Ao comemorar o Natal junto das festas pagãs, Constantino confundiu a fé das pessoas

Cristianizando o Império, tornou-se mais fácil manipular o pensamento popular.

Fonte: Guiame, Cris BeloniAtualizado: quarta-feira, 12 de janeiro de 2022 às 18:47
Imagem do nascimento de Jesus com luzes artificiais. (Foto: Pixabay/Jeff Jacobs)
Imagem do nascimento de Jesus com luzes artificiais. (Foto: Pixabay/Jeff Jacobs)

Em nosso estudo sobre o nascimento de Jesus, já vimos que o final de dezembro era repleto de festas entre os povos pagãos. E como é que Jesus foi parar no meio dessas festas?

Primeiro vamos esclarecer dois pontos que são importantes para o nosso entendimento. Como surgiu o calendário? E de onde veio a ideia de comemorar o aniversário?

Sobre o calendário

Desde que foi inserido à sociedade, na Mesopotâmia, por volta de 2.700 a.C., com seus 12 meses lunares, o calendário passou a servir de agenda para as datas comemorativas. Naquela época, cada mês começava com a lua nova e o ano tinha apenas 354 dias.

Posteriormente, houve uma correção através do calendário solar, criado pelos egípcios, já com a precisão de 365 dias, como conhecemos atualmente. Hoje em dia, usamos o calendário gregoriano, que foi instituído pelo papa Gregório XIII (1502-1585).

 Calendário solar asteca. Museo de Antropologia e Historia, Ciudad de México. (Foto: Wikimedia Commons)

Sobre o aniversário

O costume de comemorar o “aniversário” começou entre os nobres gregos e egípcios. Apenas faraós e autoridades que eram endeusadas recebiam uma festa de aniversário. Podemos dizer que era um tipo de idolatria. Veja na Bíblia um registro sobre a comemoração:

“Três dias depois era o aniversário do faraó, e ele ofereceu um banquete a todos os seus conselheiros.” (Gênesis 40.20)

O Novo Testamento também registra uma festa de aniversário:

“No aniversário de Herodes, a filha de Herodias dançou diante de todos...” (Mateus 14.6)

O costume foi passado aos romanos que davam aos imperadores e demais políticos esse privilégio. Os cristãos da Igreja Primitiva, no início, não adotaram a prática por considerar pagã.

Mas, após a chegada de Constantino (272-337 d.C.) a igreja passou a celebrar o nascimento de Cristo, anualmente, a princípio por “imposições políticas”. Desde então, festas de aniversário passaram a ser corriqueiras e mais conhecidas popularmente como “dies sollemnis natalis” (dia solene do nascimento).

Sobre a festa de aniversário

O costume de acender velas em bolos começou com os gregos. Bolos de mel redondos como a lua cheia eram iluminados com velas e colocados nos altares do templo de Artemis.

Segundo as lendas, velas de aniversário, na crença popular, eram dotadas de magia especial para atender pedidos, pois as pessoas acreditavam que a fumaça das velas levava as preces até os deuses, além de proteger o aniversariante de espíritos ruins e garantir sua proteção para o ano vindouro.

Se a gente parar para analisar, quase tudo é pagão. O que realmente deve importar em nossas comemorações, hoje em dia, são os motivos e os reais sentimentos dentro do nosso coração.

A decisão de Constantino (272-337 d.C.)

Será que o imperador romano decidiu mesmo comemorar o aniversário de Jesus? Vários teólogos dizem que quando Constantino uniu a Igreja ao Estado, ele estrategicamente confundiu a fé das pessoas, tentando satisfazer cristãos e pagãos ao mesmo tempo.

Sua decisão de “cristianizar” o Império fez com que a igreja fosse totalmente contaminada. Ele realmente conseguiu acabar com a perseguição religiosa daquela época e a matança aos cristãos, mas por outro lado, misturou crenças e valores.

O teólogo Augustus Nicodemus explica que o paganismo era muito forte naquela época. Então, quando Constantino transferiu a festa pagã do dia 25 de dezembro para o cristianismo, ele facilitou a manipulação do pensamento popular.

 Hábito de acender velas na igreja. (Foto: Pixabay/Vallentina)

Sobre o domingo

Estabelecer o domingo como dia de descanso para todos também aconteceu na mesma época. Com certeza foi a maior confusão, porque as imagens foram levadas para dentro das igrejas, o uso de velas, penitência, entre tantas outras práticas pagãs.

Seja lá como for, nada disso tem a ver com o real significado do Natal para nós. Enquanto os pagãos comemoravam o aniversário do deus-sol, nós comemoramos a presença do “sol da justiça”. O dia 25 de dezembro é só uma data simbólica.

“O povo que caminhava em trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz.” (Isaías 9.2)

“Mas para vocês que reverenciam o meu nome, o sol da justiça se levantará trazendo cura em suas asas.” (Malaquias 4.2)

“Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz.” (Isaías 9.6)

Quando Jesus nasceu ele cumpriu “todas as escrituras dos profetas” (Mateus 26.56), então o Natal, em nosso tempo, é uma festa para celebrar a vinda de Jesus Cristo ao mundo. E o que importa mesmo é o que está dentro de cada um de nós, tanto na mente quanto no coração. Veja através da Palavra o que realmente significa o nascimento de Jesus:

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” (João 1.14)

Esse é o verdadeiro sentido do Natal — Deus fez questão de nos conectar a Ele através de seu Filho. Sendo assim, comemorar esse motivo coletivamente é uma forma que os cristãos encontraram de demonstrar sua gratidão a Deus pelo presente enviado. Seria o mesmo que dizer “abençoado o dia em que Jesus veio nos resgatar, habitando entre nós”.

Se é assim que você entende o dia 25 de dezembro, então um Feliz Natal para você!

E esse foi o nosso estudo de hoje. Espero que tenha tirado a sua dúvida e também colaborado para o seu crescimento espiritual. Beijo no coração e até a próxima, se Deus quiser!

Leia o artigo anterior: Teólogos afirmam que Jesus não nasceu no dia 25 dezembro

Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico, na organização de ideias e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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