“Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas jóias." (Provérbios 31.10)
Mulher de Provérbios no século 21
“Uma esposa exemplar, feliz quem a encontrar”.
Estamos lendo palavras que foram escritas por volta do ano 970 a.C., em Jerusalém.
A tradição judaica e cristã considera que Salomão foi o autor inspirado para escrever o livro de Provérbios. Somente os capítulos 30 e 31 são atribuídos a Agur e Lemuel, respectivamente. O capítulo 31, em especial — que é o último de Provérbios — foi escrito por Lemuel. Esse nome é de origem hebraica e significa “consagrado, separado ou dedicado a Deus”.
Segundo um grupo de eruditos, “rei Lemuel” poderia ser um dos pseudônimos de Salomão, mas não há como afirmar isso com certeza. Se fosse assim, os conselhos poderiam ter sido dados por Bate Seba, sua mãe. Mas essa é só uma hipótese.
Independente de onde surgiram os pensamentos sobre a “mulher ideal”, conforme a Bíblia, sabemos que foram de inspiração divina. O Espírito Santo é o autor das Escrituras.
(Foto: Piqsels)
Vamos ao contexto
Como a mulher era vista nos tempos bíblicos? Embora muitos enquadrem a mulher dentro de um cenário machista, usando a Bíblia para dizer isso, o que vemos é que elas exerciam influência em várias áreas, mesmo dentro do contexto do Antigo Testamento.
Comparar a liberdade das mulheres de hoje com as mulheres dos tempos bíblicos é algo que exige muita prudência. Primeiro, porque os relatos bíblicos são de um contexto oriental, e nós, vivemos num contexto ocidental. E, segundo, porque até os dias de hoje dependemos da cultura para fazer essa análise.
Em pleno século 21, enquanto as mulheres ocidentais lutam por direitos iguais e empoderamento, paralelamente, as orientais lutam por direitos muito mais básicos. As sauditas, por exemplo, lutam pelo direito de dirigir um carro, abrir uma conta bancária e viajar para o exterior.
Então, não é uma questão de comparar os tempos bíblicos com os tempos de hoje, mas de considerar as imposições de cada cultura, nação e religião.
Não é a Bíblia e nem o cristianismo que impõem regras limitantes às mulheres, mas os próprios homens e seus governos, de todos os tempos.
A Bíblia, ao contrário do que muitos pensam, sempre valorizou a mulher e a colocou numa posição de honra, fazendo justiça entre os gêneros “homem e mulher”.
A própria lei mosaica garantia que os direitos às mulheres fossem respeitados, mas o judaísmo — influenciado pela cultura grega — passou a discriminar as mulheres, tratando-as como inferiores.
Logo, dizer que é a Bíblia que possui um conteúdo machista é um mito que precisa ser derrubado. E não é uma questão de apontar para a “mulher empoderada”, conforme explica a pastora Helena Tannure, mas de buscar um posicionamento conforme os planos de Deus.
A influência da mulher
Estudos etnográficos — aspectos sociais e culturais — e arqueológicos comprovam o que a Bíblia diz. É verdade que a mulher influenciava muito além da esfera doméstica, no Antigo Oriente. Ela era respeitada como autoridade dentro e fora de casa.
Relatos bíblicos mostram a mulher participando da agricultura, no processamento dos grãos e na produção dos pães. O que mudou essa realidade foi a modernização após o período helenístico, quando as ferramentas manuais foram substituídas por moinhos movidos por animais.
Depois que os pães passaram a ser produzidos fora de casa, em padarias especializadas, as mulheres foram rejeitadas pela sociedade daquela época — afastadas da produção e, automaticamente, da economia dentro dessa área.
O mesmo aconteceu com a tecelagem, que era uma atividade feminina de alto valor econômico e que foi substituída com a invenção tecnológica do tear duplo e as máquinas.
Entre vários outros exemplos bíblicos, temos a mulher participando de transações econômicas, políticas e até do poder religioso. Rainhas são citadas, compositoras como no caso de Ana e até uma juíza, Débora.
Reprodução Internet
Características da mulher virtuosa
De acordo com o livro de Provérbios, capítulo 31, a mulher virtuosa é:
Preciosa — não é possível medir seu valor dentro dos padrões humanos. Ela conhece a si mesma e cresce constantemente em graça e conhecimento.
Confiável — uma pessoa digna de receber confiança , sincera e leal, antes de tudo. Comunica-se com transparência, tem organização, discernimento, paciência e perseverança.
Abençoadora — faz bem aos outros, preocupa-se com as pessoas ao seu redor e tem a alma próspera.
Trabalhadora, administradora — se levanta cedo e dorme tarde; administra todas as coisas ao mesmo tempo, é ativa e coloca seus talentos em prática pelo bem de todos.
Visionária — faz negócios, é empreendedora e econômica, vai para diversos lugares, acredita em seus sonhos e realiza.
Previdente — antecipa soluções, ou seja, não espera o problema chegar.
Segura — não é uma mulher ansiosa. Ela sorri diante do futuro.
Generosa — pensa nos aflitos e necessitados, é sensível aos problemas dos outros. A generosidade vai além da doação em dinheiro, vai até ao ponto de doar tempo e talento.
Elegante — cuida do corpo, das roupas que veste e dos acessórios que usa.
Educadora — fala com sabedoria e ensina com amor. Ela interpreta a vida com os olhos de Deus e repassa esses valores aos filhos, sendo exemplo e influenciando primeiro dentro do próprio lar.
Piedosa — tem relacionamento com Deus, é temente ao Criador.
Equilibrada — tem domínio próprio, é mansa e tranquila.
Exemplar — digna de elogios, pelo que é, e pelo que faz. Digna de ser seguida e aprovada por Deus.
Como disse o pastor e conferencista Hernandes Dias Lopes: “Mais importante do que ser aplaudida na terra, é ser aprovada no céu”.
O pastor cita uma poesia de Victor Hugo, um romancista francês que ficou conhecido mundialmente por poetizar a vida e lutar pelos direitos humanos, atuando inclusive na esfera política.
Mulheres cantavam e tocavam instrumentos musicais. Resumindo, o papel da mulher nos tempos do Antigo Testamento parece ser bem diferente do retrato imaginado nos dias de hoje sobre aquele período.
Poeta e dramaturgo francês, Victor Hugo. (Reprodução Le Parisien)
O Homem e a Mulher
O homem é a mais elevada das criaturas.
A mulher é o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono; para a mulher um altar.
O trono exalta; o altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher o coração.
O cérebro produz a luz, o coração produz o amor.
A luz fecunda; o amor ressuscita.
O homem é o gênio; a mulher é o anjo.
O gênio é imensurável; o anjo indefinível.
A aspiração do homem é a suprema glória.
A aspiração da mulher é a virtude extrema.
A glória traduz grandeza; a virtude traduz divindade.
O homem tem a supremacia; a mulher tem a preferência.
A supremacia representa força e a preferência representa o direito.
O homem é forte pela razão; a mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence; as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos; a mulher de todos os martírios.
O heroísmo enobrece; os martírios sublimam.
O homem é o código; a mulher o Evangelho.
O código corrige; o Evangelho aperfeiçoa.
O homem é a águia que voa; a mulher o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço; cantar é conquistar a alma.
O homem tem um fanal: a consciência.
A mulher tem uma estrela: a esperança.
O fanal guia, a esperança salva.
O homem está colocado onde termina a terra;
A mulher onde começa o céu.
Conclusão
De acordo com a literatura bíblica, a mulher é vista como alguém feita à imagem e semelhança de Deus, que tem dignidade própria e que é igual ao homem em termos de essência.
A Bíblia mostra mulheres que fizeram coisas extraordinárias e que foram elogiadas pelos seus feitos. E, mesmo que determinados textos reflitam os problemas de sua época, isso não pode tirar o brilho de Deus derramado sobre as mulheres.
Mesmo que, historicamente, a mulher tenha sido desprezada ou idealizada, biblicamente ela foi exaltada e valorizada. Portanto, deixe de lado os pensamentos fora de foco e entenda a mulher aos olhos do Criador. Ela é preciosa, ela tem valor!
“Reveste-se de força e dignidade; sorri diante do futuro.” (Provérbios 31.25)
E esse foi o estudo desta semana. Espero ter tirado sua dúvida e também colaborado para seu crescimento espiritual. Beijo no coração e até a próxima, se Deus quiser!
Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico, na organização de ideias e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.
*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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