mesmo nível que ele.

“Neged” por sua vez significa frente a frente, diante dele, algo que poderíamos entender como um contato face a face em oposição, mas não como uma adversária, pelo contrário. Alguém que abarca em si todas as características e atributos que ele não possui. Cuja aliança só os beneficiariam, pelo caráter unitivo formando um todo completo por ambos os lados.

“O” significa: ele, dele. Então traduzindo as três partes da palavra ficariam algo assim: como, em frente a ele ou dele.  A mulher que teria sido retirada da sua (pleura) de um pedaço do seu próprio corpo, do seu lado, estaria ali, face a face, em pé de igualdade feita à sua altura, “alguém com quem contar” e mais, agraciada com atributos que ele não tinha, desse modo juntos poderiam conquistar bem mais do que sozinhos.

Somos seres sociáveis, logo, para evoluirmos emocionalmente, intelectualmente e materialmente precisamos do outro. Mas, os simbolismos não acabam e quando Adão acorda que ele vê a mulher, ele não questiona Deus nem por um momento a respeito do lugar de onde ela teria sido retirada, pelo contrário é como se ele reconhecesse nela, seu próprio reflexo, algo de si, uma parte sua agora fora do seu corpo, e soubesse que por ela deveria ser capaz de tudo inclusive de morrer para protegê-la. Assim como Cristo pela Igreja.

A mulher é retirada do homem, e simbolicamente podemos perceber que ela de fato é capaz de fazê-lo sair de si, e olhar pra fora para todas as coisas que sozinho ele não olharia, porque nela contém justamente isso um olhar atento para os detalhes.

E esse processo de sair da esfera do “eu” e olhar para o próximo também acontece para mulher ao ter filhos, então de alguma maneira os filhos são o Ezer da mulher, pois em alguma medida eles à socorrem da sua própria natureza. A esse ciclo damos o nome de família. – Sistema Intensivo de Aperfeiçoamento Humano.

Enquanto o homem cuida de uma parte, Eva cuida da outra parte. Formando assim pela força da união de ambos um todo completo. Agora se a mulher ao invés de cuidar da parte que lhe foi entregue cismar em cuidar daquilo que o homem faz apenas para provar que pode fazer igual ou até melhor, qual o resultado que temos?

Os resultados familiares do século 21  

Temos dificuldades em conceber a ideia de Ezer Kenêgdo, na verdade as mulheres atravessam uma ausência quase que total de referências, poderíamos dizer que somos um gênero ameaçado de extinção, porque se todo mundo quer ser como os homens e provar superioridade a eles, o que nós somos essencialmente vai se esvaindo, nossa marca deixa de ser vista no mundo, predominando a marca do masculino. Nós nos divorciamos da nossa própria natureza, de algo característico a nós essencialmente e acreditamos piamente que ao buscar essas coisas poderemos ser felizes, imagine se a água quisesse ser o fogo e este por sua vez quisesse ser terra, são elementos com atributos diferentes não superiores nem inferiores, quando comparados, e inquestionavelmente essenciais a vida humana.

Crescemos ouvindo histórias do tipo de que ao se casar o homem se endireitou, se aprumou na vida, quantos exemplos nós temos de mulheres que levantam o moral de um homem ou derrubam de vez. Ézer, meus queridos “Ézer Kenêgdo”.

Nós temos que lutar sim, mas é pelo direito de sermos mulheres e construirmos nossa feminilidade, porque meu amor ninguém nesta terra pode ser tão “Ézer” quanto nós se quisermos. Ao passo que o próprio Deus quando instituiu seu plano de salvação, confiou em Maria, para gerar, alimentar, educar e amar seu único filho até que Ele, estivesse pronto para cumprir seu legado.

Seremos reconhecidas não quando queimarmos nossos sutiãs em praças públicas, descartarmos nossos filhos, ou fizermos com nosso corpo o que quisermos. Seremos reconhecidas quando tomarmos nosso posto, e o nosso lugar é “Ezer” Somos essencialmente pessoas das quais se podem contar, isso porque o que não temos de força física temos de força emocional, somos lugar de descanso e permanência somos o fôlego tomado antes do combate. E a essência da nossa natureza “Ézer Kenegdo” subsistirá, não permitindo que ninguém destrua nossos homens tampouco nossos filhos.

Andreia Pinheiro Pereira é cristã, formada em Direito e Letras; Policial Civil no Estado de São Paulo; Professora de Letramento e Literatura; Colaboradora da plataforma UNOVA, com três cursos publicados: “Homeschooling – Educação Cristã”; “Os Temperamentos Humanos” e “As Principais Etapas da Alfabetização Infantil”. Mãe de três meninas e casada com o Policial Civil Leandro Paulo.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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