Friozinho chegou. Estou no Sudeste, sei que em outras regiões o que chegou foi um friozão! O clima, independentemente do quão frio esteja, pede um bom chá. Pelo menos para mim. Particularmente, gosto de um chá covarde, não me venha com aquele chá corajoso, até engana, mas dispenso.
Deixa eu explicar. Corajoso é aquele chá que vem sozinho, te servem numa xícara, você toma e fim. Já o chá covarde é outra história, ele vem muito bem acompanhado, diria que ele vem de turma! Vem torradas, geleias, manteigas, patês, bolachas, pães, queijos, biscoitos, bolinhos de chuva, bolos de fubá, cenoura, chocolate. Nem é preciso pensar muito para se saber qual chá é melhor.
Mas o chá covarde tem vantagens ainda melhores que as dos acompanhamentos gastronômicos. Ele traz consigo a companhia de amigos. Degustar todos os itens do parágrafo acima requer tempo, não se pode comer com pressa. Existem coisas que precisam uma certa apreciação para se saborear com calma. Ou seja, todas as delícias precisam ser acompanhadas por um bom papo regado a boas risadas e uma saudável troca de ideias e opiniões.
Chamo isso de comunhão. A boa koinonia de compartilhar e participar, de estar junto, de ter prazer e encontrar felicidade nas pequenas coisas que se tem em comum. São essas práticas tão simples que esses tempos acelerados roubam da gente. Então perdemos o hábito de convidar e sermos convidados, aos poucos o afastamento de irmãos e amigos vai ficando cada vez maior e, devagarzinho, a gente vai esquecendo como momentos assim podem ser abençoadores.
Friozinho chegou. Que tal chegar mais perto da fogueira? Que tal se aquecer ao lado das boas amizades? Que tal programar pausas para alargar o espaço da comunhão tão bem aconselhada por Cristo no evangelho de João? Podemos e devemos ser melhores. Com pouco podemos fazer muito. Pois são em cenários assim que emprestamos nossos ouvidos, nossa atenção e nosso coração para os outros falarem. Milagres continuam acontecendo ao redor das mesas onde os santos se reúnem.
Ainda temos água. Ainda temos fogo. Ainda temos chá. Agora é só misturar tudo com equilíbrio. Resta apenas planejar a agenda, dedicar um tempo, se dispor a servir e temperar tudo com amor. Você vai ver como vale a pena receber sorrisos agradecidos, quanta coisa boa ainda existe pra vivermos, e tudo por causa de uma bebida e alguns quitutes cheios de simplicidade, porém recheados com o poder contido na sincera comunhão. Aceita um chá?
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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