Samuel: O perigo de não fazer discípulos

Série Reflexões.

Fonte: Atualizado: quinta-feira, 12 de setembro de 2024 às 17:27
(Ilustração: Seaart)
(Ilustração: Seaart)

Vamos caminhar pela trilha do discipulado. No livro de Samuel aprendemos sobre a importância do discipulado e o quanto a ausência dessa prática pode comprometer as futuras gerações.

Vamos ao contexto do livro do 1º livro de Samuel

Durante a leitura, é fácil entender que Saul foi uma escolha do povo com a permissão de Deus, mas que não era essa a vontade Dele para Israel. Através de Davi, o povo teria um governo teocrático, ou seja, o país estaria sob um sistema submisso às leis do Criador.

Mas o povo se apressou e exigiu um rei a Samuel. O profeta e sacerdote ficou contrariado, já que o povo disse claramente que queria ser como as outras nações: “Queremos ter um rei para nos governar, para nos dirigir na guerra e lutar em nossas batalhas”.

Deus disse, então, para Samuel fazer o que o povo queria e um rei foi levantado conforme a vontade dos hebreus. Saul começou a reinar.

Por que o povo teve pressa?

Antes de apontar para o pecado do povo que rejeitou a Deus, vale lembrar que a situação era muito ruim. Samuel já era velho e seus filhos, que seriam seus sucessores no sacerdócio, eram corruptos e gananciosos. Conforme a Bíblia, Joel e Abias aceitavam suborno e pervertiam a justiça.

As autoridades de Israel se reuniram para falar sobre a gravidade da situação e deixaram claro que os filhos de Samuel não seguiam os mesmos caminhos. Foi por esse motivo que os israelitas pediram um rei, já que não havia um substituto para Samuel. Nas mãos de Joel e Abias, Israel mergulharia no caos político.

Necessidade do discipulado

O que podemos concluir, a partir do texto bíblico, é que, da mesma forma que Eli não foi bem sucedido em discipular seus filhos, Samuel também não foi. Segundo as Escrituras, os filhos de Eli — Hofni e Fineias — eram ímpios e não se importavam com Deus. Os filhos de Samuel também não seguiram os caminhos do Senhor.

Sendo juízes, sacerdotes e profetas em Israel, nenhum dos dois soube fazer discípulos. Seus filhos biológicos não foram adequadamente treinados para suceder os pais. Eli, ao menos discipulou Samuel.

Mas Eli representa uma geração morta espiritualmente e um sacerdócio falido que desonrou a Aliança feita com Deus. Seus filhos foram desobedientes e corruptos, e ficaram conhecidos como ‘filhos de Belial’. Apesar de terem crescido no templo, não passavam de religiosos.

Samuel representa a geração que traz a Arca de volta, ou seja, que busca a presença de Deus. É também a geração que vence os inimigos e obedece às leis divinas, destronando sacerdotes infieis.

Infelizmente, por não ter discipulado bem os filhos, o sacerdócio de Samuel não foi passado a eles e isso desencadeou no caos social e religioso, fazendo com que o povo clamasse por um rei, levantando Saul e tendo de suportar décadas de desobediência e exploração.

Deus havia prometido um rei a Israel, mas era necessário aguardar o tempo certo. O povo, porém, tinha pressa e, além disso, tinha a motivação errada.

Um Reino de sacerdotes

Depois de Saul veio Davi, um homem segundo o coração de Deus. Da geração de Davi veio Jesus, o nosso Salvador. O plano de Deus é que todos sejamos sacerdotes, ou seja, filhos que têm acesso direto a Ele. Por esse motivo, temos que fazer discípulos.

“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. (1 Pe 2.9)

O caminho para a presença de Deus está aberto, não precisamos mais ‘terceirizar’ a nossa fé, como nos tempos antigos através de profetas, juízes, sacerdotes ou reis.

Nós temos Jesus!

“Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que adentrou os céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos com toda a firmeza à fé que professamos, pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Assim sendo, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade”. (Hebreus 4.14-16)

E essa foi a reflexão de hoje. Espero ter tirado sua dúvida e também colaborado para seu crescimento espiritual. Beijo no coração e até a próxima, se Deus quiser!

 

Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico, na organização de ideias e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.

*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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