“Quando os justos florescem, o povo se alegra; quando os ímpios governam, o povo geme”. (Provérbios 29.2)
Vamos ao contexto
Em poucas palavras, política é a ciência de governar, ou seja, organizar, dirigir e administrar nações ou Estados. Embora a corrupção tenha se alastrado entre os governantes, a política em sua essência não deixa de ser o que é.
Logo, não é correto afirmar que a política é maligna e que os cristãos não devem se envolver. Pelo contrário, veja o que diz a Palavra:
“O governante sem discernimento aumenta as opressões, mas os que odeiam o ganho desonesto prolongarão o seu governo”. (Provérbios 28.16)
“O rei que exerce a justiça dá estabilidade ao país, mas o que gosta de subornos o leva à ruína”. (Provérbios 29.4)
A Bíblia mostra a diferença entre o governo do justo e do ímpio e o povo só será beneficiado se houver políticos interessados no bem estar social.
‘Somos cidadãos do céu e da terra’
O pastor Luciano Subirá fez um alerta sobre os cristãos que “espiritualizam” tudo, dizendo que nosso papel é apenas orar.
“Enquanto cidadãos do céu, nós temos que orar pelos que já foram eleitos e por aqueles que ainda serão, isso é indiscutível. Mas nós não somos cidadãos apenas do Reino dos Céus, nós somos cidadãos da terra e devemos exercer a nossa cidadania aqui”, ele destacou.
Ao citar Deuteronômio 30, a partir do versículo 15, o pastor lembra que Deus colocou diante da humanidade a vida e a morte, a bênção e a maldição, a prosperidade e a destruição.
“Mas Deus diz: ‘Escolhe a vida’. O que Ele está dizendo? ‘Eu te dou o direito de escolha, mas não posso me omitir deixando de dizer qual é o melhor caminho’”, mencionou ao apontar que por sermos cidadãos do céu não temos que anular a nossa cidadania terrena.
E ainda lembrou que Paulo se beneficiou de sua cidadania romana, quando foi preso de maneira injusta, em Filipos — ele reivindicou seus direitos prejudicados e exigiu reparação usando sua cidadania terrena.
“Se temos o direito de escolher, por que escolher errado?”
A “escolha certa” não se baseia no gostar ou não gostar de um governante, mas se baseia na ideologia que ele carrega. “Se temos o direito de escolher, por que escolher errado?”, questionou Subirá ao citar as duas ideologias que se apresentam nestas eleições para presidente do Brasil, em 2022.
Esquerda ou direita? Lembrando que os termos foram “emprestados” da Revolução Francesa de 1789, quando o Império de Napoleão Bonaparte se dividiu em dois partidos: aqueles que estavam à favor do rei à direita e os revolucionários à esquerda.
Porém, essa polarização tem causado polêmicas até o dia de hoje, em diversas nações, com a radicalização ideológica. Há políticos e ativistas levando às últimas consequências a crença em sua ideologia, na tentativa de “impor a todos” os seus pensamentos.
“Queremos gente que defenda valores”
É importante ter cristãos representando o povo brasileiro na política para que os verdadeiros valores sejam protegidos. E para proteger os nossos valores não é preciso destruir os valores dos outros.
Porém, o que está acontecendo na atualidade, é que os políticos de esquerda não só querem “impor suas ideologias”, mas querem destruir os valores dos cristãos. “Nós queremos gente que defenda valores”, lembrou Subirá.
“Não vamos viver a ditadura das minorias. E não queremos tirar o direito deles, mas o direito deles não pode tirar o nosso”, equilibrou.
A igreja não deve se envolver em política?
É importante que os cristãos entendam a importância de ter um posicionamento político. Luciano Subirá lembra que quem vota somos nós enquanto indivíduos, não a igreja. “Assim como a igreja não faz uma consulta médica, quem faz somos nós enquanto pacientes”, exemplificou.
Se os cristãos não se posicionarem terão que aceitar o que vier. “Porque alguém não quer ter pai e mãe, nós que celebramos a família tradicional, não podemos mais ter Dia dos Pais ou Dia das Mães? Porque eles querem uma linguagem neutra, nós não podemos ter as definições que temos?”, ele questionou.
O pastor disse que o problema não é que eles vivam da forma como pensam: “Que o façam, desde que isso não nos desconstrua”, disse ao lembrar que a esquerda defende o aborto e quer destruir a família. “Não dá para ter uma consciência cristã e apoiar o aborto e essas bandeiras que estão sendo levantadas”, continuou.
Símbolo de proteção à vida desde o ventre. (Foto: Piqsels)
Não podemos destruir o santuário de Deus em nome da política
“Não podemos ter unidade com ‘lobos’ e falsos crentes que, deliberadamente, apoiam pautas que a Bíblia condena ou com gente que vive e apoia um estilo de vida imoral”, disse Douglas Gonçalves do JesusCopy ao se posicionar politicamente em suas redes sociais.
Ele, porém, alerta para o cuidado que devemos ter com os cristãos sinceros que pensam de forma diferente: “Há cristãos genuínos e verdadeiros que têm visões políticas diferentes das nossas, devido ao contexto de vida”.
“Não podemos demonizar pessoas ou duvidar da salvação delas por pensarem diferente de nós. Devemos ter zelo para não destruir o santuário de Deus por causa de governos humanos”, disse ao citar 1 Coríntios 3.16.
Ao falar a preocupação em “não destruir o santuário de Deus”, Douglas se referiu à Igreja como um todo — os cristãos não podem brigar entre si, mas devem permanecer unidos em todo o tempo.
Em quem votar nestas eleições? “Seja coerente”
“A democracia serve pra gente encontrar pessoas, homens e mulheres, líderes que representam e viabilizam os nossos valores. Seja coerente! Escolha quem mais se aproxima dos valores bíblicos”, disse Douglas ao esclarecer que essa representação nunca vai chegar à totalidade “porque o nosso Reino não é deste mundo”.
“Se a pauta da família é cara pra você, vote num candidato que aprova e que vai lutar por essa pauta. E não só isso, mas que vai se responsabilizar por cuidar das famílias”, disse.
Mas, e se o candidato que apoia a pauta da família não ganhar? “A Bíblia não diz ‘vote na luz’, mas diz que ‘você é a luz’. As portas do inferno não vão prevalecer contra a Igreja”, enfatizou.
Douglas diz o mesmo para quem defende pautas que protegem a vida e que zelam pela infância. “Vote num candidato que se enquadre nesse perfil, mas faça a sua parte. Seja coerente”, continuou.
Ao finalizar, Douglas apontou para a nossa responsabilidade de “orar por misericórdia e arrependimento da nossa nação, pela unidade da Igreja, pelos representantes e as autoridades, independente dos resultados do dia 30 [ocasião do segundo turno das eleições 2022]. É tempo de tomarmos uma decisão, com ousadia e coragem”.
“A nossa esperança não está em nenhum homem, mas nas virtudes que representamos como filhos de Deus. Não votamos com base em idolatria política, mas também não votamos motivados por ódio a uma pessoa”, continuou.
“Vote com uma convicção de fé. E não fique ansioso por coisa alguma. Nas Escrituras nós temos o Apocalipse, um grande spoiler — no final, nosso Rei vence o mal e estabelece um Reino de justiça, de paz e de alegria. Ele vence a morte, aquele que vem, virá e não tardará”, concluiu.
(Foto: Unsplash/aboodi vesakaran)
“Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”. (1 Timóteo 2.1-4)
E esse foi o estudo desta semana. Espero ter tirado sua dúvida e também colaborado para seu crescimento espiritual. Beijo no coração e até a próxima, se Deus quiser!
Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico, na organização de ideias e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.
*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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