Jesus não veio para esmagar a ‘cana quebrada’ ou apagar o ‘pavio que fumega’

“Não esmagará a cana quebrada, nem apagará o pavio que fumega, até que faça vencedor o juízo”. (Mateus 12.20 / Nova Almeida Atualizada)

Direto ao ponto

Antes do contexto, guarde essas palavras em seu coração: Jesus não descarta pessoas e Ele não joga fora aqueles que não são aprovados durante o processo, porque Ele se importa com os “quebrados” e reacende o fogo do Espírito naqueles que foram “apagados”.

Na simbologia do texto que vamos estudar, a “cana quebrada” aponta para as pessoas machucadas, que se sentem descartadas e jogadas num canto qualquer.

E o “pavio que fumega” representa alguém que um dia teve uma chama ardendo dentro de si, mas agora apresenta apenas os últimos fios de fumaça. Podemos também comparar o pavio que fumega a uma pessoa que está morrendo espiritualmente.

Como nos tempos bíblicos o objeto mais usado para a iluminação era a lamparina, então vamos usá-la como ilustração neste estudo.

^{Lamparina utilizada nos tempos bíblicos. (Foto: Shutterstock)}

Um pavio quase apagado ou com uma chama bem fraquinha ainda tem chance de voltar a queimar.

“Jesus disse: Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida”. (João 8.12)

“A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram”. (João 1.5)

O texto em Mateus 12 está dizendo que Deus não permitirá que a luz que recebemos de Jesus se apague dentro de nós. Ainda que, por alguns momentos, a chama fique fraca por falta de “azeite”.

Agora vamos ao contexto

Mateus relatou, em seu livro, o dia em que Jesus estava passando pelas lavouras ou searas, num sábado. Os discípulos estavam com fome e começaram a comer as espigas. Lembrando aqui que “espiga” pode ser a haste terminal do trigo, e não necessariamente do milho.

Tanto é que quando os fariseus começaram a criticar os discípulos por estarem colhendo para comer num sábado, Jesus falou do pão. Ele usou de exemplo o próprio Davi e seus companheiros que fizeram algo que não era permitido por estarem famintos — eles comeram os “pães da presença” que só podiam ser consumidos pelos sacerdotes.

^{(Foto: Piqsels)}

E foi depois de ter contado que Jesus esclareceu ser o “Senhor do sábado” e depois de ter lembrado que Ele curou os doentes que encontrou pelo caminho que Mateus repetiu as palavras de Isaías:

“Isso aconteceu para se cumprir o que fora dito pelo profeta Isaías: Eis o meu servo, a quem escolhi, o meu amado, em quem tenho prazer. Porei sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará justiça às nações. Não discutirá nem gritará; ninguém ouvirá sua voz nas ruas. Não quebrará o caniço rachado, não apagará o pavio fumegante, até que leve à vitória a justiça. Em seu nome as nações porão sua esperança”. (Mateus 12.17-21)

A profecia sobre a vinda de Jesus fala também sobre o seu caráter — Ele veio como servo, cheio do Espírito de Deus para anunciar a justiça ao mundo inteiro. Jesus não veio para discutir, Ele veio para realizar. Jesus não veio para anular as pessoas, mas para validá-las.

Foi por isso que Isaías escreveu que ele não “esmagaria o caniço rachado, nem apagaria o pavio fumegante”. Mateus viu essas atitudes de Jesus e o identificou como o Servo citado em Isaías 42.

Sobre a ‘cana’

Diferente da palmeira ou do cedro do Líbano, a cana é frágil e se quebra com muita facilidade. Naturalmente, a cana é uma figura de fragilidade. Mas o texto de Isaías, não parece falar da cana-de-açúcar, e sim de uma parte do trigo — o caule, que é oco.

Se essa conclusão estiver correta, cabe aqui uma reflexão muito oportuna do pastor Luciano Subirá, que compartilhou a história de quando conheceu uma grande plantação de trigo.

Ao ser quebrado pelas rodas de uma caminhonete, o trigo pode até ficar com aspecto de caído, como se nunca mais pudesse se levantar. Porém, o caule derrubado pode se reerguer. A única coisa que pode realmente impedir o trigo de se levantar novamente é o esmagamento do seu caule.

“E pela primeira vez eu entendi o que Isaías estava profetizando — Ele não esmagará a cana quebrada. Deus estava dizendo que não importa o que te atropelou, passou por cima de você ou te colocou no chão, Ele não vai roubar de você a esperança de se reerguer, de se levantar novamente”, observou o pastor.

Subirá ainda lembrou que o propósito de Jesus não é nos encher de culpa ou condenação, mas nos inspirar a chegar até o destino certo.

Entenda que o mundo pode tentar nos derrubar, as pessoas podem desejar nos ver no chão e até a liderança da igreja pode nos desprezar em vez de estender a mão para nos levantar.

Mas Deus só permite a queda, ele nunca deixará que nada nos esmague ou apague o pavio da nossa esperança. Lembre-se que o mesmo vento que apaga a vela, acende a fogueira!

Por isso, coloque em prática as palavras de Jesus:

“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Mateus 11.28-30)

Busquem a Deus, aqueles que se sentem quebrados ou apagados, pois “Ele levanta do pó o necessitado e ergue do lixo o pobre, para fazê-los sentar-se com príncipes.” (Salmos 113.7,8).

“Levanta-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do Senhor vai nascendo sobre ti; Porque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti”. (Isaías 60.1,2)

E esse foi o estudo desta semana. Espero ter tirado sua dúvida e também colaborado para seu crescimento espiritual. Beijo no coração e até a próxima, se Deus quiser!

Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico, na organização de ideias e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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