Os pentecostais e o Sola Gratia

No Novo Testamento, a revelação máxima da graça de Deus se manifestou na pessoa do Senhor Jesus Cristo.

Fonte: Guiame, Ediudson FontesAtualizado: terça-feira, 3 de dezembro de 2024 às 18:04
(Foto:  Pexels/Luis Quintero)
(Foto: Pexels/Luis Quintero)

Uma das principais doutrinas bíblicas foi o destaque no desenvolvimento da teologia dos reformadores. A reação dos reformadores ocorreu porque a Igreja da época deturpava o entendimento sobre salvação e perdão dos pecados.

Segundo Cairns, "a importância do dinheiro e o fato de que livrava aquele que o pagasse da pena do pecado" (CAIRNS, 2008, p. 256). Essa atitude de usar o sagrado para ganhar dinheiro foi denunciada pelos escritos de Lutero.

O que é graça? Vine a define como "doador, a disposição graciosa ou amigável da qual procede o ato benevolente" (VINE, 2017, p. 83). A graça de Deus sempre esteve presente nas narrativas bíblicas. Desde a criação do mundo e dos seres humanos, passando pela queda de Adão e Eva, na vida de Noé, na chamada de Abraão, na liderança de Moisés e em outros personagens e acontecimentos no Antigo Testamento, a graça sempre esteve presente.

No Novo Testamento, a revelação máxima da graça de Deus se manifestou na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Esse foi o lema da teologia dos reformadores: enfatizar a graça de Deus para os pecadores afastados de Deus. Sem ela, ninguém consegue obter a salvação (Efésios 2:8).

Os pentecostais, como herdeiros da Reforma Protestante, creem e ensinam que somos salvos mediante a graça de Deus. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus ensina que "o Pai enviou o seu amado Filho Jesus Cristo para morrer em nosso lugar, providenciando-nos uma salvação eterna, completa e eficaz" (CGADB, 2017, p. 110). A morte do Senhor Jesus é uma demonstração da graça de Deus. Sem ela, ninguém conseguiria obter o perdão de seus pecados.

O plano de Deus é perfeito e harmônico em Seus propósitos. O teólogo Walter Brunelli afirma que "o plano divino para a salvação é fruto da graça de Deus" (BRUNELLI, 2016, p. 241). O pecado da humanidade não pegou Deus de surpresa. Ele já tinha um plano determinado para a humanidade: a salvação mediante Jesus Cristo (João 3:16).

A necessidade de falarmos sobre a doutrina da graça é grande em nossos dias. Práticas como as "indulgências" estão presentes no meio evangélico brasileiro, como a venda de objetos para obter "bênçãos", como rosa ungida, vassoura de fogo e outros elementos. Isso não representa o ensino bíblico e teológico que os apóstolos nos deixaram. A manipulação de líderes que pressionam as pessoas a "barganhar com Deus" por meio de dízimos e ofertas, com a promessa de sucesso na vida financeira, é uma triste realidade que envergonha a mensagem de Jesus na sociedade.

Ainda em nossos dias, temos Igrejas que "zelam" pela "sã doutrina" (o legalismo), com o objetivo de viver uma "santidade pura". No entanto, na prática, isso está mais próximo do farisaísmo do que da verdadeira vida de santidade. O Evangelho de Cristo Jesus não é um fardo, mas é leve!

Que a graça de Deus continue salvando e libertando vidas para a glória de Deus. A maravilhosa graça não está engessada; ela é sobrenatural, porque nosso Pai é o Deus da vida. O Senhor Jesus Cristo ressuscitou para nos oferecer vida. O Espírito Santo é o doador da vida, da mesma essência do Pai e do Filho. Ele trabalha no Corpo de Cristo para que tenhamos uma vida espiritual sólida. Aos não salvos, o Espírito Santo age em suas vidas para que recebam a vida abundante pela graça de Deus!

Referências Bibliográficas:

BRUNELLI, Walter. Teologia para Pentecostais: Uma Teologia Sistemática Expandida. Volume 3. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2016.

CAIRNS, Earl E. O Cristianismo Através dos Séculos. São Paulo: Vida Nova, 2008.

CGADB. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

VINE, W. E.; UNGER, Merrill F.; WITHER, William. Dicionário Vine: O Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.

 

Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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