Já corri na chuva com meus amigos de colégio. Já joguei bola no terrão. Já saboreei manga docinha, sentado num dos galhos de uma gigantesca mangueira, não me lembro quantas, mas passou de uma dezena na época. Já galopei num cavalo, sentindo a estimulante força do vento contra o rosto. Já brinquei até cansar com todos os bonequinhos do Forte Apache. Já...
Eu poderia ampliar a lista do parágrafo acima, mas não é necessário, os itens que escrevi falam do tempo da minha infância, e são suficientes pra você entender qual é a expressão de liberdade que falo neste texto: sorriso. Sim, a grande marca de tudo que fiz repetidas vezes sempre foi o sorriso. Muitos. Fartos. Saudáveis. Sorrisos que eram verdadeiras vitaminas para o coração e também para o cérebro.
Existem outras expressões que anunciam a liberdade que se vive. Eu escolhi como a principal o sorriso. Porque sorriso indica felicidade, realização, voluntariedade, respeito, vida. Sorriso é resultado de satisfação com algo ou alguém. Sorriso contagia quem está a nossa volta com sentimentos positivos. Sorriso traz leveza ao coração. Sorriso estimula a esperança. Quem se expressa sorrindo acaba por expressar a liberdade de atos, afetos, escolhas.
Isso tudo é poesia que escrevemos ao longo da vida. Mas existe um outro poema, primo irmão deste, que atende pelo invertido nome: Liberdade de expressão. Parece que aqui já faz tempo que nossa nação, bem como nosso mundo, atravessa uma série crise epidêmica. Afinal, os poderosos desta terra definiram que só é liberdade de expressão aquelas falas, ideias e conceitos que com eles concordem, passou disso, é ofensa, é crime, é motivo de cancelamento e perseguição.
Quando isso acontece a liberdade de expressão deixa de ser “liberdade” e, como expressão, manifesta apenas tristeza, medo, preocupação, dúvida, tensão, ou seja, menos sorriso. Tanto para quem protagoniza expressões de liberdade, como para quem tem garantida sua liberdade de expressão, sorriso sempre será o resultado. Ter direito a sorrir, seria pedir demais?
Mas tem gente que abusa do seu direito, tem gente que calunia, que mente, que inventa, que destrói. Sim, tem. Pra essa gente já existem leis para serem aplicadas. Porém uma maioria não pode ser violada e roubada em seus direitos por conta de minorias de todos os lados e recortes, que tentam atrapalhar a vida e o bem viver.
O Magnificat de Maria traduz de forma grandiosa os sorrisos que tomaram conta do seu coração nas suas expressões de liberdade, ao saber que seria mãe do Filho de Deus. Aquele pai do evangelho pôde exercitar sua liberdade de expressão ao ser perguntado por Cristo se ele era capaz de crer: “Eu posso crer, Senhor, mas ajuda na minha incredulidade!” Incrível, em ambas as situações, com anjo falando a Maria, Jesus falando ao homem, plena liberdade, crendo ou não, discordando ou não.
Choro. E muito. Sofro. E muito. Luto. E muito. Porém continuarei sorrindo independente das circunstâncias, pois sei que o sorriso, nesses tempos tão difíceis, é um milagre que vem dEle. E aí, pra você, qual sua grande marca que define “expressões de liberdade” e “liberdade de expressão”? Para mim, é o sorriso. E para você?
Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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