Se tivermos de escolher entre Judas e Pedro, a esmagadora maioria, sem qualquer dúvida, escolherá Pedro. Judas andou com Jesus, aprendeu de Jesus, comeu à mesa com Jesus, viveu e experimentou o amor diretamente do próprio Jesus, tudo isso torna sua traição ainda mais terrível, impensável, intragável. Pedro, por outro lado, é o cara do temperamento forte, intempestivo, adrenalina e emoção são garantidos em suas ações e palavras, mas ele é o cara que negou seu Mestre.
Se preferimos Pedro, e preferimos, também devemos nos lembrar que em muitas situações ameaçadoras, como aquela que o apóstolo enfrentou na véspera da crucificação, também partimos para a negação. Negamos a Cristo socialmente, politicamente, tudo para não nos queimarmos, não nos comprometermos, não magoarmos as sensibilidades de determinados grupos.
E nestes tempos nos quais o famigerado “politicamente correto” invadiu quase todos os espaços, muitos vão negando a Cristo sem qualquer drama no coração ou na consciência, esquecendo-se das cristalinas palavras de Cristo em Mateus 10:32-33, “Quem, pois, me confessar diante dos homens, eu também o confessarei diante do meu Pai que está nos céus. Mas aquele que me negar diante dos homens, eu também o negarei diante do meu Pai que está nos céus.”
E o que seria confessar ou negar a Cristo diante dos homens nos contextos que vivemos? Seria exatamente declarar o porquê obedecemos a Cristo, o porquê que O obedecer é a mais profunda forma de O amar e O adorar. São nessas situações críticas, delicadas, limites, que muitos têm que decidir, falar ou calar?
Bruna Karla decidiu, falou. Graças a Deus. Falou da sua fé, da vontade do Deus soberano declarada na Palavra revelada a nós. A ninguém ofendeu, a ninguém atacou, a ninguém faltou com o respeito, mas simplesmente exerceu seu livre direito de pensar, ser fiel a sua consciência, ser fiel ao seu Deus, e... falar.
Por conta disso, um batalhão, inclusive entre os crentes, infelizmente, se posicionaram contra. Este fato, por si só, escancara o que prega a teologia liberal e progressista que entrou nas muitas igrejas. Ela só disse o óbvio, manifestou sua posição em relação ao que compreende do texto bíblico, então uma chuva de críticas desabou sobre ela. Mas, graças a Deus, uma chuva ainda maior de apoio foi ao encontro dela.
Falar ou calar? São tempos difíceis. Não pense que tal dilema ficará somente para gente famosa. Todos nós seremos chamados, nas mais diversas situações a declararmos nossa fé. Vamos negar? Vamos nos envergonhar? Vamos temer? Ou vamos falar? A questão é: existir interpretações contrárias à da Bruna, ok. Mas fazer da discussão uma pauta, uma militância, um cancelamento, tudo transformado em ataques descabidos, não dá.
Protestantes protestam, debatem, estudam, ok, mas tudo dentre do que sempre deveria ser, um debate de visões, ideias e, aquilo que se pede e se exige o tempo todo, respeito. Só nós temos que respeitar a posição dos demais? E a nossa posição que atravessa milênios, esta sociedade não precisa respeitar? Maranata!
Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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