Ediudson Fontes

Ediudson Fontes

Pastor auxiliar da Assembleia de Deus Ministério Cidade Santa no RJ. Bacharel pela Fateos. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática pela Fateos. Professor de Teologia, escritor e consultor teológico. Autor de “Panorama da T

Pentecostalismo e missões: Uma chama que se espalha pelo mundo

A força missionária do pentecostalismo está também na simplicidade de sua comunicação.

Fonte: Guiame, Ediudson FontesAtualizado: terça-feira, 16 de setembro de 2025 às 15:46
(Foto: Pixabay)
(Foto: Pixabay)

O pentecostalismo, desde suas origens no início do século XX, sempre esteve intrinsecamente ligado ao ímpeto missionário. O movimento que emergiu em Los Angeles, a partir dos eventos da Rua Azusa em 1906, não se limitou a uma experiência religiosa localizada, mas se entendeu como uma obra do Espírito Santo com alcance universal. Essa consciência moldou a identidade pentecostal, conferindo-lhe uma vocação evangelizadora que ultrapassou fronteiras geográficas, culturais e sociais.

A vocação missionária como identidade pentecostal

Segundo Robert Menzies, o pentecostal é o “cristão que crê que o livro de Atos fornece um modelo para a igreja contemporânea e, nesta base, incentiva todos os crentes a experimentar o batismo no Espírito (At 2.4), entendido como capacitação para a missão, distinto da regeneração, que é marcado por falar em línguas, e afirma que ‘sinais e maravilhas’, inclusive todos os dons mencionados em 1 Coríntios 12.8-10, devem caracterizar a vida da igreja hoje” (MENZIES, 2016, p. 16).

Essa definição evidencia a íntima relação entre a experiência do Espírito e a missão. O batismo no Espírito Santo não é visto apenas como fortalecimento individual, mas como impulso missionário, um chamado para testemunhar Cristo de forma ativa. Essa convicção levou comunidades modestas, compostas por pessoas de origem simples, a enviarem missionários ao mundo sem estruturas eclesiásticas robustas, mas sustentados pela fé e pela expectativa da volta iminente de Cristo.

Missões e expansão global

Exemplos concretos ilustram esse movimento. No Brasil, a chegada de Gunnar Vingren e Daniel Berg em Belém do Pará, em 1910, marca o início da Assembleia de Deus, hoje a maior denominação pentecostal do país. A história se repete em outros contextos: homens e mulheres deixaram suas pátrias, movidos por convicções escatológicas e pela crença de que o Espírito Santo guiava cada passo. Assim, o pentecostalismo se difundiu de forma notável, alcançando territórios e povos pouco evangelizados pelas tradições cristãs históricas.

Força evangelizadora e adaptação cultural

A força missionária do pentecostalismo está também na simplicidade de sua comunicação. O culto vibrante, a oralidade acessível e a ênfase no poder de Deus fazem com que sua mensagem seja compreendida em diferentes culturas. Essa capacidade de adaptação tornou o pentecostalismo particularmente relevante em contextos de vulnerabilidade social, nos quais a esperança de transformação espiritual e material é acolhida de maneira intensa.

Desafios contemporâneos da missão pentecostal

O século XXI, porém, impõe novos desafios ao movimento. Destacam-se, entre eles:

O perigo do triunfalismo, que pode reduzir o evangelho a uma promessa de prosperidade individual.

A necessidade de diálogo com a sociedade plural e com outras tradições cristãs, sem perder a identidade pentecostal.

A urgência de integrar a proclamação evangelística à prática da justiça social, reafirmando que a espiritualidade pentecostal não é evasiva, mas comprometida com a vida em sua totalidade.

Uma chama que permanece

Mais de um século após Azusa, o pentecostalismo mantém-se como um dos movimentos cristãos de maior crescimento no mundo, especialmente no Sul Global. Sua vitalidade missionária não está apenas nos números de adeptos, mas na convicção de que cada crente, cheio do Espírito Santo, é chamado a ser testemunha viva do Evangelho.

O futuro da missão pentecostal dependerá de sua fidelidade às origens: conservar a centralidade da cruz, manter viva a chama do Espírito e sustentar a esperança na vinda de Cristo. Essa tríplice fidelidade garantirá que o pentecostalismo continue sendo, acima de tudo, um movimento missionário.

Referência bibliográfica:

MENZIES, Robert. Pentecostes – Essa história é a nossa história. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

 

Ediudson Fontes (@ediudsonfontes) é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência da Religião. Cursando Mestrado em Teologia Sistemática Pastoral na PUC-RJ. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Charles Finney: O “pré-pentecostal” que preparou o caminho para o avivamento

 

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