Chamados a desenvolver o amor com o qual fomos amados primeiro

O desabrochar do amor se faz na fraqueza, como solo fecundo da graça, que nos habilita a ouvir o rosto do outro.

Fonte: Guiame, Clarice EbertAtualizado: sexta-feira, 11 de abril de 2025 às 13:13
(Foto: Pexels/Kaboompics.com)
(Foto: Pexels/Kaboompics.com)

A vida, desde sua origem remota, contém uma realidade abismal, de que fomos amados primeiro. A experiência de uma emoção irrevogável semeada nas entranhas do ser. É a partir daí que somos chamados a desabrochar a semente que está em nós. Semente que entre infinitas coisas é responsável pelos batimentos cardíacos e pelo ritmo inconsciente da respiração. Também pela fecundidade vinculativa nos relacionamentos.

O desabrochar do amor se faz na fraqueza, como solo fecundo da graça, que nos habilita a ouvir o rosto do outro. Um acontecimento caracterizado pelo inesperado e inimaginável, que nos convida a uma nova percepção da realidade. Esta que tem seu esconderijo no invisível, lugar onde se origina o visível.

A fraqueza é uma condição de desnudamento dos supostos saberes. Uma abertura em que nos colocamos numa espera marcada por uma confiança no desenrolar dos acontecimentos que virão, numa devoção e abertura espiritual. É um estado de entrega e receptividade às profundezas do desconhecido.

O espanto ocorre naturalmente diante do surgimento do novo. Esse acontecimento nos prepara para abraçar as mudanças.

Ao mesmo tempo em que ocorre uma atitude profunda e silenciosa, numa abordagem contemplativa da realidade, há uma espontaneidade e uma disposição ativa para modificar a realidade.

Uma meditação sobre o paradoxo permite discernir onde a fraqueza esconde a sua própria força, pois é na fraqueza que a força é aperfeiçoada. Essa reflexão nos ajuda a entender as complexidades e as dualidades da condição humana. A intervenção da fecundidade da Graça na fraqueza humana não é "imposta", mas realiza-se na ternura da própria vida.

O amor primordial nos liga a invisibilidade da misericórdia.  Ela nada mais é do que o despertamento para a contundência de uma realidade na qual fomos amados primeiro, e consequentemente temos a experiência, em que a misericórdia atravessa todas as nossas emoções.

**Texto de Carlos José Hernández (médico psiquiatra, doutor em medicina) e Clarice Ebert (psicóloga - CRP08/14038, terapeuta familiar e de casal, mestre em teologia).

 

Clarice Ebert (@clariceebert) é psicóloga (CRP0814038), Terapeuta Familiar, Mestre em Teologia, Professora, Palestrante, Escritora. Sócia do Instituto Phileo de Psicologia, onde atua como profissional da psicologia em atendimentos presenciais e online (individual, de casal e de família). Membro e docente de EIRENE do Brasil.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: O amor festivo do casal!

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