“Eliseu mandou o rei pegar as flechas e golpear o chão. Ele golpeou o chão três vezes e parou. O homem de Deus ficou irado com ele e disse: Você deveria ter golpeado o chão cinco ou seis vezes; então iria derrotar a Síria e a destruiria completamente. Mas agora você a derrotará somente três vezes”. (2 Reis 13.18,19)
O que você sente ao ler esse diálogo entre o profeta e o rei? Que o rei não deu o seu melhor no que estava fazendo? Eliseu, como profeta, disse que ele deveria ter se empenhado mais, que deveria ter ido até o fim. Mas, por ter se limitado a golpear o chão apenas três vezes, o rei foi informado que perderia a batalha.
E nós? Como nos comportamos diante dos desafios e das más notícias? Como lidamos com as nossas guerras espirituais? Que este estudo nos ajude a compreender as profecias e os conselhos bíblicos para podermos lançar as flechas que vão garantir a nossa vitória.
Vamos ao contexto
Estamos lendo as palavras de um profeta que cumpriu sua missão com coragem e ousadia. Eliseu enfrentou a crise política, econômica e espiritual, num tempo em que até a seca e a fome assolaram seu povo. O profeta teve um ministério que durou mais de 50 anos e vale lembrar que seu começo não foi nada fácil.
Eliseu deixou para trás seu trabalho para seguir o propósito de Deus em sua vida. Ele se despediu dos pais, matou seus bois, queimou seus equipamentos e seguiu um caminho sem volta.
O poder de decisão de Eliseu nos ensina, em primeiro lugar, que para chegarmos ao destino certo, é preciso pegar nossa mala e seguir viagem, sem lamentar o que deixamos para trás.
Para ver nascer algo novo é preciso lidar com a morte da velha vida. A partir do momento em que dizemos “sim” para o nosso propósito, temos que dizer “não” para muitas outras opções que nos são oferecidas.
E, agora que já falamos de Eliseu, vamos ao contexto da vida do rei de Israel que decidiu procurar o profeta para pedir conselho. Jeoás, que reinou cerca de 16 anos, recebeu de Eliseu algumas profecias simbólicas.
“E Eliseu lhe disse: ‘Traga um arco e algumas flechas’ e ele assim fez. ‘Pegue o arco em suas mãos’, disse ao rei de Israel. Quando pegou, Eliseu pôs suas mãos sobre as mãos do rei e lhe disse para abrir a janela que dava para o leste e atirar. O rei o fez, então Eliseu declarou: ‘Esta é a flecha da vitória do Senhor, a flecha da vitória sobre a Síria! Você destruirá totalmente os arameus, em Afeque’”. (2 Reis 13.15-17)
Foto: Piqsels
“Esta é a flecha da vitória do Senhor”
Eliseu profetizou e interpretou a profecia. Perceba que, antes de mandar o rei atirar a flecha no chão, ele deixou claro que se tratava da “flecha da vitória do Senhor”. Vale aqui observar o estado dos dois homens — Eliseu estava doente e iria morrer, e mesmo assim estava cumprindo seu propósito ao atender o rei e profetizar.
Jeoás estava saudável, mas não estava conectado com Deus, pois o versículo 11 diz que ele fez “o que o Senhor reprova e não se desviou dos pecados”, o que levava o povo de Israel a pecar também.
O pecado é algo que nos afasta do Pai, tornando inacessível suas bênçãos, limitando nossa visão espiritual e, por isso, nos fazendo sentir medo diante das ameaças do inimigo.
Naquela época, a Síria estava atacando Israel e a Assíria estava se tornando uma potência mundial. Foi por esse motivo que o rei saiu em busca do conselho do profeta. O texto mostra, inclusive, o quanto ele estava desesperado.
“Ora, Eliseu estava sofrendo da doença da qual morreria. Então Jeoás, rei de Israel, foi visitá-lo e, curvado sobre ele, chorou gritando: Meu pai! Meu pai! Tu és como os carros e os cavaleiros de Israel!”. (2 Reis 13.14)
O rei chorou e gritou e quando disse que Eliseu era “como os carros e os cavaleiros de Israel”, ele estava dizendo que o profeta era a força da nação durante as guerras — Eliseu era a força do povo. É por isso que a Bíblia diz:
“Alguns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós confiamos no nome do Senhor nosso Deus”. (Salmos 20.7)
E aqui podemos refletir sobre a nossa própria situação. Em quem depositamos toda a nossa confiança? Será que confiamos no governo e no exército para nos sentir seguros? Ou confiamos plenamente em nosso Deus?
O que significa “lançar a flecha”?
É a nossa ação! Deus nos equipa com arco e flecha, mas depende de nós lançar a flecha para o alvo. Assim como depende de nós abrir a janela para visualizar esse alvo. Não é um profeta que vai fazer isso, somos nós.
Sempre que oramos e profetizamos a palavra de Deus, estamos nos movendo no espiritual. A função do profeta se limita a nos orientar, pois ele não pode fazer nada em nosso lugar.
A flecha da vitória é a direção de Deus, mas essa flecha não vai sair da aljava sozinha. Deus quer nos tirar da zona de conforto. Ele quer nos ensinar a viver o extraordinário. E nós podemos fazer muito além do que imaginamos quando somos “amigos de Deus”.
Lance a flecha na direção que Deus mandou, mesmo que você não consiga ainda visualizar a sua vitória, pois a Bíblia diz em Hebreus 11.1 que “a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que ainda não vemos”.
Foto: Unsplash/Vince Fleming
Conclusão
De acordo com o texto que estudamos, a vitória tem a ver com quantas vezes você “bate no chão”. Ou seja, depende do nível da sua determinação. A ação do rei em golpear o chão com as flechadas pode simbolizar a nossa perseverança.
Na Antiguidade, raramente se vencia a guerra com uma ou duas grandes batalhas, conforme lembra Steven Furtick, autor do livro “Feche a matraca”.
“Não havia bombas atômicas para lançar e acabar com os inimigos de uma vez. Você teria que vencer a quarta, a quinta, a sexta batalha… e provavelmente, a sétima, a oitava e outras mais”, ele escreve na página 288 de seu livro.
Steven destacou que as guerras requeriam um movimento quase contínuo. E o mesmo ocorre em nossas guerras espirituais. Cada vez que o rei Jeoás batia no chão com uma flecha, isso representava uma batalha que os israelitas iriam vencer.
Logo, cada vez que “nós batemos no chão”, ou seja, cada vez que determinamos que vamos seguir em frente, com a fé garantindo cada um dos nossos passos, a nossa vitória é garantida, pois só perde quem desiste.
Se você quer vencer, saiba que é preciso estar em movimento. Lembre-se que o problema do rei Jeoás não foi desobediência ou falta de humildade, pois ele fez exatamente o que o profeta o mandou fazer. O problema é que ele se contentou com pouco, com o que era suficiente. O segredo da prosperidade em qualquer área da vida é a abundância.
Por isso, não bata no chão apenas três vezes. Deus nos deu potencial para muito mais. Não se contente em apenas vencer algumas batalhas, mas se concentre em vencer a guerra, como Jesus nos ensinou.
O autor termina seu livro dizendo o seguinte: “Se você continuar batendo, a vitória continuará chegando. Apresente-se para a batalha, e então se apresente no dia seguinte para lutar novamente. E no dia seguinte, e então, no outro dia”.
Pensamento após pensamento, momento a momento, continue batendo e acreditando. Continue orando e pedindo. Continue perseverando. “Ainda que o que você esteja fazendo pareça simplesmente uma flecha no chão, para Deus isso demonstra o compromisso do coração — eu me recuso a perder uma vitória que Deus já me entregou por causa de uma batalha que estou sem vontade de lutar”, diz ainda o autor.
Tudo vai acontecer se você “bater no chão”, se você marchar. Bata no chão até que o golpe se torne um ritmo, até que o chão comece a tremer, até que seja como as batidas do seu coração. E que esse seja o som e o ritmo de sua vida, até você se acostumar tanto a lutar e vencer, que ao final você sinta vontade de dançar para comemorar suas vitórias.
“Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta”. (Mateus 7.7,8)
E esse foi o estudo desta semana. Espero ter tirado sua dúvida e também colaborado para seu crescimento espiritual. Beijo no coração e até a próxima, se Deus quiser!
Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico, na organização de ideias e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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