Mary Bosanquet Fletcher foi uma mulher de notáveis dons e talentos, ela dedicou sua vida a servir a Cristo, a quem amou e obedeceu sem olhar para trás. Em suas pregações o assunto que mais gostava de discursar era sobre a vida e os mandamentos de Jesus, e sua forma de se relacionar com as pessoas.
Coles afirma: “Os seus discursos eram notáveis pela engenhosidade e originalidade. Se ela fosse uma mulher de mente fraca, ou uma mera formal professora, ela não poderia ter mantido sua influência e popularidade por tantos anos no mesmo lugar. Em suas ministrações as congregações estavam tão cheias, depois de trinta anos de trabalho, quanto quando, ela abriu sua primeira comissão entre eles, pela primeira vez” (COLES, p.258, 1857). Ela falava das Escrituras com muita sabedoria, isso dava aos ouvintes uma compreensão clara dos conselhos de Deus.
No início do século 18, na década dos anos de 1740 os homens leigos conquistaram o espaço no movimento metodista, as mulheres tiveram que esperar um pouco mais, até a década de 1770. Essa decisão teve muitos desdobramentos no início do movimento metodista. Além da Mary Bosanquet, a qual vamos discorrer um pouco neste artigo, outras pregadoras se destacaram e ganharam espaço no metodismo como, Hester Ann Rogers, Ann Crosby, Sarah Ryan e Grace Murray, elas discursaram em grandes assembleias, irresistivelmente atraídas pela eloquência modesta delas. Após, discorrer muito sobre essa questão, Wesley as reconheceu, não como pregadoras, mas como “diaconisas” e “profetisas”, para época essa inovação foi realmente extraordinária.
Mary Bosanquet nasceu em 1 de setembro de 1739, em Laytonstone, Essex. Seus pais eram Samuel Bosanquet e Mary Dunster e ela foi criada em um lar abastado, com divertimentos e lazer. Mas desde pequena Mary teve experiências espirituais, aos 4 anos ela teve a convicção de que Deus ouvia suas orações. Aos 5 anos ela começou a se preocupar com o pecado e a salvação eterna. No catecismo ela ouvia as recomendações bíblicas e percebia que os cristãos não obedeciam.
Foi através de uma empregada metodista, contratada para trabalhar em sua casa, que Mary entendeu que a salvação não era concedida pela religião, mas sim pela fé em Jesus Cristo; e que essa fé em Cristo a tornaria santa e lhe daria o poder de amar e servir a Deus. A infância e a juventude de Mary foram bem diferentes dos costumes de sua família; mesmo sem frequentar uma igreja, ela tinha medo de desagradar a Deus. Mary pensava que se tivesse liberdade, passaria a metade do dia ajudando os pobres e a outra metade em orações e preces.
Enfim chegou o dia de Mary declarar sua fé publicamente, e expor para os seus pais sua fé em Jesus Cristo, e sua total obediência à Bíblia. Aos 21 anos de idade Mary teve que sair da casa de seus pais. “Certa vez seu pai lhe pediu que nunca tentasse converter seus irmãos, e ela respondeu que não podia prometer tal coisa. Então ele declarou que não tinha outra alternativa a não ser colocá-la para fora de casa” (SALVIANO, p. 173, 2020). O fato de ter que sair de casa não foi fácil, mas ela estava decidida a servir e obedecer a Cristo. Mary foi para um alojamento com sua criada e vivenciou o grande avivamento que ocorreu em Londres, entre 1761 e 1762, com orações feitas initerruptamente pelos fiéis, as quais eram respondidas de maneira maravilhosa. Nesse tempo, Mary buscou ao Senhor de forma mais intensa e teve sua fé fortalecida em Cristo.
Deus lhe abriu uma grande porta para servir. O orfanato de Mary Bosanquet, em uma grande propriedade desocupada de seus pais, com a ajuda da Sra. Ryan, que havia sido criada de Wesley, transformou-a em um orfanato, o que era o sonho de ambas. Dessa maneira, seu ministério foi expandido, pois ela passou a dedicar seus bens e tempo ao cuidado dos pobres e órfãos. Wesley visitou o abrigo e falou dele com admiração, afirmando que ali era uma verdadeira família cristã. Esse orfanato cresceu além da visão e da expectativa de Mary, pois lá também foram iniciados estudos bíblicos, o que originou uma congregação com 25 pessoas. Wesley enviou um pastor para lá, mas as líderes também dirigiam estudos e começaram a pregar para grandes auditórios.
Em 12 de novembro de 1781, Mary se casou com grande pregador e teólogo John Fletcher e, sobre seu esposo, ela declarou: “Seu esforço constante [John] é de me fazer feliz; seu desejo mais forte é o meu crescimento espiritual. Ele, é em todos os sentidos da palavra, o homem a quem minha razão escolheu obedecer” (SALVIANO, p. 175, 2020). Seguir a Cristo é sempre um desafio que nos exige fé e obediência, que não tenhamos dúvidas acerca da nossa fé e compromisso na vida cristã.
Referências:
ALMEIDA, Rute Salviano. Vozes Femininas nos Avivamentos: Europa e Estados Unidos: séculos 18, 19 e início do século 20. Viçosa: Ultimato, 2020.
COLES, George. Heroines of methodism: pen and ink sketches of the mothers and daughters of the church. Nova York: Carlton & Porter, 1857, p. 258. Disponível em: <https://archive.org/details/07058958.emory.edu>. Acesso em 2 jan. 2020.
WOMEN, History’s. Mary Bosanquet Fletcher. Mary Bosanquet Fletcher, diaconisa inglesa no primeiro movimento metodista, 1739-1815. Disponível em: https://historyswomen.com/women-of-faith/mary-bosanquet-fletcher/ >. Acesso em 1 jan. 2020.
Caroline Fontes é bacharel em Teologia com pós em Ciência da Religião; formada em Pedagogia pela UERJ e pós-graduação em Neuropsicopedagogia – FAMEESP. Mora no Rio de Janeiro, é casada com o Pr. Ediudson Fontes, mamãe de Calebe Fontes. Diaconisa na Igreja Assembleia de Deus – Cidade Santa, Rio de Janeiro, liderada pelo Pr. Rodrigo Costa, é professora na Escola Bíblica Dominical e idealizadora do Clube de leitura da Mulher cristã – Enraizadas em Cristo.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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